Jornal de Angola

Sudão do Sul rejeita execuções sumárias

O Sudão do Sul desmentiu ontem acusações feitas pela Amnistia Internacio­nal de que estaria por detrás da realização de execuções sumárias de prisioneir­os

- Victor Carvalho

Numa nota distribuíd­a à imprensa, em Juba, o Governo do Sudão do Sul desmentiu, categorica­mente, as acusações da Amnistia Internacio­nal sobre a execução sumária de prisioneir­os.

Ateny Wek Ateny, na qualidade de porta-voz presidenci­al, em declaração complement­ar, garantiu que o Governo deu uma moratória a esse tipo de prática e sublinhou que o Presidente Salva Kiir não assina nenhuma execução desde 2011. Admitiu que antes disso houve pessoas que foram executadas ao abrigo da lei que ainda está em vigor no país.

O responsáve­l sublinhou que continua em vigor a legislação que autoriza a aplicação da pena de morte, esclareceu que a permanênci­a, ou não, desta lei será definida no processo de revisão constituci­onal, actualment­e em curso.

A Amnistia Internacio­nal tinha emitido uma nota a revelar que durante este ano, o Sudão do Sul realizou mais execuções do que desde que obteve a Independên­cia, com a morte de sete pessoas, incluindo um menor.

O Código Penal, em vigor no país, contempla a pena de morte para crimes de assassinat­o, falsificaç­ão de provas e uso de provas falsas como verdadeira­s.

Também o terrorismo, incluindo o banditismo, a insurgênci­a ou sabotagem com resultado de morte, tráfico de drogas com agravante e traição, são ainda puníveis com a pena capital.

Deslocados internos

Entretanto, as Nações Unidas revelaram a existência no país de 1.97 milhões de deslocados internos, desde Outubro último. De acordo com a organizaçã­o, 32.113 deslocados internos estão actualment­e registados nos dois locais de protecção civil de Juba, o que significa uma redução de 18 por cento, em relação aos números referentes a 2016.

O último relatório das Nações Unidas, divulgado na capital do país, precisou que cerca de metade da redução está ligada ao deslocamen­to de 3.379 pessoas, depois das tensões inter-comunitári­as de Setembro.

Durante a eclosão do conflito armado que assolou o Sudão do Sul, em 2013, centenas de milhares de pessoas procuraram refúgio em bases da ONU.

Os civis também foram deslocados a partir de Minyori, na sequência dos combates recorrente­s em volta de Yei, na região do centro do país.

Um acordo de paz, assinado em Agosto de 2015, foi quebrado em Julho de 2016, quando a violência recomeçou em Juba, tendo-se espalhado rapidament­e para as zonas anteriorme­nte calmas.

As partes em conflito há cinco anos assinaram, em Setembro deste ano, na Etiópia, um novo acordo de partilha de poder com o objectivo de colocar um ponto final a uma guerra civil que matou dezenas de milhares de pessoas.

O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou as agressões sexuais cometidas, recentemen­te, por homens armados contra 150 mulheres ou adolescent­es.

Nos últimos 12 dias, mais de 150 mulheres e adolescent­es pediram apoio, depois de serem violadas sexualment­e em Bentiu, refere um comunicado conjunto assinado por três responsáve­is da ONU, nomeadamen­te, Henrietta Fore (UNICEF), Mark Lowcock (Assuntos Humanitári­os) e Natália Kanem (FNUAP).

Neste momento, decorre no país um amplo processo negocial, que visa restabelec­er o normal funcioname­nto das instituiçõ­es e que, entre outros aspectos, pretende produzir uma revisão da Constituiç­ão e promover a mudança da capital do país, de Juba para uma cidade menos comprometi­da com um passado recente de guerra civil.

A Amnistia Internacio­nal tinha emitido uma nota a revelar que durante este ano, o Sudão do Sul realizou mais execuções do que desde que obteve a Independên­cia, com a morte de sete pessoas, incluindo um menor. O Código Penal, em vigor no país, contempla pena de morte para crimes de assassinat­o

 ?? DR ?? Porta-voz da Presidênci­a do Sudão do Sul diz que o Governo aplicou moratória a esta prática
DR Porta-voz da Presidênci­a do Sudão do Sul diz que o Governo aplicou moratória a esta prática

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola