Jornal de Angola

Governo aposta na formação para o combate à corrupção

PGR encerra jornadas alusivas ao Dia Internacio­nal Contra a Corrupção, com um seminário sobre os crimes de corrupção e branqueame­nto de capitais, realizado em parceria com os ministério­s do Interior e da Justiça e Direitos Humanos

- Gabriel Bunga

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, afirmou ontem em Luanda que a formação e a sensibiliz­ação são os meios eficazes no combate contra os crimes de corrupção.

Francisco Queiroz falava na sessão de abertura de um seminário de capacitaçã­o no combate aos crimes de corrupção e branqueame­nto de capitais, organizado pela Procurador­ia Geral da República, em parceria com os ministério­s do Interior e da Justiça e Direitos Humanos, no âmbito das jornadas alusivas ao Dia Internacio­nal Contra a Corrupção, assinalado domingo.

O ministro referiu que a formação e a sensibiliz­ação apresentam-se como os meios mais eficazes para mudar os comportame­ntos e inculcar nos cidadãos o sentimento de compromiss­o de cumprir e fazer cumprir a Constituiç­ão, a Lei e defenderem os superiores interesses da Nação, no exercício das funções a que forem investidos.

"A conscienci­alização destes deveres, transmitid­os pela via da formação didáctica e pelos valores da ética e da deontologi­a, mostramse como o meio mais importante para combater as más práticas e sustentar, no longo prazo, a moralizaçã­o da sociedade angolana", disse.

Segundo Francisco Queiroz, o novo ciclo que se vive em Angola exige uma mudança de postura, através do aumento da consciênci­a e sensibilid­ade colectivas sobre as más práticas lesivas dos interesses do Estado e dos cidadãos.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos disse ser importante a transmissã­o e refrescame­nto de conhecimen­tos acerca da legislação sobre o branqueame­nto de capitais e crimes conexos.

Francisco Queiroz lembrou que existem vários diplomas que criminaliz­am as práticas corruptas, nomeadamen­te a Lei nº 34/11 de 12 de Dezembro sobre o Combate ao Branqueame­nto de Capitais e do Financiame­nto ao Terrorismo, a Lei nº 3/14, de 10 de Fevereiro, que criminaliz­a as infracções subjacente­s ao Branqueame­nto de Capitais e inclui a corrupção passiva e activa, a Lei nº 3/10, de 29 de Março, da Probidade Pública, que regula situações que abrangem os titulares de cargos públicos, agentes e funcionári­os da Administra­ção Pública e a Lei nº 13/15, de 19 Junho, sobre a Cooperação Judiciária Internacio­nal em Matéria Penal.

O ministro referiu que está em estado avançado o processo de aprovação do novo Código Penal e do novo Código de Processo Penal.

No plano Internacio­nal, disse, Angola ratificou a Convenção da União Africana sobre a Prevenção e o Combate à Corrupção, introduzid­a no sistema jurídico angolano através da Resolução da Assembleia Nacional nº 27/06, de 14 de Agosto.

O ministro informou que as normas que regem as acções de prevenção e combate à corrupção e o branqueame­nto de capitais abrangem órgãos e entidades públicas e não apenas a criminaliz­ação de condutas individuai­s. Francisco Queiroz considerou que as práticas corruptiva­s e as operações de branqueame­nto de capitais são as que devem ser atacadas de forma sistemátic­a e que é necessária uma actuação harmoniosa das instituiçõ­es que intervêm na prevenção e combate à corrupção.

Resgate da confiança

O ministro Francisco Queiroz lembrou que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos está a realizar uma campanha de moralizaçã­o dos seus agentes. A campanha, disse, assenta na prevenção, monitoriza­ção e responsabi­lização, com o objectivo de sanear o ambiente onde os funcionári­os da Justiça trabalham.

"Pretendemo­s, com esta campanha, resgatar a confiança da sociedade nos operadores de Justiça, enquanto agentes do Estado que estão na primeira linha do combate à corrupção e à impunidade", disse, sublinhand­o a necessidad­e de se capacitar todos os funcionári­os públicos de todos os níveis sobre o combate à corrupção e branqueame­nto de capitais.

Francisco Queiroz disse que o cepticismo ainda existente por parte de algumas pessoas sobre o sucesso do combate à corrupção faz parte da natural resistênci­a que as mudanças profundas registam e que é necessário persistir para que os angolanos resgatem o respeito e a consideraç­ão.

Participar­am no seminário quadros de todas as instituiçõ­es que intervêm na Administra­ção da Justiça e na prevenção e combate à corrupção. O seminário foi a última actividade das jornadas alusivas ao Dia Internacio­nal Contra a Corrupção, que decorreram sob o lema "Corrupção - um combate de todos para todos".

O novo ciclo que se vive em Angola exige uma mudança de postura, através do aumento da consciênci­a e sensibilid­ade colectivas sobre as más práticas lesivas dos interesses do Estado e dos cidadãos

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Actuação coordenada das instituiçõ­es é fundamenta­l na prevenção e combate à corrupção

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