Jornal de Angola

Reservas internacio­nais baixaram 12 mil milhões

Reservas do Tesouro estavam, em Setembro de 2017, no seu nível mais baixo de uma série elevada de anos, levando o Governo a observar esforços adicionais para pagar salários e fazer investimen­tos estruturan­tes

- Cristóvão Neto

Angola perdeu, em três anos, 12 mil milhões de dólares das reservas internacio­nais líquidas, revelou ontem, em Luanda, o ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social. Em conferênci­a de imprensa dedicada ao balanço da aplicação do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica (PEM), apresentad­o ao público em Janeiro, Manuel Nunes Júnior sustentou que de 2014 a 2017 as reservas internacio­nais caíram 15 mil milhões. Só de Dezembro de 2016 ao mesmo mês de 2017, baixaram em cerca de 7,3 mil milhões de dólares, ao passar, no período de um ano, de 20,8 mil milhões para 13,5 mil milhões.

Angola perdeu 12 mil milhões de dólares das suas reservas internacio­nais líquidas em três anos, ao caírem de 27,2 mil milhões de dólares em 2014, para 15 mil milhões em 2017, revelou ontem, em Luanda, o ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social.

Manuel Nunes Júnior disse, numa conferênci­a de imprensa de balanço à aplicação do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica (PEM) no terceiro trimestre, que só de Dezembro de 2016 ao mesmo mês de 2017, as Reservas Internacio­nais Líquidas (RIL) baixaram em cerca de 7,3 mil milhões de dólares, passando, no período de um ano, de 20,8 mil milhões para 13,5 mil milhões.

As RIL estão agora situadas em 11,6 mil milhões de dólares, o que significa que, desde o início do ano, houve um decréscimo de apenas 1,9 mil milhões de dólares. O ministro alertou, para compreende­r estes números, que apesar das reservas internacio­nais serem importante­s para a credibilid­ade externa do país, não devem ser tidas como recursos do Tesouro, uma vez que não podem ser utilizadas para fazer face a gastos correntes do Estado, como o pagamento de salários.

Estes, os recursos do Tesouro, estavam no seu nível mais baixo dos últimos anos em Setembro de 2017, quando o Executivo iniciou as funções, situando-se em 6,98 mil milhões de dólares, o que compara com os 15,86 mil milhões de 2013.

O ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social notou que, com as reservas do Tesouro num nível tão baixo, o Governo teve de enfrentar uma situação caracteriz­ada por um alto endividame­nto público e fracos recursos financeiro­s, mas que, mesmo assim, foi possível garantir o pagamento dos salários da função pública, fazer investimen­tos estruturan­tes e garantir a compra dos bens e serviços essenciais para o funcioname­nto do Estado.

Escalada do défice

A perda de recursos a que a economia esteve sujeita entre 2013 e 2017, considerou Manuel Nunes Júnior, não foi acompanhad­a por uma redução proporcion­al de despesas, o que resultou em défices fiscais sistemátic­os financiado­s por meio do endividame­nto interno e externo.

O défice fiscal pulou de 3,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016, para 6,3 por cento em 2017, sendo coberto por um endividame­nto do Estado de tais dimensões, que elevou as taxas de juro internas e, em consequênc­ia, reduziu o potencial de cresciment­o económico, principalm­ente aquele que poderia ser promovido pelo sector privado, por via do crédito. O ministro anunciou que, com a aplicação das medidas fiscais contidas no PEM, o défice vai diminuir de 6,3 por cento do PIB verificado em 2017, para um excedente de 0,4 por cento este ano e de 1,5 por cento em 2019.

Referiu o comportame­nto do kwanza depois da reforma cambial aplicada em Janeiro, em que a flexibiliz­ação do câmbio - ao contrário do ajustament­o cambial ocorrido em 2016, que elevou a taxa de inflação anual para 42 por cento - tendeu a abrandar a subida do nível geral dos preços.

A inflação prevista para 2018 é de 19 por cento, a mais baixa dos últimos três anos, estimando-se uma ainda mais baixa no próximo ano, de 15 por cento. Com a reforma cambial, foram empregues 1,9 mil milhões de dólares para os bancos comerciais reduzirem os atrasados cambiais, o que permitiu eliminar uma parte destes, acumulados até Dezembro de 2017.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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