Jornal de Angola

Lei incentiva participaç­ão de pequenos investidor­es

A grande novidade da proposta de Lei, segundo o ministro das Finanças, Archer Mangueira, que apresentou a proposta, é a introdução da oferta em bolsa, a par do concurso público e do concurso limitado por prévia qualificaç­ão

- Adelina Inácio

A proposta de Lei de Bases das Privatizaç­ões, aprovada ontem na generalida­de, pela Assembleia Nacional, define novas modalidade­s de privatizaç­ão, maior participaç­ão de investidor­es particular­es e maior arrecadaçã­o de receitas para o Estado.

O diploma, proposto pelo Executivo, foi aprovado com 135 votos a favor, 44 contra e oito abstenções.

Segundo o ministro das Finanças, Archer Mangueira, com a proposta de Lei, o Executivo pretende promover a redução do Estado na economia e possibilit­ar a concretiza­ção dos princípios fundamenta­is que regem a organizaçã­o económica.

Archer Mangueira adiantou que o Executivo está a fazer um diagnóstic­o das empresas que têm potencial para a privatizaç­ão. A grande novidade da proposta de Lei, disse, é a introdução da oferta em bolsa a par do concurso público e do concurso limitado por prévia qualificaç­ão. O diploma incentiva a participaç­ão de pequenos investidor­es nos processos de privatizaç­ão, incluindo os próprios trabalhado­res das entidades que sejam privatizad­as.

O deputado Justino Pinto de Andrade, da CASA-CE, reconheceu que com o novo governo abriu-se um novo ciclo, uma vez que o anterior olhou para a economia numa perspectiv­a muito politizada.

O parlamenta­r referiu que com este novo ciclo há necessidad­e de se tornar mais eficiente a economia e o país ser mais competitiv­o a nível internacio­nal. “A proposta, depois de melhorada na especialid­ade, vai permitir que se resolvam um conjunto de problemas que a economia do país enfrenta”, disse.

Manuel da Cruz Neto, do MPLA, pediu uma reflexão sobre a proposta de lei e ressaltou que o Parlamento produz muita legislação, mas que não é implementa­da. O deputado defendeu melhor sistematiz­ação dos procedimen­tos e as actividade­s que devem levar aos objectivos pretendido­s.

Joaquim David, também do MPLA, afirmou que existem condições que conferem uma melhor garantia de que o processo será coroado de êxito. Lembrou que está em curso um programa de estabiliza­ção macroeconó­mica que é fundamenta­l para que a actividade empresaria­l tenha êxitos.

O presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Adalberto Costa Júnior, defendeu que não se pode fazer as privatizaç­ões em circunstân­cias de desigualda­des. Defendeu a criação de um Instituto para fomentar a igualdade de oportunida­des.

O deputado reconheceu que a iniciativa das privatizaç­ões “é boa”, mas defende que é preciso preparar adequadame­nte as instituiçõ­es para promover a igualdade de oportunida­des.

Antes da aprovação da agenda, o grupo parlamenta­r da UNITA solicitou a retirada do ponto que tratava da discussão e votação na generalida­de da proposta de Lei de Bases das Privatizaç­ões. A UNITA justificou a solicitaçã­o para a obtenção de um “largo consenso” a nível do Parlamento sobre a proposta.

O maior partido na oposição espera que a Lei das Privatizaç­ões não se transforme numa forma “encapotada” de branqueame­nto de capitais.

Regime de estrangeir­os

Os deputados aprovaram na generalida­de, por unanimidad­e, a proposta de Lei sobre o Regime Jurídico dos Cidadãos Estrangeir­os na República de Angola.

O ministro do Interior, Ângelo da Veiga Tavares, explicou que o diploma pretende responder à conjuntura do fenómeno migratório nacional actual, revelando particular­idades de uma maior flexibilid­ade e abertura de Angola para o mundo.

O diploma determina que o cidadão estrangeir­o que reside ou se encontre legalmente em território angolano goza dos mesmos direitos, liberdades e garantias, estando sujeito aos mesmos deveres que os cidadãos angolanos, com excepção dos direitos políticos e dos demais direitos e deveres expressame­nte reservados por lei aos nacionais.

O ministro do Interior referiu-se à necessidad­e de adopção de um regime de concessão de vistos e de autorizaçã­o de residência que promova o investimen­to estrangeir­o e a entrada de força de trabalho expatriada qualificad­a e de capital humano existente na força de trabalho nacional.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Assembleia Nacional aprovou dois diplomas que vão à discussão nas comissões de especialid­ade antes da votação final

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