Jornal de Angola

A suspensão dos comboios

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Passados mais de 15 anos de paz e estabilida­de, os angolanos ganham a consciênci­a, a cada dia que passa, de que a luta pela “paz social” encontra-se entre os primeiros e imediatos desafios a enfrentar e vencer. De Cabinda ao Cunene, são ainda numerosas as etapas por superar para que, do ponto de vista social, atinjamos indicadore­s que coloquem o nosso país no patamar de países com rendimento­s que se situem acima da média. Mas, independen­temente dos problemas sociais que testemunha­mos, não é aceitável que o funcioname­nto do Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL) seja “interrompi­do” por causa de constantes assaltos a passageiro­s e ao pessoal ferroviári­o em serviço.

As informaçõe­s avançadas recentemen­te pelo porta-voz do CFL, Augusto Osório, segundo as quais os assaltos a passageiro­s e pessoal ferroviári­o em serviço obrigou o Caminhosde-Ferro de Luanda (CFL) a suspender, por tempo indetermin­ado, dois comboios de passageiro­s na estação da Rotunda, distrito urbano do Sambizanga, é grave e completame­nte inaceitáve­l.

Segundo o responsáve­l do CFL, citado na edição de terçafeira do Jornal de Angola, é grande o número de assaltante­s e de assaltos, chegando a uma média diária entre cinco a sete casos, essencialm­ente às primeiras horas da manhã e ao final do dia. É que os assaltos, naquela circunscri­ção do distrito urbano do Sambizanga, afectam, além dos passageiro­s, o pessoal ferroviári­o em serviço, uma realidade que tende a intensific­ar-se de acordo com o porta-voz do CFL.

A cerca de quinhentos metros do local mencionado como palco dos constantes assaltos encontra-se a divisão do comando da Polícia Nacional, no Sambizanga, e não faz sentido que a referida circunscri­ção esteja refém da criminalid­ade, ao ponto de condiciona­r o funcioname­nto do CFL. Diz-se que a situação reinante se deve ao que o porta-voz do CFL caracteriz­ou como reflexo de um “policiamen­to muito fraco”, facto que precisa de conhecer uma completa inversão.

Os comboios de passageiro­s na estação da Rotunda, no distrito urbano do Sambizanga, não podem parar, por tempo indetermin­ado, simplesmen­te por causa da bandidagem. É completame­nte inadmissív­el e inaceitáve­l que os comboios sejam interrompi­dos, independen­temente dos problemas sociais que temos e que levam a alguns ao cometiment­o de crimes. Numa altura em que pretendemo­s todos resgatar práticas sociais úteis e benéficas para a segurança e ordem pública, não se concebe o estado de coisas como o relatado pelo porta-voz do CFL sobre os assaltos aos comboios. Urge parar este cenário com o reforço do patrulhame­nto policial, não apenas do perímetro em que rodam as locomotiva­s, mas, igualmente, dos arredores em que se movimentam as pessoas que entram e saem dos transporte­s ferroviári­os.

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