Caritas de Angola e o oportunismo jornalístico
Quando esteve em Portugal, durante a visita de Estado, o Presidente da República dirigiu-se também à comunicação social, em conferência de imprensa, em que jornalistas de vários órgãos de comunicação, nacionais e internacionais, colocaram perguntas sobre as relações bilaterais, entre Angola e Portugal, e sobre a situação angolana.
Numa das intervenções, uma jornalista, baseando-se em informações divulgadas pela Caritas de Angola, começou por avançar que de acordo com aquela instituição da Igreja Católica alegadamente “estão a morrer mais angolanos por falta de assistência médica do que durante a guerra”. Tratou-se, no mínimo, de uma provocação da referida jornalista, prontamente desmentida pelo Chefe de Estado e que, como se pode provar facilmente hoje, é completamente desonesto fazer qualquer tipo de afirmações neste sentido. Todo o mundo sabe da dimensão, em termos de fatalidade e destruição, provocada pela guerra que Angola viveu, particularmente o conflito pós eleitoral, de 1992 a 2002.
Em todo o caso, a profissional de comunicação que fez a referida pergunta pôde ter-se baseado em dados ou informações fornecidas pela Caritas de Angola que em condições normais deve fazer prova do que lhe foi imputado. Que pesquisa, investigação ou estudos fez a Caritas de Angola, em que período nesta fase de paz e quando tornou público essa informação estatística, cuja eventual veracidade serviria para rápida tomada de medidas por parte das autoridades angolanas?
A Caritas de Angola, citada na conferência de imprensa como a fonte, pode ter os seus critérios e a sua metodologia de trabalho que, como a jornalista acredita, levaram-na a concluir que em Angola supostamente “estão a morrer mais angolanos por falta de assistência médica do que durante a guerra”. Podemos até dar o benefício da dúvida, mas cabe à Caritas de Angola fazer prova do que lhe foi imputado, vindo a público confirmar as referidas informações. Ou, como mais facilmente recomendam todas as leituras da actual conjuntura vivida em Angola, vir a público para demarcar-se de tais afirmações, desmentindo-as por completo. Com estas linhas está lançado o repto à Caritas de Angola para que venha desmentir o que a jornalista atribuiu a esta organização afecta à Igreja Católica. Como disse o Presidente da República, em resposta à pergunta feita pela jornalista, todos os angolanos não estão ainda satisfeitos com o estado de assistência às populações porque há ainda um grande trabalho a fazer.
Nisto, estamos todos de acordo, que Angola precisa de fazer ainda um grande esforço e investimento em vários domínios, particularmente no sector da Saúde. Mas insistimos que a Caritas de Angola precisa de provar as afirmações que lhe foram atribuídas, embora seja mais provável que estejamos perante um oportunismo em jornalismo.