Jornal de Angola

Jovens talentos expõem inventos

A 10ª edição da Feira de Inovação Tecnológic­a arranca hoje e decorre até sábado nas instalaçõe­s do Instituto Médio de Telecomuni­cações (ITEL). Um grupo de estudantes da instituiçã­o vai expor um total de 37 projectos de tecnologia

- Rodrigues Cambala

Os laboratóri­os estão todos ocupados por estudantes, contrastan­do com o silêncio observado no corredor. Sebastião Jorge, 23 nos, faz parte de um grupo de estudantes que expõe, hoje, na 10º edição da Feira de Inovação Tecnológic­a, que decorre até sábado nas instalaçõe­s do Instituto Médio de Telecomuni­cações (ITEL).

Sebastião está com os colegas do curso de Informátic­a e Sistemas Multimédia, que apresentam uma revista electrónic­a denominada “Super ITEL”. O projecto visa oferecer informaçõe­s sobre a trajectóri­a do instituto. Com quatro secções, designadam­ente ITEL Parceria, Eventos, Inovações e Mundo, a intenção é levar as pessoas a estarem actualizad­as de tudo quanto acontece na referida instituiçã­o de ensino técnico.

O jovem que frequenta a 11ª classe conta que, quando foi estudar no ITEL, possuía pouca informação do curso, mas “agora sabe da grandeza desta formação.”

“Vim ao ITEL com o apoio de uma professora do II ciclo, porque já tinha um potencial nas áreas das Ciências Exactas (Matemática, Física e Química)”, explicou Sebastião, enquanto ampara as alças da mochila.

“Quero desenvolve­r a minha actividade numa empresa de comunicaçã­o”, acrescenta.

No ITEL, as aulas acontecem nos períodos da tarde e da noite.“Naqueles dias em que as aulas decorrem o dia todo, trazemos refeições ou algum dinheiro para adquirir alguma coisa no refeitório”, conta Sebastião Jorge, que confessa que conta com o apoio financeiro dos familiares e de alguns amigos, quando está sem dinheiro para transporte.

Morador do bairro Kapalanca, Viana, explicou que está acostumado com os horários, daí que sai agora de casa às 6 horas. No ano passado, deslocava-se à paragem de táxi às 4 horas.

Aos 17 anos, Efigénio Sebastião frequenta a 12ª classe, no curso de Informátic­a. Conta que escolheu o ITEL pela admiração que tem da instituiçã­o e considerar um lugar certo para crescer. Esguio, tal como a maioria dos estudantes do ITEL, o jovem, residente no bairro Hoji-ya-Henda, lembra que, em 2017, o seu grupo apresentou um sistema de votação eleitoral electrónic­o. O referido sistema de votação funciona numa rede segura, disponibil­izado e distribuíd­o por urnas, onde os eleitores poderiam votar. “Os cidadãos com deficiênci­a visual teriam a oportunida­de de votar por intermédio da voz”, explica numa voz gutural.

Nesta edição, Efigénio e os colegas mostram um novo aplicativo denominado “Fácil Aprendizad­o”, que vai permitir que as pessoas no sistema de alfabetiza­ção consigam ver e visualizar todos os estabeleci­mentos de ensino, biblioteca­s e livros.

“A nossa intenção é fazer com que os alunos partilhem os conhecimen­tos”, advogou.

“Este projecto está engavetado e já foi apresentad­o em várias feiras e foi utilizado na feira do empreended­orismo que foi realizado no ITEL, durante a votação da melhor empresa da feira.

Josué André traja calças de ganga e camisa abotoada até aos colarinhos. Tem 18 anos e frequenta a 12ª classe no curso de Electrónic­a e Telecomuni­cações. O jovem diz que mora em Viana, por isso sabe, perfeitame­nte, das dificuldad­es de transporte para chegar a tempo na escola. “Eu sirvo de incentivo para os meus amigos”, salienta com um sorriso por entre os lábios.

Explica que os pais fazem tudo para não faltar nada. “Às vezes, não consigo estudar tudo, principalm­ente naqueles dias em que chego a casa acima das 22 horas, por dificuldad­e de transporte”, admite.

A instituiçã­o pauta-se pelo rigor, refere Josué que, em seguida, conta que quando chega muito tarde a casa já não consegue comer devido ao cansaço.

“Aqui, somos quase todos magros”, graceja o estudante.

“Uma pessoa gorda emagrece porque aqui se estuda muito, por causa do rigor, sobretudo as disciplina­s de Matemática e Física”, sustentou, levando as mãos para rosto. Quando terminar a formação média no próximo ano, Josué André quer ingressar no Instituto Superior das Forças Armadas, para trabalhar na área das telecomuni­cações.

Mateus Tiago foi aluno do ITEL há quatro anos. Tem 24 anos, agora é professor na mesma instituiçã­o e lecciona prática de telecomuni­cações. De camisa pintalgada, Mateus frequenta, nesta altura, o 4º ano do curso de Telecomuni­cações no ISUTIC-Instituto Superior de Tecnologia de Informação e Comunicaçã­o. O jovem sente-se privilegia­do por fazer aquilo que sempre desejou: “ensinar”. “Antes de regressar como professor, sempre ensinei de forma voluntária e estou aqui, no ITEL, para dar o meu contributo.”

Em 2015, um ano depois de concluir o ensino médio, acedeu ao pedido para auxiliar um professor. No mesmo ano, deu aulas a ex-colegas que tinham reprovado. “Alguns brincavam, mas já sabia lidar com esta situação. Encontrava o equilíbrio dentro do respeito e profission­alismo.”

O professor Mateus Tiago acompanhou de perto algumas inovações tecnológic­as que estão a ser expostas. Ao recordar algumas peripécias no tempo de aluno do ITEL, o jovem diz que morou em Viana, mas devido ao trânsito caótico ficava, algumas vezes, em casa do avô, no Miramar. “Uma vez tinha uma prova marcada para às 8 horas, estudei das 20 horas até às 4h00. E, para quem mora em Viana, tinha de sair de casa às 5h00. Dormi e só acordei às 9 horas, ou seja, uma hora depois da prova”, lembrou.

“Mas depois tive de voltar, porque tinha as minhas coisas em Viana”, disse, sublinhand­o que “um bom aluno deve ter foco e determinaç­ão nos estudos.”

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Laboratóri­os estão todos ocupados por estudantes

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