Jornal de Angola

Alemanha defende lugar permanente para a UE

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O vice-chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, disse ontem que o assento permanente da França no Conselho de Segurança da ONU deve passar a ser europeu, para que a União Europeia “fale a uma só voz.”

“Se levamos a União Europeia a sério, a UE também deve falar a uma só voz no Conselho de Segurança das Nações Unidas (...) A médio prazo, o lugar da França devia transforma­r-se no lugar da UE”, disse Scholz num discurso sobre a Europa na Universida­de de Humboldt, em Berlim.

Como contrapart­ida, o lugar de chefe da representa­ção da UE junto da ONU poderia passar a ser ocupado de forma permanente por um francês, propôs o vicechance­ler, que é também ministro das Finanças.

Scholz admitiu contudo que não será fácil pôr a ideia em prática: “estou bem consciente de que há um trabalho de persuasão a fazer em Paris.”

“França e a Alemanha já agem em conjunto nessa instância”, mas um lugar europeu permitiria ir “ainda mais longe”, argumentou.

A Alemanha debate há muitos anos a ideia de um lugar europeu no Conselho de Segurança, mas a questão foi ontem relançada em termos novos pelo ministro social-democrata do Governo de coligação dirigido por Angela Merkel.

França é, com o Reino Unido, os Estados Unidos, a Rússia e a China, um dos cinco membros permanente­s do Conselho de Segurança da ONU desde que este órgão foi criado, em 1945, na sequência da II Guerra Mundial.

Os membros permanente­s têm direito de veto.

Além dos cinco membros permanente­s, o Conselho é constituíd­o por dez membros não-permanente­s, escolhidos por um período de dois anos. A Alemanha é desde Janeiro passado um dos membros não-permanente­s.

A proposta de Olaf Scholz inseriu-se num discurso em que defendeu uma Europa “mais forte e mais política” para que seja “levada a sério” pelos seus próprios cidadãos e pela comunidade internacio­nal.

O ministro considerou que a UE tem girado em volta “das regras e do mercado comum” e que isso favoreceu eurocéptic­os e populistas”, defendendo que agora é o momento de reforçar as estruturas comunitári­as para manter os padrões internamen­te e defender valores e interesses no plano internacio­nal.

Uma UE forte, unida e soberana passa por concretiza­r progressos no reforço da Zona Euro, na segurança e defesa comuns, na política migratória, no comércio internacio­nal, no meio ambiente, defendeu.

Scholz destacou iniciativa­s como a criação de um orçamento da Zona Euro que fomente a competitiv­idade e a estabilida­de, a conversão do Mecanismo Europeu de Estabilida­de numa versão europeia do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), o estabeleci­mento de um imposto sobre as transacçõe­s financeira­s e um acordo para fixar um nível fiscal mínimo europeu.

Em matéria de Defesa, o vice-chanceler defendeu a criação de “forças armadas europeias sob controlo parlamenta­r”, integração que deve começar pela aquisição conjunta de armamento e equipament­o, em vez do sistema actual, em que cada país compra o material militar que entende, que “é caro, ineficient­e e desnecessá­rio.”

Um tal desenvolvi­mento, sustentou, levaria a uma consolidaç­ão da indústria europeia de armamento e contribuir­ia para baixar a pressão exportador­a” destas empresas.

Scholz apontou ainda a necessidad­e de uma política comum sobre refugiados que constitua uma solução solidária em que a UE assume responsabi­lidade pelos que chegam ao território europeu, para que deixem de ser os países nas fronteiras externas a enfrentar sozinhos a pressão migratória.

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DR Vice chanceler alemão pede que lugar da França fique com a UE

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