Líderes rebeldes regressam à Etiópia
O Governo etíope, que prossegue os esforços de pacificação e reconciliação nacional, tem agora o apoio dos rebeldes da Frente de Libertação Nacional da Ogaden que acabam de regressar ao país, para trás ficam, para já, décadas de permanência na vizinha Eri
Os líderes da Frente de Libertação Nacional de Ogaden (ONLF), dos grupos rebeldes mais antigos do país, que se encontravam refugiados na Eritreia, regressaram esta semana à Etiópia, no âmbito dos esforços de reconciliação nacional desenvolvidos pelo primeiro -ministro Abiy Ahmed.
Chefiada pelo almirante Mohamed Omar, a delegação desembarcou ontem de manhã no Aeroporto Internacional de Bole, em Addis Abeba, onde foi recebida pelo ministro das Finanças, Ahmed Shid, pelo presidente do Estado regional de Somália (de onde são originários), Mustafa Omer.
De acordo com a emissora Fana Broadcasting Corporate, o regresso da máxima representação da ONLF ocorre duas semanas depois da chegada de centenas dos seus combatentes ao país, também eles provenientes de Asmara, capital da Eritreia.
O grupo assinou recentemente um acordo de paz com as autoridades etíopes, em Asmara, que inclui a realização de negociações com vista a abordagem das causas do conflito.
As conversações preliminares foram dirigidas pelo ministro dos Assuntos Exteriores, Workneh Ghebeyehu, pelo Governo etíope, enquanto que a delegação da ONLF era encabeçada pelo próprio almirante Mohamed Omar Osman. O grupo foi formado em 1984, em consequência do ressurgimento do sentimento de separação da região de Ogaden, etnicamente somali e uma das mais pobres do país.
No seguimento desse esforço de reconciliação nacional e para dar resposta às necessidades humanitárias, o Governo etíope voltou a renovar o apelo de ajuda junto das agências internacionais, para resolver problemas recorrentes no estado regional da Somália, que afecta milhares de deslocados civis devido aos conflitos e às mudanças climáticas.
Segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados, uma das organizações de apoio aos deslocados que trabalha na região, no terreno há surtos de sarampo, desnutrição infantil severa, tuberculose e outras enfermidades associadas ao precário contexto. Aquela organização humanitária está neste momento a realizar uma planificação para reassentar cinco mil famílias deslocadas em comunidades especiais, recentemente criadas na região, considera que é necessária mais ajuda em água e outros recursos.
Consensos em Oromia
Ainda inserido no projecto de reconciliação nacional, para a obtenção de consensos políticos, uma delegação do Governo reuniu-se com um dos principais partidos da oposição do país, a Frente de Libertação Oromo (OLF), para garantir uma estratégia de paz e participação política.
As rondas negociais contaram com a presença do presidente do estado de Oromia, Lemma Megerssa, que representa a parte governamental e o titular da OLF, Dawud Ibsa. Há duas semanas, Megerssa acusou os líderes do partido de não controlarem os seus membros, supostamente responsáveis pela onda de violência que está a originar vários crimes na região.
Após o regresso do exílio, também efectuado na Eritreia, a OLF chegou a um acordo com outro partido, o Congresso Federal Oromo, para concorrer às eleições gerais programadas para 2020.
A imprensa etíope refere que encontros semelhantes a este serão realizados em breve entre as autoridades do Governo e as principais facções da oposição, com o objectivo de salvaguardar a segurança nacional.
Entretanto, foi nomeado um conselho que tem por missão a realização do primeiro censo da população, em mais de uma década. Este conselho, será integrado por 20 membros, incluindo nove ministros e funcionários dos nove estados regionais do país, informou a “Fana Broadcasting Corporate”.
A Etiópia, o segundo país mais populoso de África, foi reconfigurado há um quarto de século como federação, para dar autonomia aos seus mais de 80 grupos étnicos.
Como o primeiro-ministro promete uma democracia multipartidária, os grupos da oposição pedem maior autonomia regional. O último censo foi feito em 2007 e a Constituição determina um em cada dez anos.