CARTAS DOS LEITORES
Falo sobre as declarações do ministro do Interior, segundo as quais “há uma campanha para denegrir o Ministério e os seus órgãos”. Bom, é verdade que o governante pode ter as suas razões, pode até eventualmente ter provas que fundamentem o que disse. Mas não faz sentido vir a público com afirmações que mais se assemelham a alarmismo do que propriamente realidade factual, com a qual os órgãos do Ministério do Interior melhor do que ninguém saberiam como lidar. Se há uma campanha contra o Ministério do Interior, inclusive para não atrapalhar o trabalho que os órgãos do Ministério do Interior iriam realizar para rastrear a origem dessa mesma campanha e levar às barras da justiça os seus artífices, não faz qualquer sentido vir a público queixar-se disso. Há assuntos muito mais importantes para o ministro trazer a público, em vez de factos que o ministério e os seus órgãos tratariam sem alarmismo. Ficaríamos todos contentes se o ministro viesse a público com os resultados de uma eventual investigação. Para terminar, gostaria de encorajar o Ministério do Interior e os seus órgãos a continuarem a fazer o seu FRANCISCO COSTA Viana
Cultura de denúncia
A cultura de denúncia que as instituições do Estado estão a promover em todo o país deve ser abraçada por todos. É sobre isso que escrevo para reforçar a ideia de que não se deve compreender a cultura de denúncia como uma espécie de reedição do conceito de "bufo". Como se sabe, antigamente ser "bufo" pressupunha colaboração com o colono. Hoje, o termo deu lugar a outras terminologias que levam muita gente a demarcar-se de procedimentos e comportamentos que possam ser interpretados como delatores, críticos ou denunciantes. Mas em todo o caso e porque nos encontramos a exercitar um novo paradigma em que práticas como a transparência e boa governação estão a ser as bandeiras, vamos mesmo primar pela cultura da denúncia. É preciso que denunciemos os casos que fazem mal a todos nós e não me refiro apenas aos casos de corrupção, mas inclusive outras situações que atrapalham a convivência na comunidade. Não se pode permitir que vizinhos "garimpem" água da rede pública, não sejam denunciados por pessoas que também acabam prejudicadas. Ao nível da gestão e recolha do lixo em muitas comunidades, também há muito que se diga na medida em que em muitos bairros os amontoados de lixo existem sem que a comissão de bairro funcione.
Nível de aproveitamento
Sou encarregado de educação e pelos resultados verificados em muitas escolas, julgo que as pautas estão bonitas pela coloração azul que as mesmas aparentam. Parece haver um excelente nível de aproveitamento dos alunos em muitas escolas, a julgar pela forma como se verificaram as transições de classe. Em todo o caso, o nosso ensino está a deixar de ser competitivo na medida em que há um elevado número de transições mesmo entre alunos que em princípio deviam reprovar. Penso que está na hora de uma reforma dentro da própria Reforma Educativa na medida em que, como já se chegou a concluir, esta importante instituição tem de ser revista. O nosso ensino precisa de ser resgatado para se tornar competitivo.