PDN tem pressupostos que aumentam assimetrias
O Plano de Desenvolvimento Nacional tem pressupostos que aprofundam as assimetrias regionais, disse ontem, em Luanda, o economista Alves da Rocha, numa palestra dirigida aos membros do Comité Central do MPLA.
A palestra teve como tema “A implementação do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 e as autarquias”, enquadrada no programa da 6ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, que decorre hoje e amanhã no complexo Futungo II.
Alves da Rocha disse que a região de Luanda e Bengo concentra mais de 47 por cento de toda a indústria transformadora, ao passo que a região Leste (províncias de Malanje, Lundas Norte e Sul e Moxico) têm apenas sete por cento das empresas dedicadas à manufactura.
O também professor da Universidade Católica de Angola disse que as assimetrias regionais se aprofundam ainda mais entre as províncias do Bengo, Luanda, CuanzaSul, Benguela, Huambo e Namibe, que dispõem de 80 por cento da transformação de matérias-primas, ao passo que as demais províncias no interior vivem da agricultura de subsistência.
A província de Luanda, disse, detém um Produto Interno Bruto de 75,1 por cento de toda a produção nacional. O académico criticou a forma como foi elaborado o Plano de Desenvolvimento Nacional e que, com cerca de 700 páginas, nem ele mesmo conseguiu terminar de lê-lo, o que dificulta a sua compreensão.
Alves da Rocha reconhece que o Plano de Desenvolvimento Nacional contém todas as ferramentas para o desenvolvimento do país, mas não especifica como todos os eixos previstos vão convergir para se alcançar o almejado desenvolvimento nacional.
As assimetrias, segundo aquele economista, também são visíveis no domínio do emprego e que só Luanda concentra 76,1 por cento da taxa de emprego de todo o país.
“Evidentemente que estas desigualdades económicas diminuem o grau de resiliência às crises económicas e financeiras das províncias, aumentando o grau de exposição destas regiões aos efeitos nefastos da redução da actividade económica e contribuem para a desertificação humana destas áreas do interior”, disse.
O professor da Universidade Católica de Angola fez duras críticas às actuais políticas económicas do Executivo e da realidade económica em que a população está a viver. Disse que Angola já esteve numa situação económica melhor de 2005 a 2013 e que não sabe se um dia voltará este momento de bonança da economia angolana. “Gerou-se receitas que não se soube aproveitar”, disse, sublinhando que perdeu-se a oportunidade de se redistribuir melhor a riqueza nacional.