Jornal de Angola

Presidente quer militares em prontidão combativa

Numa altura em que prossegue a instabilid­ade militar no norte de Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi lançou um apelo às Forças Armadas para que garantam a defesa das pessoas

- Victor Carvalho

O norte de Moçambique continua assolado por uma onda de crimes que afectam a população civil e desafiam as autoridade­s sobre a sua capacidade para garantir a defesa da região, em particular, e de todo o país, no geral.

Esta semana, um grupo armado voltou a atacar matando uma pessoa e ferindo gravemente outra na aldeia de Nacutuco, perto de Mucojo, zona remota do norte do país.

O grupo, de origem desconheci­da, tal como os anteriores, disparou armas de fogo e usou catanas para atacar a povoação, matar, ferir, saquear diversos bens e incendiar 14 barracas onde se procedia à venda informal de diversos produtos. Tal como sucedeu antes, os atacantes não deixaram rasto e beneficiar­am do facto de as Forças Armadas estarem distantes do local.

Este incidente, cujo padrão coincide com o que tem sido registado desde há um ano na região, surge depois de uma certa acalmia que durava praticamen­te desde o início do mês e que deixava perceber que a situação poderia estar controlada, o que na realidade não sucedia. Face ao que se está a passar e para evitar que esse tipo de incidentes se repitam noutras regiões do país, o Presidente Filipe Nyusi exortou esta semana as Forças Armadas para que se mantenham em prontidão combativa.“As ameaças que o país enfrenta são transcende­ntais, devido à abundância de recursos naturais e ao estágio de desenvolvi­mento a que aspira”, afirmou o Presidente Nyusi quando falava no encerramen­to do XIX Conselho Coordenado­r do Ministério da Defesa Nacional, devidament­e citado pelas agências internacio­nais.

Na ocasião, Filipe Nyusi disse que as Forças Armadas devem estar devidament­e preparadas para darem uma resposta robusta aos perigos que se colocam ao país, mantendo a aptidão para a defesa eficaz da unidade nacional, soberania e integridad­e territoria­l.

“As Forças Armadas devem ser um exemplo e um modelo na gestão do património do Estado e, por isso, não podem ser notícia na comunicaçã­o social pelo esbanjamen­to de recursos e corrupção”, sublinhou.

Filipe Nyusi considera ainda que o próprio Ministério da Defesa deve ser proactivo na busca de soluções que incremente­m a autosufici­ência das Forças Armadas e reduzam a sua dependênci­a em relação ao Orçamento do Estado.

“Não faz sentido que, mesmo em tempos de paz, as Forças Armadas não consigam produzir alimentos, quando até gente menos capaz e preparada o faz”, frisou na ocasião o Presidente moçambican­o.

Até agora, os principais cenários de instabilid­ade militar estão centrados no norte do país, uma região rica em gás natural e que se prepara para ser palco de produção de gás natural, a partir do início da década de 2020.

Apoio ao governador do Banco Central

Numa outra vertente, Filipe Nyusi garantiu confiar na direcção do Banco de Mo-çambique, após terem surgido na imprensa críticas ao governador do Banco Central pelo seu posicionam­ento face a um “apagão” do sistema de pagamentos electrónic­os do país que durou cinco dias.

“Não perdemos a confiança na direcção do Banco de Moçambique. O apagão não foi resultado de um mau funcioname­nto desta instituiçã­o. Nós temos de proteger a nossa soberania”, declarou Filipe Nyusi.

Neste caso, o que está em causa são as críticas que o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, recebeu de organizaçõ­es da sociedade civil moçambican­a, que o acusaram de arrogância e exigiram a sua demissão devido à sua posição sobre o “apagão” do sistema de pagamentos electrónic­os no país.

As caixas automática­s e pontos de pagamento electrónic­o da rede bancária moçambican­a não funcionara­m durante cinco dias, depois de a empresa fornecedor­a da plataforma electrónic­a ter cortado o serviço, devido a um litígio com a Sociedade Interbancá­ria de Moçambique (Simo), uma situação que entretanto já está ultrapassa­da.

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DR Efectivos das Forças Armadas Moçambican­as em preparação para mais uma acção combativa

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