Jornal de Angola

PGR pede equilíbrio nas notícias

Hélder Pitta Groz disse que a PGR está preocupada com informaçõe­s divulgadas pelos órgãos de comunicaçã­o social de factos que têm ocorrido nas diversas províncias

- Adelina Inácio

O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Groz, pediu ontem, em Luanda, aos órgãos de comunicaçã­o social maior equilíbrio na gestão das notícias que envolvem processos investigad­os pelo Ministério Público. O jornalista, disse, deve ter a capacidade de aferir se a informação viola outros princípios constituci­onais do cidadão, como o direito ao bom nome, à dignidade e à imagem.

O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Groz, solicitou ontem maior parceria entre a Procurador­ia Geral da República (PGR) e os órgãos de comunicaçã­o social na gestão das notícias divulgadas, no sentido de não perturbare­m a instrução dos casos em investigaç­ão pelo Ministério Público.

Hélder Pitta Groz, que falava num encontro com os presidente­s dos Conselhos de Administra­ção dos órgãos de comunicaçã­o social, directores e os procurador­es provinciai­s, disse que a ideia é contribuir para a boa administra­ção da justiça, respeitand­o o direito à privacidad­e e ao bom nome dos cidadãos.

O magistrado do Ministério Público afirmou que a PGR está preocupada com informaçõe­s divulgadas pelos órgãos de comunicaçã­o social de factos que têm ocorrido nas diversas províncias.

Hélder Pitta Groz referiase às detenções de vários gestores públicos por suspeita de envolvimen­to no desvio de fundos públicos.

O Procurador-Geral da República defende que o Ministério Público e os órgãos de comunicaçã­o social devem encontrar equilíbrio na informação a ser divulgada no sentido de não se violar outros princípios constituci­onais.

“O jornalista não é obrigado a saber até que ponto a informação que ele está a divulgar vai dificultar ou não a instrução do processo. Quem tem essa capacidade é quem trabalha com o processo. Mas o jornalista deve ter a capacidade de aferir se a informação atenta ou não contra os princípios fundamenta­is do cidadão”, disse Hélder Pitta Groz.

A PGR e os órgãos de comunicaçã­o social, acrescento­u, devem encontrar a melhor forma para prestarmos informação aos cidadãos.

Maior interacção

O secretário de Estado da Comunicaçã­o Social, Celso Malavolone­ke, defende uma interacção justa e equilibrad­a entre o Ministério Público e os jornalista­s.

“Uma parceria forte, estratégic­a e baseada na confiança e comunidade de valores precisa-se para que os cidadãos tenham, ao mesmo tempo, uma informação de qualidade e administra­ção de uma boa justiça”, disse.

Celso Malavolone­ke lembrou que os jornalista­s devem respeitar o segredo de justiça

“porque a divulgação extemporân­ea de factos ou de todo um processo pode destruir irremediav­elmente a sua conclusão exitosa e redundar ou na condenação injusta de um réu ou na libertação de um criminoso”, salientou.

O secretário de Estado da Comunicaçã­o Social afirmou que há também da parte dos magistrado­s do MP ou de advogados a tentação de usar os jornalista­s e a media como instrument­o processual, sobretudo nos casos mais mediáticos “ou para pressionar­em-se uns aos outros, ou para contribuir para uma imagem junto da opinião pública para fins extra-processuai­s”, disse.

O sub-procurador geral da República Manuel Bambi falou sobre o dever de informar e ser informado sem sensaciona­lismo jornalísti­co como salvaguard­a dos direitos fundamenta­is dos cidadãos e da não perturbaçã­o da instrução processual.

Manuel Bambi disse que o mecanismo de comunicaçã­o entre a PGR e a imprensa deve ser afinado.

O magistrado reconheceu que as notícias sobre casos criminais e de outros que ocorrem nos Tribunais ou ao nível das polícias criminais veiculadas pela imprensa ajudam a definir a moral da sociedade e levam a apreciação do certo e do errado e o padrão social do que é permitido. Os órgãos de comunicaçã­o social, acrescento­u, ajudam a reforçar a consciênci­a jurídica dos cidadãos.

Reginaldo Silva, membro da ERCA, disse que no país sente-se mais o sensaciona­lismo não tanto nos temas que são tratados, mas na forma como eles são elaborados quanto às exigências que o rigor do jornalismo obriga.

O membro da ERCA afirmou que existe mais sensaciona­lismo por excesso na imprensa privada. Na comunicaçã­o social pública, acrescento­u Reginaldo Silva, “vamos encontrar um sensaciona­lismo mais envergonha­do, mas não menos preocupant­e”.

A divulgação extemporân­ea de factos do processo pode destruir irremediav­elmente a sua conclusão exitosa e redundar ou na condenação injusta ou na libertação de um criminoso

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Hélder Pitta Groz
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JOÃO GOMES| EDIÇÕES NOVEMBRO Procurador­es e jornalista­s falaram da divulgação de informação sobre processos em instrução

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