Delfim Neves lidera Parlamento e anuncia nova era na Casa das Leis
Líder parlamentar promete dedicar atenção à diáspora para que os são-tomenses no estrangeiro possam ter voz activa nas eleições, podendo eleger e serem eleitos
O presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, Delfim Santiago das Neves, acredita que uma nova era se inicia no Parlamento do país, após o quadro que marcou a instituição nos últimos anos.
“Seria escamotear a verdade, não reconhecer que, nos últimos oito anos, contrariamente ao que se esperava, a Assembleia Nacional tornou-se palco de desavenças, tira-teimas, acusações e anúncios de sentenças judiciais, como se de algum tribunal se tratasse”, esclareceu o político durante um discurso na sessão constitutiva da XI Legislatura e de investidura no cargo.
Delfim Neves disse que a estratégia adoptada por alguns actores políticos visava tão-somente enlamear a imagem de determinados adversários.
“Esta maldosa e indecorosa atitude apenas serviu para descredibilizar a Assembleia Nacional, um honorável órgão de soberania, cujo rigor e fortes tradições democráticas sempre fizeram convergir em si o respeito e a admiração de todos os santomenses”, lamentou.
Assim, espera o político que a era que agora se inaugura, seja de ruptura com os enganos do passado. Por isso, estão equivocados “aqueles que presumivelmente estejam a pensar que o actual Presidente da Assembleia Nacional irá permitir que tal prática tenha continuidade”.
Delfim Neves disse esperar, com os ensinamentos de figuras como “a Mãe da Cultura, a poetisa Alda Espírito Santo, e o humilde e sapiente Francisco Silva”, voltar a fazer da casa das Leis um palco de efectivo contraditório político, com a sonoridade, a elegância e o timbre de liberdade que dela fizeram, noutros tempos, o fórum de que tanto nos orgulhávamos.
“Constituirá, pois, minha principal missão, resgatar a dignidade da casa parlamentar e dos deputados perante a Nação e o Mundo”. Delfim Neves espera que os Deputados se respeitem e sejam respeitados, que os serviços se tornem mais dinâmicos e eficazes.
O líder do Parlamento são-tomense almeja contribuir para que o povo esteja devidamente representado na instituição. Afirma que também vai dedicar especial atenção a que a diáspora do país venha a ter voz activa nos actos eleitorais, entre os quais as eleições presidenciais e legislativas, podendo eleger e ser eleito, para que a justiça social seja verdadeiramente uma virtude em São Tomé e Príncipe.
“Mas, por mais vigorosa que seja a minha pretensão, a concretização apenas redundará em êxito se contar, desde já, e de modo geral, com a indispensável colaboração e humildade das senhoras e dos senhores deputados”, pediu o líder parlamentar.
No discurso que proferiu, Delfim Neves tem em vista a importância dos parceiros de cooperação, entre os quais se inclui Angola.
“Aos nossos parceiros de cooperação, podeis transmitir aos Governos dos vossos respectivos países, que os deputados que compõem este órgão na legislatura que hoje se inicia e os quais represento, tudo farão para que a democracia prevaleça e se consolide em São Tomé e Príncipe, que os acordos de cooperação, bem como os tratados internacionais rubricados entre os legítimos Governos, sejam, igualmente, respeitados e se reforce a cooperação parlamentar, particularmente, a nossa participação nos organismos internacionais”, referiu.
Delfim Neves vê o país “praticamente inoperativo, um povo que já se manifesta cansado”. Por isso, afirma ser necessária a união “em torno de um projecto em nome de São Tomé e Príncipe, colocando em primeiro lugar os interesses da nação, acima dos interesses particulares e de grupos”.
“Sejamos suficientemente ousados para denunciar e superar as divisões que tanto nos têm fragmentado os espíritos, juntos sejamos capazes de empreender as mudanças que toda a sociedade reclama como indispensáveis”, apelou.
Na investidura como presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, ao mesmo tempo, sessão constitutiva da XI Legislatura, na semana passada, Delfim Neves agradeceu aos líderes e aos membros das forças partidárias por apoiarem a luta pela democracia.
A maioria parlamentar em São Tomé e Príncipe é constituída pelos partidos MLSTP/PSD e a Coligação PCD/MDFM-UDD. Membros do CODO, FDC, PTS, UNDP e MS estiveram representados no acto.
“Sejamos suficientemente ousados para denunciar e superar as divisões que tanto nos têm fragmentado os espíritos, e juntos sejamos capazes de empreender as mudanças”