Jornal de Angola

Violência contra a mulher é uma pandemia global

O coordenado­r da ONU em Angola disse que a violência contra a mulher constitui falta de respeito de quem pratica

- César Esteves

A violência contra as mulheres é uma pandemia global e, ao mesmo tempo, uma vergonha, um grave obstáculo para o desenvolvi­mento inclusivo, equitativo e sustentáve­l para as nossas sociedades, afirmou ontem, em Luanda, o coordenado­r residente das Nações Unidas em Angola.

Ao intervir na abertura da conferênci­a sobre “Violência Baseada no Género”, Paolo Balladelli disse que a violência doméstica contra a mulher constitui uma profunda falta de respeito, que deriva da incapacida­de dos homens em reconhecer­em a igualdade e a dignidade das mulheres. “Trata-se de um tema fundamenta­l de Direitos Humanos”, frisou.

No entender de Paolo Balladelli, a violência contra a mulher é um tema profundame­nte político, na medida em que se encontra relacionad­o com uma questão mais ampla de poder e de controlo na sociedade, onde o assuno é dominado pelos homens.

O coordenado­r residente das Nações Unidas em Angola deu a conhecer que o tema em causa está a ser evidenciad­o, de forma incrementa­l em todas as regiões do mundo, como um problema de grande magnitude.

O diplomata das Nações Unidas informou que, em Angola, 32 por cento das mulheres, desde os 15 anos, já foram vítimas de violência física, 8 por cento de violência sexual.

No que diz respeito à violência conjugal, continuou, cerca de 34 por cento das mulheres foram vítimas de violência física ou sexual, cometida pelo marido.

Paolo Balladelli sublinhou que nas mulheres que sofrem violência física, a partir dos 15 anos, 95 por cento foi exercida por um familiar. “A maioria foi exercida pelo parceiro actual (57 por cento), parceiro anterior (15), pela mãe (13) e pela madrasta ou padrasto (10)”, realçou.

O diplomata disse não haver dúvida de que o principal problema para o aparecimen­to da violência contra a mulher está assente na pobreza, falta de educação e de desenvolvi­mento das mulheres, aliado, também, ao alto índice de fertilidad­e que existe no país, bem como às dificuldad­es e diferença que se regista no emprego.

Para que a violência de género seja eliminada da sociedade, defende Paolo Balladelli, é fundamenta­l que se erradique, primeiro, entre outros males, a pobreza, fome, melhore a saúde, e a educação e se lute contra as desigualda­des.

A conferênci­a sobre “Violência Baseada no Género” é realizada no âmbito da campanha mundial designada “16 dias de activismo pelo fim da violência contra a mulher.”

Para que a violência de género seja eliminada da sociedade é fundamenta­l que se erradique a pobreza, a fome, que se melhore a saúde, a educação e se lute contra as desigualda­des

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MARIA AUGUSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra e secretária de Estado da Família na Conferênci­a “Violência baseada no Género”

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