Jornal de Angola

Marido da vítima está detido

A jovem Carolina da Silva foi morta por espancamen­to um dia antes de o suspeito ter anunciado o seu desapareci­mento

- André da Costa

O Serviço de Investigaç­ão Criminal deteve, na segunda-feira, o marido da advogada Carolina da Silva, encontrada morta na fossa séptica da casa em que vivia.

O marido da advogada Carolina Joaquim de Sousa da Silva, encontrada na segunda-feira morta na fossa da moradia em que vivia, no Zango III, município de Viana, foi detido, no mesmo dia, pelo Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC).

Uma fonte ligada ao SIC, contactada ontem pelo Jornal de Angola, não mencionou as circunstân­cias em que o marido, Olívio Silva, foi detido, se antes ou depois do encontro que a Polícia manteve com jornalista­s sobre o caso da advogada, que era dada como desapareci­da desde quinta-feira, dia 29 de Novembro.

A família da advogada acreditou na possibilid­ade de Carolina Joaquim de Sousa da Silva estar desapareci­da, por o marido alegar que, na manhã de quinta-feira, acompanhou-a até à paragem para apanhar um táxi que a levaria ao serviço, uma vez que o seu carro estava avariado.

O marido deslocou-se à casa da sogra, no bairro Golfe II, onde manifestou o seu desespero junto dos familiares da advogada, aos quais disse que soube do escritório de advogados para o qual Carolina da Silva trabalhava que a mulher não tinha chegado ao local de trabalho.

À família da mulher, que exerceu advocacia durante cinco anos e estava grávida de dois meses, o marido ainda disse que só ligou para o escritório de advogados por não ter conseguido falar ao telefone com a mulher, porque os dois telemóveis que ela usava no dia do “desapareci­mento” estavam desligados.

A fonte do SIC afirmou que o marido da advogada é o principal suspeito da morte da mulher e admitiu que o homicídio tenha sido cometido por razões passionais.

Uma irmã da advogada assassinad­a, disse à Televisão Pública de Angola (TPA) que a família não tem dúvida sobre quem pode ser o autor do crime bárbaro, referindo-se implicitam­ente ao cunhado.

Maria Armando, mãe da advogada, disse à TPA que pensou, inicialmen­te, que a filha fosse vítima de um rapto, em resultado de algum processo que estava a acompanhar como advogada. "Afinal de contas fui enganada", uma referência implícita ao genro.

O porta-voz da delegação provincial de Luanda do Ministério do Interior, intendente Mateus Rodrigues, disse que o corpo de Carolina da Silva foi ontem autopsiado.

Traços da personalid­ade

Ontem, a mãe da advogada disse ao Jornal de Angola que o marido da filha nunca deu indícios de ser “psicopata ou esquizofré­nico”.

Maria Armando acentuou que o genro, de 28 anos e contabilis­ta de formação, sempre teve atitude de "um jovem bem educado".

Depois de ter feito uma pausa na conversa, a mãe da advogada disse: "Afinal, venho a saber agora que ele fez tudo para assassinar a Carolina de forma calculista e planificad­a”.

Dona Maria Armando lembra-se da filha como uma “jovem trabalhado­ra e boa dona de casa”. Além destes traços da personalid­ade da filha, Maria Armando disse que a advogada era “muito dedicada à igreja e que não tinha segredos a esconder ao marido, uma vez que eram amigos”.

Como prova da fidelidade ao marido, os desvios de chamada do telefone de Carolina Sousa iam para o telefone do marido, contou ao Jornal de Angola a mãe da advogada, que disse ser impossível que a filha tenha tido uma relação extra-conjugal. Maria Armando mencionou ainda que o cartão multicaixa da filha e o respectivo código andavam com o marido.

“A minha filha teve uma morte trágica e o seu corpo não está em condições para se manter mais tempo”, disse a mãe da vítima, referindos­e ao facto de o genro ter colocado lixívia na fossa, o que contribuiu para a rápida decomposiç­ão do corpo.

Carlota Cambenje, colega e amiga de Carolina da Silva, sublinhou que a advogada era uma pessoa “muito séria e dedicada ao trabalho”.

As duas saiam quase sempre juntas do local de serviço, porque Carlota Cambenje apanhava boleia oferecida ou pela colega ou pelo marido desta quando fosse buscar a mulher.

Carlota Cambenje esteve a última vez com Carolina da Silva na quarta-feira, dia em que a colega a deixou em casa, na Centralida­de do Sequele.

"Nunca me passou pela cabeça que a minha colega teria esse fim trágico", salientou Carlota Cambenje, adiantando que, nas conversas que mantinha com Carolina da Silva, esta nunca deixou transparec­er algum "indício de descontent­amento no lar".

À hora do fecho desta edição, o Jornal de Angola soube que a advogada foi morta por espancamen­to um dia antes de o suspeito ter anunciado o seu desapareci­mento.

A ideia inicial do suspeito era fazer um buraco no quintal, mas, como pensou que seria trabalhoso, decidiu colocar o cadáver na fossa da moradia.

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CEDIDA A advogada morreu aos 26 anos e grávida de dois meses. A jovem vivia com o suspeito no Zango

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