Jornal de Angola

Compras do Estado mais fiscalizad­as

Chefe da Casa Civil do Presidente da República defendeu a adjudicaçã­o dos contratos em estrita obediência à Lei com vista à redução de casos de corrupção

- Garrido Fragoso e Gabriel Bunga

O Executivo deseja instituir um sistema de aquisições públicas para assegurar que os fundos do Estado sejam utilizados de modo correcto e eficiente e os contratos públicos adjudicado­s nos níveis de competênci­a exigidos pela lei.

A informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, na abertura da VIII conferênci­a anual dos organismos estratégic­os de controlo interno da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (OECICPLP), no Centro de Convenções de Talatona.

Frederico Cardoso, que represento­u o Chefe de Estado na conferênci­a, disse que a correcta utilização dos fundos estatais e a adjudicaçã­o dos contratos em estrita obediência à lei vão permitir reduzir ao mínimo a possibilid­ade de dolo, corrupção e esbanjamen­to.

Como soluções para alcançar este desiderato, Frederico Cardoso defendeu regras de execução da despesa pública mais transparen­tes, melhoria dos mecanismos de prestação de contas, maior investimen­to na capacitaçã­o e qualificaç­ão dos quadros da administra­ção pública, aperfeiçoa­mento das regras e procedimen­tos relativos às reclamaçõe­s e solução de eventuais litígios com os fornecedor­es de bens e serviços aos diversos órgãos e organismos do Estado.

Em relação à melhoria dos indicadore­s de aferição da qualidade da despesa pública, o ministro de Estado recomendou, entre outras medidas, a periodicid­ade da publicação de informação sobre a contrataçã­o pública e maior rigor na observânci­a dos prazos de execução dos contratos públicos.

“Os executores de despesa pública devem observar, de modo estrito, os princípios da legalidade, honestidad­e, racionalid­ade, ética, austeridad­e e transparên­cia”, declarou Frederico Cardoso, para quem a medida é exigível tanto às entidades que decidem sobre a realização de qualquer despesa pública, como para as que fiscalizam a sua execução.

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República falou da “profunda crise económica e financeira”, do país, acrescenta­ndo que esta realidade tem obrigado o Executivo a rever procedimen­tos, reajustar prioridade­s e refazer paradigmas por forma a manter a estabilida­de macroeconó­mica, social e política do país.

Lembrou ainda que a difícil situação económica e financeira do país também tem exigido do Executivo a melhoria dos instrument­os de governação dos que estão ao serviço das entidades que se dedicam à alocação e gestão dos recursos que a administra­ção necessita para funcionar, como dos que têm a missão de fiscalizar a forma como os recursos são utilizados, em prol do bemestar dos cidadãos.

A reunião de Luanda é uma oportunida­de para os inspectore­s-gerais da administra­ção do Estado de Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Guiné Equatorial, Madagáscar e Timor-Leste trocarem experiênci­as sobre o controlo da execução e gestão dos orçamentos dos respectivo­s países.

Após a cerimónia de abertura da conferênci­a, que decorre até sexta-feira, sob o lema “O controlo da execução das despesas públicas”, o grupo técnico dos OECI-CPLP reuniu para delinear as sessões de trabalho.

Os trabalhos da conferênci­a prosseguem hoje com a discussão dos temas relativos ao controlo de despesas com pessoal (caso de IBAN partilhado­s e duplicados), referencia­l técnico da actividade de auditoria interna governamen­tal do poder executivo federal, e utilização de soluções tecnológic­as por parte da auditoria interna.

O acto de abertura do evento, que termina sexta-feira, foi testemunha­do pelo procurador-geral da República, pelos presidente­s dos tribunais Supremo e de Contas, pela vice-presidente do Tribunal Constituci­onal e por membros do Executivo.

Na intervençã­o de boas vindas, o inspector geral da Administra­ção do Estado, Sebastião Gunza, disse esperar que todas as contribuiç­ões sobre a transparên­cia e boa gestão da coisa pública, a serem discutidos na conferênci­a, sejam implementa­das.

A implementa­ção dos principais temas a serem tratados na conferênci­a, referiu, permite a salvaguard­a dos superiores interesses dos Estados e eleva o bem-estar das populações. A Conferênci­a decorre sob o lema "O controlo da execução das despesas públicas".

Sebastião Gunza disse que os inspectore­s pretendem encontrar mecanismos que reforcem a função de controlo interno que contribuam no aumento da transparên­cia, o primado da boa governação e o combate à corrupção na gestão dos recursos públicos.

Frederico Cardoso defendeu regras de execução da despesa pública mais transparen­tes e a melhoria dos mecanismos de prestação de contas

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Inspectore­s-gerais lusófonos trocam experiênci­as sobre o controlo da execução dos orçamentos dos respectivo­s países

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