Jornal de Angola

Belezas de Cassengo deslumbram turistas

- Luciano Rocha

As autárquica­s estão aí não tardam, que o tempo parece voar e quando dermos por isso terminou mais um ano marcante na vida do país, com uma incógnita a prevalecer na maioria dos angolanos, o poder local.

As atenções sobre esta nova forma de governação que pode desde que bem interpreta­da e cumprida - aproximar eleitos e eleitores, permitindo, em princípio, esbater algumas das barreiras ao normal desenvolvi­mento económico e social, passaram para segundo plano face a uma série de medidas governativ­as de combate a uma quase infinidade de males que se enraizaram entre nós, à cabeça dos quais está a corrupção, nas mais variadas formas, alicerçada invariavel­mente no nepotismo e na impunidade. A verdade, indesmentí­vel e sentida por todos os angolanos sem excepção, é que parte substancia­l do ano prestes a terminar, repleto de acontecime­ntos trazidos por novos ventos anunciador­es de mais uma vaga de esperança, ocupámolo exactament­e com factos reveladore­s de alterações promissora­s de um presente e futuro melhores que se impunham e continuam a impor. Como em quaisquer situações da vida de um povo - e logo o nosso, que não despreza uma oportunida­de para discussão acalorada, independen­temente do tema - as opiniões dividiram-se, com ataques e defesas feitos nem sempre com bases sólidas, mas sempre apaixonada­s. Com elas, como também é hábito em ocasiões semelhante­s, em qualquer parte do mundo, registaram-se mudanças de camisolas e de campo.

A par de todo este ambiente soprado por brisa fresca, o dia-a-dia da maioria das angolanas e angolanos continuou - há-de continuar ainda durante algum tempo, para já, de tamanho indefinido, que, como sói dizer-se, “Roma e Pavia não se fizeram num dia” - carregado de dificuldad­es de toda a ordem. Em resumo, o cidadão comum, por todas estas circunstân­cias, alheou-se da questão das autárquica­s e autarquias. Se fosse feita agora uma sondagem, não era surpresa se revelasse que parte significat­iva da população sabia tanto delas como antes de lhes ouvir os nomes pela primeira vez.

No próximo ano, vão continuar, de certeza absoluta, a ser anunciadas mais descoberta­s de crimes de peculato, suborno, fugas de capitais, pois ainda há muita ave de rapina à solta, raposas no papel de guardas de capoeira, cágados em cima de árvores altíssimas, que até lhes causam vertigens. Mas talvez a surpresa do angolano comum, passado o impacto da novidade, já não seja tão grande. Mesmo assim, a manter-se para 2020 a realização da primeiras autárquica­s entre nós, em princípio, vai mal preparado. O eleitor e o candidato. E não venham com o argumento das sessões de auscultaçã­o da opinião pública que foram realizadas. Quantos participan­tes teve cada uma delas? Quem se propôs a esclarecer e tentou ser esclarecid­o? Com que resultados? Esperemos que, uma vez mais, a pressa não tenha o desfecho que, normalment­e, conhece. Talvez o adiamento das eleições para a instalação do Poder Local fosse a solução.

Calculo os nomes que alguns dos interessad­os directamen­te no assunto me chamam ao ler estas linhas. E sou eu, simples votante... Nem imagino o que ouviria alguém com outras responsabi­lidades a alvitrar tal hipótese! Se fosse do partido no poder, caiam-lhe em peso os da oposição. Ao contrário, as reacções não eram muito diferentes. Talvez mudassem os argumentos.

O que tenho quase a certeza é que no fim não riem todos. Mas também pode suceder ninguém gargalhar de verdade, de coração a transborda­r de alegria. É que há vitórias com sabor a derrota e sorrisos amarelos.

As primeiras autárquica­s e autarquias são para a maioria de nós, eventuais eleitores e candidatos, uma incógnita. Mas as seguintes hão-de ser diferentes. Até no ambiente do próprio país. Por mais justo e solidário, já sem tantas seitas de intocáveis. Pelo menos, é o que o povo augura.

No próximo ano, vão continuar, de certeza absoluta, a ser anunciadas mais descoberta­s de crimes de peculato, suborno, fugas de capitais, pois ainda há muita ave de rapina à solta, raposas no papel de guardas de capoeira, cágados em cima de árvores altíssimas, que até lhes causam vertigens

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