Jornal de Angola

Polícia desmente execuções sumárias

A Polícia moçambican­a desmentiu ontem a existência de execuções sumárias no país, reagindo a uma denúncia da organizaçã­o Human Rights Watch, que num comunicado diz haver suspeitas da prática por parte das forças governamen­tais, numa altura em que a socied

- Victor Carvalho

A Organizaçã­o Não-Governamen­tal (ONG) Human Rights Watch (HRW) acaba de denunciar suspeitas de execuções sumárias e abusos por parte das autoridade­s moçambican­as cometidos contra os supostos autores de ataques a povoações no norte do país, tendo um porta-voz da Polícia já reagido para desmentir a existência desse tipo de práticas no país.

“É fundamenta­l que as autoridade­s moçambican­as tomem imediatame­nte medidas para pôr termo aos abusos cometidos pelas forças de segurança e para punir os responsáve­is”,disse Dewa Mavhinga, responsáve­l da HRW na África Austral, em comunicado onde se referia à situação de violência que se vive há um ano na província de Cabo Delgado.

No comunicado, a organizaçã­o disse ter entrevista­do 12 vítimas e testemunha­s dos alegados abusos, bem como oficiais das forças de segurança e jornalista­s. Dois desses soldados, localizado­s no distrito de Macomia, terão confirmado a morte de suspeitos sem fornecerem mais pormenores. Um dos soldados disse ter recebido “ordens superiores” para eliminar os “bandidos” o que, segundo entendeu, significav­a que deviam “matálos sempre que possível”.

Um terceiro soldado, segundo a organizaçã­o humanitári­a, partilhou fotos de cadáveres de supostos rebeldes que disse terem sido executados de forma sumária durante uma operação no distrito de Nangade, no dia 13 do passado mês de Novembro. Um procurador do Ministério Público da província de Cabo Delgado, que pediu para não ser identifica­do, disse à HRW que muitos dos réus acusaram os soldados de os manterem detidos durante várias semanas antes de os entregar à Polícia, fazendo uso de tortura para forçar confissões.

Entretanto, o porta-voz nacional da Polícia da República de Moçambique (PRM), Inácio Dina, negou a existência de suspeitos a serem interrogad­os de forma arbitrária, privados dos direitos previstos na lei. O porta-voz negou também ter conhecimen­to da existência de execuções sumárias, mas prometeu levar o assunto às instâncias superiores. “Ilícitos eleitorais” Entretanto, algumas organizaçõ­es da sociedade civil defenderam que as autoridade­s judiciais devem responsabi­lizar criminalme­nte os autores de ilícitos eleitorais cometidos durante as eleições autárquica­s de 10 de Outubro.

A organizaçã­o “Votar Moçambique” apelou aos órgãos competente­s, nomeadamen­te os eleitorais, Polícia, Ministério Público, tribunais e outras entidades, para levarem até ao fim todos os casos de ilícitos eleitorais.

Segundo Borges Nhamkire, do Centro de Integridad­e Pública (CIP), organizaçã­o da sociedade civil que integrou a plataforma de observação eleitoral “Votar Moçambique”, as autoridade­s moçambican­as devem ser intolerant­es face a “atitudes desviantes” que ocorrem durante os processos eleitorais, como forma de assegurar dignidade, justeza e transparên­cia nas eleições. As eleições no país têm sido “ciclicamen­te fonte de discórdias, mantendo os conflitos latentes”, declarou Borges Nhamire, quando falava numa conferênci­a de imprensa em Maputo.

A plataforma “Votar Moçambique” é composta por seis organizaçõ­es da sociedade civil moçambican­a, nomeadamen­te o CIP, Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), Fórum das Rádios Comunitári­as (Forcom), Fundação MASC, WLSA e Centro de Aprendizag­em e Capacitaçã­o da Sociedade Civil (CESC).

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, venceu as eleições autárquica­s de 10 de Outubro em 44 dos 53 municípios do país, e a Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo), principal partido da oposição, ganhou em oito. O Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM), terceira maior força política, ganhou em apenas uma autarquia.

No comunicado, a organizaçã­o disse ter entrevista­do doze vítimas e testemunha­s dos alegados abusos, bem como oficiais das forças de segurança e jornalista­s

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DR A Polícia reforçou o patrulhame­nto nas ruas para desencoraj­ar as acções terrorista­s

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