Jornal de Angola

O bem comum e os governante­s

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Um dos grandes problemas do país é a pobreza que afecta muitos milhões de angolanos. A pobreza é uma realidade dramática que atormenta muitas famílias que, em muitos casos, só podem fazer uma refeição por dia, conseguida com muito sacrifício, no quadro de uma luta pela sobrevivên­cia.

Durante vários anos não se deu a devida atenção aos principais problemas comuns das populações, mesmo em momentos em que o país tinha muitos recursos financeiro­s, provenient­es das exportaçõe­s do petróleo e dos diamantes.

Alguém entendeu dar as costas à promoção da justiça social, optando por uma acumulação de riqueza que só beneficiou a uns poucos angolanos, que acabaram por colocar dinheiros ilicitamen­te subtraídos ao Estado no estrangeir­o, promovendo o cresciment­o de economias de outros países, enquanto a maioria do povo angolano passava e continua a passar por situações de grande carência.

Quando a guerra terminou em 2002, era grande a esperança dos angolanos de viver num país em que todos poderiam beneficiar das suas riquezas. Com o passar dos anos , constatous­e que, mesmo com os elevados recursos financeiro­s que proporcion­avam a economia mineira, a miséria e as desigualda­des sociais agravavam-se, um fenómeno a que alguém chamou “paradoxo da abundância”.

Pouco depois do fim da guerra, em 2002, os governante­s de então tinham assumido o compromiss­o de promover a justiça social, mas, para a tristeza da maioria, afinal a promoção do bem comum não estava entre as prioridade­s daqueles que tinham o dever de estabelece­r políticas públicas para uma redistribu­ição justa da riqueza nacional.

A pergunta que muitos angolanos fazem com frequência é: como é possível que os angolanos estejam a viver tão mal, tendo o país imensos recursos naturais? Fomos assistindo, ao longo dos anos, ao enriquecim­ento ilícito de uma minoria de angolanos que achava que era normal servir-se dos dinheiros públicos, atirando para a pobreza extrema milhões de cidadãos.

Aqueles que detêm o poder político que emana da vontade dos eleitores, expressa nas urnas, têm o dever de cumprir o que prometem ao povo. O povo espera sempre dos governante­s eleitos uma gestão da coisa pública que vá no sentido de assegurar que todos vivam com dignidade.

Angola é de todos os angolanos e todos os angolanos têm o direito a uma vida digna. Que o actual Governo, formado depois das eleições de Agosto de 2017, continue a trabalhar em prol da melhoria das condições de vida dos mais carenciado­s.

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