Angola quer que Portugal faça entrega de património
O relatório solicitado à historiadora de arte francesa Bénédicte Savoy e ao economista senegalês Felwine Sar defende a devolução de todos os objectos detidos pelos museus nacionais franceses, dos quais não exista um justificativo de compra consentida.
José Luís Mendonça, jornalista cultural em Angola, disse ao jornal português “Diário de Notícias” que as recomendações são legítimas e admite que esta decisão vai permitir às autoridades angolanas dialogarem com Portugal sobre a restituição do espólio angolano.
E em Portugal? À Direcção-Geral do Património Cultural não chegou ainda qualquer pedido de restituição dos bens culturais que estão em museus portugueses, mas a intenção existe, confirmou a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, ao Expresso.
Máscaras, artefactos, bonecas, objectos e uso quotidiano podem ser reclamados por Angola ao Estado Português. O Museu Nacional de Arqueologia e Museu de História Natural e da Ciência de Portugal são detentores de alguns destes bens culturais.
“É imperioso que a diplomacia angolana, em colabo- ração com o Ministério da Cultura e outros departamentos ministeriais, possa dar início a consultas multilaterais com vista a regularizar a questão da propriedade e da posse, por um lado, e, por outro lado, da exploração dos bens culturais angolanos no estrangeiro”, disse Carolina Cerqueira.
Em Portugal, é no Museu Nacional de Etnologia que se encontram mais peças de origem angolana. A maioria resulta das recolhas do antropólogo Jorge Dias e da sua equipa no âmbito das Missões de Estudo das Minorias Étnicas.
O actual director, Paulo Costa, disse ao “Expresso” que o critério de devolução tem “de ser muito bem definido