CARTAS DOS LEITORES
Há várias semanas que as agências do Banco de Poupança e Crédito (BPC) enfrentam uma inexplicável escassez de cartões multicaixas. Esta é a razão que me leva a escrever estas linhas e falo por experiência própria porque procuro tratar o meu multicaixa não consigo, mesmo depois de passar por várias agências. Desde a do São Paulo onde tenho a minha conta domiciliada, passando pela agência da avenida Hoji ya Henda, pela dos Combatentes e não consegui encontrar uma em que fosse possível tratar o meu multicaixa. Isto há vários dias e acho que não custa nada ao banco proceder ao dever elementar de informar sobre o que se está a passar. Na agência do Fundão, localizada numa das vias que dá acesso ao Mercado dos Congolenses, para aonde me tinha dirigido por volta das 12 horas, um dos gestores deu-me a informação de que àquela hora já não era possível tratar o multicaixa. Quando lembrei-lhe de que estava ainda dentro do horário normal de trabalho, o senhor disse-me apenas que tinha que voltar no dia seguinte e às primeiras horas do dia. Continuo sem entender o que é que se está a passar com as agências do BPC, que não conseguem apetrechar-se com cartões multicaixas suficientes, nem que para o seu tratamento sobrecarregassem uma taxa aos seus clientes. Não entendo e por isso escrevi esta carta para levá-los a reagir porque, atendendo as filas nos balcões daquele banco público é simplesmente indispensável viver sem multicaixa. Termino apelando ao banco BPC para que resolva rapidamente o problema da escassez de cartões multicaixas nas suas agências espalhadas por Luanda. Ou, pelo menos, informem sobre o que se está a passar. Não custa e as boas práticas ficam bem a todo o mundo. Vivo aqui na Lunda-Sul e escrevo esta minha modesta carta para enaltecer a iniciativa do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, por causa da campanha de emissão de bilhetes de identidade de cidadãos com idades compreendidas entre os seis e os 16 anos. Pela primeira vez, esse segmento da população formado por crianças e adolescentes vai ter a possibilidade de tratar o bilhete de identidade. Trata-se de uma situação para nosso regozijo, que peca apenas por ser tardia, na medida em que já há muito se devia efectivar. Mas, em todo o caso, como diz o Livro Sagrado “há tempo para tudo na vida”. É natural que determinadas aspirações pretendemos que se efectivem já, mas a experiência demonstra que nem tudo se efectiva necessariamente no tempo em que pretendemos. Há coisas que levam tempo e precisamos de perceber essa realidade. O mais importante é que, embora a campanha tivesse um tempo estabelecido, aos encarregados que não tiveram a possibilidade de tratar os documentos dos seus filhos o poderão fazer noutros locais em que haja arquivos de identificação. E julgo que o Executivo está a trabalhar e muito bem. Penso que a bola está agora do lado do povo para que aproveite as oportunidades que o Estado cria. A constituição da cesta básica devia, em minha opinião, estar devidamente legislada para que as famílias mais vulneráveis possam estar mais protegidas. Não sei se exagero ao propor uma legislação que prevenisse a cesta básica, embora saiba que grande parte dos produtos da cesta básica seja protegida. Mas uma lei abrangeria igualmente a proibição estrita da sua reexportação, como sucede nas províncias fronteiriças com a República Democrática do Congo (RDC). É estranho que alguns produtos que fazem parte da cesta básica, a maioria importados, sejam igualmente alvo de cobiça para serem reexportados para o mercado da RDC.