Fugir dos gangues é requisito para pedir asilo nos EUA
obter asilo nos EUA, tem de provar sofrer um de cinco tipos de perseguição: raça, religião, nacionalidade, opinião política e grupo social. Este último ponto é a grande porta de saída para os milhares de centro-americanos que se amontoam em Tijuana. Podem ser pessoas que se opuseram aos gangues, activistas de Direitos Humanos, crianças que sobreviveram à violência intra-familiar, donos de propriedades roubadas ou preferências sexuais incompreendidas.
Todos têm direito a pedir asilo. E todos os entrevistados pela Lusa em Tijuana relataram perseguições mortais de gangues, conhecidas como “Maras” no Triângulo do Norte (El Salvador, Guatemala e Honduras).
“Fugi das Maras. Mataram quatro primos meus. Eles iam para o trabalho, quando foram sequestrados e mortos a tiro. Depois, no meio da noite, entraram na minha casa encapuzados e armados. As crianças viram tudo. Os ‘mareros’ disseram que a minha casa agora era deles e que saíssemos de casa ou que nos fuzilariam. Tivemos de sair no meio da noite”, descreve Johana, ainda incrédula: “Não consigo entender porquê. Somos uma família humilde”.
A perseguição da máfia hondurenha já a qualificaria para pedir asilo, mas Crianças que sobreviveram à violência familiar são prioridade entre os acolhidos o pesadelo continuou. “Saí de casa com as crianças e fui para a casa do pai delas. Ele batia-me”. À violência doméstica acrescenta outro ponto para o pedido de asilo. Como prova material, Johana mostra a mão e o rosto da filha mais velha. São queimaduras provocadas pelo pai. “Ele queria atirar água a ferver contra mim. Ela meteu-se no meio para me proteger. Vou argumentar violência doméstica. As meninas estão traumatizadas”, garante. “Quando tudo isso acabar, vou a Miami. Uma senhora lá vai ajudar-me”, confia Johana.