Mundo deve “fazer mais” para travar o aquecimento
O mundo precisa de “fazer mais e mais rápido” para prevenir o aquecimento global numa escala que causaria danos ambientais irreversíveis e afectaria duramente sociedades mais pobres, alertou ontem um alto responsável da ONU.
Hoesung Lee, que preside ao Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), falava em Katowice, na Polónia, onde decorre a 24ª conferência da ONU sobre alterações climáticas (COP24). O responsável disse que os cientistas fizeram uma revisão exaustiva dos dados para fazer o mais recente relatório do IPCC.
O documento do organismo da ONU, apresentado em Outubro, refere que se nada for feito, a subida das temperaturas vai ser muito superior aos números inicialmente previstos. Países como os EUA e Rússia consideraram que o relatório não era credível.
“O relatório mostra que é preciso uma acção urgente”, disse Lee, depois de no sábado, EUA, Rússia, Arábia Saudita e Koweit terem bloqueado, na COP24, o endosso do documento, o que deixou revoltados grupos ambientalistas.
Os cientistas dizem que as emissões de gases com efeito estufa, como o dióxido de carbono, precisam de cair significativamente até 2030, e chegar a perto de zero em 2050, para conseguir que a temperatura não suba além de 1,5 graus em relação à época pré-industrial.
“Estamos a caminhar na direcção certa em muitas áreas, mas precisamos de fazer mais e mais depressa”, disse o responsável, acrescentando que começar mais cedo a redução nas emissões daria ao mundo espaço para outras acções no futuro.
Segundo Hoesung Lee, fazer mais agora reduz a dependência de técnicas “não comprovadas e arriscadas” para remover o dióxido de carbono da atmosfera. E fazer menos é comprometer as pessoas de hoje com os riscos conhecidos de ultrapassar os 1,5 graus, com grande probabilidade de “perda irreversível de ecossistemas e choques nas necessidades básicas das mais frágeis sociedades humanas”.