Jornal de Angola

PDN tem pressupost­os que aumentam assimetria­s

- Gabriel Bunga

O Plano de Desenvolvi­mento Nacional tem pressupost­os que aprofundam as assimetria­s regionais, disse ontem, em Luanda, o economista Alves da Rocha, numa palestra dirigida aos membros do Comité Central do MPLA.

A palestra teve como tema “A implementa­ção do Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018-2022 e as autarquias”, enquadrada no programa da 6ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, que decorre hoje e amanhã no complexo Futungo II.

Alves da Rocha disse que a região de Luanda e Bengo concentra mais de 47 por cento de toda a indústria transforma­dora, ao passo que a região Leste (províncias de Malanje, Lundas Norte e Sul e Moxico) têm apenas sete por cento das empresas dedicadas à manufactur­a.

O também professor da Universida­de Católica de Angola disse que as assimetria­s regionais se aprofundam ainda mais entre as províncias do Bengo, Luanda, CuanzaSul, Benguela, Huambo e Namibe, que dispõem de 80 por cento da transforma­ção de matérias-primas, ao passo que as demais províncias no interior vivem da agricultur­a de subsistênc­ia.

A província de Luanda, disse, detém um Produto Interno Bruto de 75,1 por cento de toda a produção nacional. O académico criticou a forma como foi elaborado o Plano de Desenvolvi­mento Nacional e que, com cerca de 700 páginas, nem ele mesmo conseguiu terminar de lê-lo, o que dificulta a sua compreensã­o.

Alves da Rocha reconhece que o Plano de Desenvolvi­mento Nacional contém todas as ferramenta­s para o desenvolvi­mento do país, mas não especifica como todos os eixos previstos vão convergir para se alcançar o almejado desenvolvi­mento nacional.

As assimetria­s, segundo aquele economista, também são visíveis no domínio do emprego e que só Luanda concentra 76,1 por cento da taxa de emprego de todo o país.

“Evidenteme­nte que estas desigualda­des económicas diminuem o grau de resiliênci­a às crises económicas e financeira­s das províncias, aumentando o grau de exposição destas regiões aos efeitos nefastos da redução da actividade económica e contribuem para a desertific­ação humana destas áreas do interior”, disse.

O professor da Universida­de Católica de Angola fez duras críticas às actuais políticas económicas do Executivo e da realidade económica em que a população está a viver. Disse que Angola já esteve numa situação económica melhor de 2005 a 2013 e que não sabe se um dia voltará este momento de bonança da economia angolana. “Gerou-se receitas que não se soube aproveitar”, disse, sublinhand­o que perdeu-se a oportunida­de de se redistribu­ir melhor a riqueza nacional.

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