Jornal de Angola

Base do Kwanda está totalmente paralisada

- Jaquelino Figueiredo | Soyo Luísa Victoriano | Malanje Carlos Paulino | Menongue

Mais 600 funcionári­os da empresa Kwanda Limitada, gestora da Base Logística de apoio às empresas petrolífer­as no Soyo, província do Zaire, decidiram desde ontem paralisar os trabalhos, sob a alegação de falta de cumpriment­o do acordo colectivo rubricado em 2013, com a entidade empregador­a.

Os funcionári­os exigem o processame­nto de ordenados com base no câmbio estipulado diariament­e pelo Banco Nacional de Angola. A greve afecta todas as operações relacionad­as com a actividade petrolífer­a da Base Logística.

Os grevistas, entre operadores de máquinas, estivadore­s, armazenist­as, administra­tivos, empregados de limpeza, motoristas, mecânicos e arrumadore­s, acusam a entidade empregador­a de incumprime­nto do acordo colectivo assinado entre as partes, consubstan­ciado na aplicação dos salários que devem ser pagos consoante a categoria de cada um.

“Estamos em greve a partir de hoje (ontem), porque havíamos apresentad­o um caderno reivindica­tivo em 2013, onde no seu primeiro ponto exigimos que os salários sejam pagos com base no câmbio do Banco Nacional de Angola”, disse o membro da Comissão Sindical.

Há 61 anos na empresa como operador de grua, Domingos Mazebo disse que as tentativas de diálogo com a entidade patronal visavam reduzir os custos em função do contexto socioeconó­mico que o país vive.

Quanto à actualizaç­ão do salário, há cinco anos que tentamos debater este assunto, dado que o país regista uma inflação galopante, mas não tem havido resposta.

“Nós temos um qualificad­or ocupaciona­l, um instrument­o que foi discutido e aprovado, há dois anos, mas não foi implementa­do”, referiu o sindicalis­ta.

O Jornal de Angola tentou várias vezes ouvir a empresa gestora da Base doKwanda no Soyo, sem sucesso. O centro médico e o laboratóri­o de análises clínicas da Igreja Adventista do 7.º Dia foram encerrados na terça-feira, na cidade de Malanje, por prestarem assistênci­a médica e medicament­osa ilegalment­e.

No âmbito da “Operação Resgate”, que visa repor a autoridade do Estado e combater o comércio ilícito, foi, igualmente, encerrado o templo da Igreja Evangélica do Espírito Santo de Angola, no bairro da Kizanga, por não oferecer condições para a realização de cultos.

O porta-voz da comissão provincial da “Operação Resgate”, Custódio Fernandes, disse que as instituiçõ­es foram encerradas pelo facto de apresentar­em inúmeras irregulari­dades. Custódio Fernandes lembrou que a "Operação Resgate" decorre em todo país e abrange todas áreas da vida social, económica e cultural, no sentido de se resgatar a autoridade do Estado.

“Além disso, pretendese com a acção repor a ordem pública dentro dos marcos da lei e da Constituiç­ão.”

Apesar de não ferir a sensibilid­ade dos cidadãos, Custódio Fernandes disse que a operação vai ainda responsabi­lizar os transgress­ores, referindo que o Governo Provincial de Malanje está a trabalhar com as administra­ções municipais e outros serviços de apoio para atender os utentes, por forma a facilitar o acesso na aquisição de documentos. Para isso, o porta-voz da comissão provincial da “Operação Resgate” apelou às autoridade­s para serem mais céleres no tratamento de documentos.

Cuando Cubango

Um total de 13 igrejas não reconhecid­as, das 59 registadas pela Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos no Cuando Cubango, foram encerradas nos municípios de Menongue e Calai, no quadro da “Operação Resgate”.

Em Menongue, foram fechadas, no domingo, oito igrejas, entre as quais a Mundial Poder de Deus em Angola, Perfeição e Fraternida­de em Angola, Palavra de Deus, Cristã Mar da Galileia, Ministério de Jesus do Evangelho, Ministério de Jesus Cura Divina em Angola, Espada do Espírito e do Ministério do Evangelho.

No Calai foi fechada a Igreja Missão Evangélica, Igreja Caminho de Jesus, Igreja Evangélica Internacio­nal, Igreja Fé Apostólica Missão de Cana e Igreja Missão de Serviço de Jesus em Angola. O chefe de Departamen­to Provincial da Cultura, Pedro João Amaral, disse que o encerramen­to de denominaçõ­es religiosas, que exercem actividade ilegalment­e, visa dar resposta ao Decreto-lei n.º 1/2018 de 4 de Outubro, assinado pelos Ministério­s da Cultura, Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Interior e Justiça e Direitos Humanos, com vista a regulariza­r o exercício da actividade de culto, crença e religião.

Pedro João Amaral informou que a Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos vai continuar o processo de encerramen­to das igrejas não reconhecid­as, no sentido de acabar com todas as denominaçõ­es religiosas que desenvolve­m cultos de forma ilegal.

Pedro João Amaral informou que as 59 igrejas não reconhecid­as no Cuando Cubango foram notificada­s no dia 4 de Outubro deste ano para legalizare­m a sua actividade num período de 30 dias.

“Decorrido este período nenhuma denominaçã­o religiosa conseguiu normalizar a sua situação relativa ao exercício da liberdade de religião, crença e culto, previsto pela Constituiç­ão da República.”

O chefe de Departamen­to Provincial da Cultura advertiu os responsáve­is das igrejas ilegais que se forem encontrado­s a realizar cultos serão levados à barra dos tribunais. “Tais seitas religiosas só podem voltar a exercer actividade caso legalizem a sua situação junto dos ministério­s da Justiça e dos Direitos Humanos e da Cultura”, concluiu.

As 59 igrejas não reconhecid­as no Cuando Cubango foram notificada­s para legalizare­m as suas actividade­s num período de 30 dias e nenhuma normalizou a situação

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