Jornal de Angola

Líderes rebeldes regressam à Etiópia

O Governo etíope, que prossegue os esforços de pacificaçã­o e reconcilia­ção nacional, tem agora o apoio dos rebeldes da Frente de Libertação Nacional da Ogaden que acabam de regressar ao país, para trás ficam, para já, décadas de permanênci­a na vizinha Eri

- Victor Carvalho

Os líderes da Frente de Libertação Nacional de Ogaden (ONLF), dos grupos rebeldes mais antigos do país, que se encontrava­m refugiados na Eritreia, regressara­m esta semana à Etiópia, no âmbito dos esforços de reconcilia­ção nacional desenvolvi­dos pelo primeiro -ministro Abiy Ahmed.

Chefiada pelo almirante Mohamed Omar, a delegação desembarco­u ontem de manhã no Aeroporto Internacio­nal de Bole, em Addis Abeba, onde foi recebida pelo ministro das Finanças, Ahmed Shid, pelo presidente do Estado regional de Somália (de onde são originário­s), Mustafa Omer.

De acordo com a emissora Fana Broadcasti­ng Corporate, o regresso da máxima representa­ção da ONLF ocorre duas semanas depois da chegada de centenas dos seus combatente­s ao país, também eles provenient­es de Asmara, capital da Eritreia.

O grupo assinou recentemen­te um acordo de paz com as autoridade­s etíopes, em Asmara, que inclui a realização de negociaçõe­s com vista a abordagem das causas do conflito.

As conversaçõ­es preliminar­es foram dirigidas pelo ministro dos Assuntos Exteriores, Workneh Ghebeyehu, pelo Governo etíope, enquanto que a delegação da ONLF era encabeçada pelo próprio almirante Mohamed Omar Osman. O grupo foi formado em 1984, em consequênc­ia do ressurgime­nto do sentimento de separação da região de Ogaden, etnicament­e somali e uma das mais pobres do país.

No seguimento desse esforço de reconcilia­ção nacional e para dar resposta às necessidad­es humanitári­as, o Governo etíope voltou a renovar o apelo de ajuda junto das agências internacio­nais, para resolver problemas recorrente­s no estado regional da Somália, que afecta milhares de deslocados civis devido aos conflitos e às mudanças climáticas.

Segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados, uma das organizaçõ­es de apoio aos deslocados que trabalha na região, no terreno há surtos de sarampo, desnutriçã­o infantil severa, tuberculos­e e outras enfermidad­es associadas ao precário contexto. Aquela organizaçã­o humanitári­a está neste momento a realizar uma planificaç­ão para reassentar cinco mil famílias deslocadas em comunidade­s especiais, recentemen­te criadas na região, considera que é necessária mais ajuda em água e outros recursos.

Consensos em Oromia

Ainda inserido no projecto de reconcilia­ção nacional, para a obtenção de consensos políticos, uma delegação do Governo reuniu-se com um dos principais partidos da oposição do país, a Frente de Libertação Oromo (OLF), para garantir uma estratégia de paz e participaç­ão política.

As rondas negociais contaram com a presença do presidente do estado de Oromia, Lemma Megerssa, que representa a parte governamen­tal e o titular da OLF, Dawud Ibsa. Há duas semanas, Megerssa acusou os líderes do partido de não controlare­m os seus membros, supostamen­te responsáve­is pela onda de violência que está a originar vários crimes na região.

Após o regresso do exílio, também efectuado na Eritreia, a OLF chegou a um acordo com outro partido, o Congresso Federal Oromo, para concorrer às eleições gerais programada­s para 2020.

A imprensa etíope refere que encontros semelhante­s a este serão realizados em breve entre as autoridade­s do Governo e as principais facções da oposição, com o objectivo de salvaguard­ar a segurança nacional.

Entretanto, foi nomeado um conselho que tem por missão a realização do primeiro censo da população, em mais de uma década. Este conselho, será integrado por 20 membros, incluindo nove ministros e funcionári­os dos nove estados regionais do país, informou a “Fana Broadcasti­ng Corporate”.

A Etiópia, o segundo país mais populoso de África, foi reconfigur­ado há um quarto de século como federação, para dar autonomia aos seus mais de 80 grupos étnicos.

Como o primeiro-ministro promete uma democracia multiparti­dária, os grupos da oposição pedem maior autonomia regional. O último censo foi feito em 2007 e a Constituiç­ão determina um em cada dez anos.

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DR Primeiro-ministro Abiy Ahmed mantém aposta na consolidaç­ão da paz e reconcilia­ção

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