Chefe de Estado estende a mão à sociedade civil
Primeiro encontro carregado de simbolismo revela disponibilidade do Presidente da República, João Lourenço, em receber contribuições para a resolução dos problemas que afligem os cidadãos e melhorar o desempenho da acção governativa
O Presidente da República recebeu ontem, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, personalidades da sociedade civil, com quem discutiu questões da actualidade. Com este gesto, João Lourenço deu seguimento à estratégia de estender o diálogo a organizações da sociedade civil que há muito reclamam o direito de serem ouvidas e de contribuírem com os seus pontos de vista ou opiniões. O encontro marca um momento muito importante na relação entre o Chefe de Estado e as vozes da sociedade civil.
Organizações da sociedade civil concordaram ontem, em Luanda, em criar um canal de comunicação com o Executivo para dar contribuições para a construção de um país inclusivo.
O primeiro de muitos encontros que o Presidente da República, João Lourenço, está disponível para fazer ao longo do seu mandato, reuniu no Palácio da Cidade Alta, durante duas horas, representantes de 12 organizações da sociedade civil.
O Executivo justificou o encontro com o “estilo muito próprio” que o Presidente João Lourenço definiu na sua maneira de se inteirar e se dedicar à resolução dos problemas da sociedade angolana, por via de uma “presidência aberta, dialogante e de proximidade”.
A abertura tem como objectivo estender o diálogo a organizações da sociedade civil que reclamam, há muito, o direito a serem ouvidos e a contribuírem, com os seus pontos de vistas e opiniões
A abertura promovida pelo Presidente João Lourenço tem como objectivo estender o diálogo a organizações da sociedade civil que reclamam, há muito, o direito a serem ouvidas e a contribuírem, com os seus pontos de vista e opiniões, para a melhoria do desempenho da acção governativa em relação a variadíssimos assuntos.
A sala de espera preparada no Palácio Presidencial da Cidade Alta começou a receber os primeiros convidados ao encontro inédito a partir das 11 horas, entre os quais José Patrocínio, da Associação OMUNGA, que veio de Benguela de propósito para o encontro. Luaty Beirão, da Associação HANDECA, entre os primeiros a chegar, capitalizou a atenção da imprensa em função de um passado não muito distante em que chegou a ser preso por integrar o movimento que exigia a saída do poder do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
A antiga vice-ministra da Educação, Alexandra Simeão, da HANDECA, Sérgio Calundungo, do Observatório Político e Social de Angola (OPSA), Maria Lúcia Silveira, da Associação Justiça Paz e Democracia (AJPD), Salvador Freire, da Associação Mãos Livre (AML), Frei Júlio Candeeiro, do Centro Cultural Mosaiko - Instituto de Cidadania, Berlarmino Jelembe, da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), António Mateus, do Conselho Provincial da Juventude de Luanda, Elias Isaac da Fundação Open Society, e Job Capapinha, da AMANGOLA - União das Associações Locais de Angola, sentaram-se na sala de reuniões do Palácio da Cidade Alta para apresentar as preocupações das associações que representam sobre os desafios do país. O grande ausente no encontro foi o jornalista de investigação Rafael Marques, anunciado previamente pela Casa Civil do Presidente da República.
Acto simbólico
À imprensa, no final do encontro, os participantes foram convergentes nas opiniões em relação ao mecanismo de troca de informação com o Governo e em relação ao simbolismo da reunião. Sérgio Calundungo, da OPSA, considerou “um acto simbólico que marca um momento muito importante, que é a aproximação da instituição Presidente da República a vozes da sociedade civil que, durante muito tempo, se bateram de forma crítica contra a governação que tivemos”. Sérgio Calundungo considera “simbolismo” o facto de o Presidente da República receber e abordar, de forma bastante aberta, com a sociedade civil, uma série de assuntos, permitindo a todos expressarem aquilo que lhes vai na alma.
“O Presidente da República colheu com bastante atenção aquilo que sentimos, aquilo que foram as nossas principais preocupações”, disse Sérgio Calundungo, acrescentando que “está a nascer uma nova fase na relação entre o Estado e a sociedade civil”. O responsável indicou que “estamos no início de uma longa caminhada que começou com um primeiro passo”.