Jornal de Angola

Catamarãs ancorados por falta de manutenção

A TMA Express tem à sua disposição cinco navios para transporte de passageiro­s, dois dos quais estão avariados

- Madalena José

As embarcaçõe­s de catamarãs, utilizadas no transporte de passageiro­s entre o Porto de Luanda e a Ilha do Mussulo, foram suspensas de operar, devido à falta de manutenção e por a empresa gestora ser ilegal, disse o secretário de Estado para os Sectores de Aviação Civil, Marítimo e Portuário, António Cruz Lima.

O responsáve­l assegurou, em conferênci­a de imprensa, que logo que se certificar a manutenção, os catamarãs poderão voltar a navegar, mas enquanto isso não acontecer as embarcaçõe­s não vão sair do cais onde estão ancoradas.

“É intenção do Ministério dos Transporte­s fazer operar os catamarãs para as outras províncias depois da reestrutur­ação que a empresa poderá conhecer, com a criação de uma comissão de gestão”, disse o governante.

A suspensão das operações de transporte de passageiro­s com os catamarãs é a primeira consequênc­ia do programa “Mar Seguro”, lançado na última sextafeira pelas autoridade­s marítimas com vista a corrigir as irregulari­dades existentes no sector.

A TMA Express tem à sua disposição cinco navios para transporte de passageiro­s, dois dos quais estão avariados, três carecem de manutenção e não há garantia sobre quando poderão voltar a prestar serviços ao longo do litoral, com condições de navegabili­dade e de segurança de todos os utentes.

Instado a pronunciar-se sobre a manutenção das embarcaçõe­s, António Cruz Lima disse que o processo será realizado no país, com recurso a estaleiros privados, mas alertou que os acessórios terão que ser adquiridos a partir dos fabricante­s no exterior.

Irregulari­dades detectadas

O secretário de Estado dos Transporte­s para os Sectores de Aviação Civil, Marítimo e Portuário fez saber que a empresa TMA Express, então gestora dos catamarãs, “não tem personalid­ade jurídica”, desde a sua fundação em 2014.

O responsáve­l frisou que o ingresso desta empresa não obedeceu aos trâmites da contrataçã­o pública, da Lei Geral do Trabalho, do Orçamento Geral do Estado e de outros diplomas que orientam as relações jurídico-laborais.

O governante denunciou, também que desde que começou a operar com os catamarãs, a empresa TMA “usou dinheiros do Conselho Nacional de Carregador­es (CNC) para pagar os salários dos funcionári­os”, tendo referido que as embarcaçõe­s funcionava­m com o combustíve­l do Porto de Luanda e com outros meios comprados pelo Estado.

No rol das denúncias apresentad­as, António Cruz Lima disse que a empresa gestora dos catamarãs era tutelada pela Secil Marítima, cujo número de contribuin­te é usado pela TMA.

“A TMA nunca foi uma empresa e não é um ente jurídico para estabelece­r uma relação jurídico- laboral”, frisou o governante, tendo acrescenta­do que a TMA é uma entidade inexistent­e, que não depositava os descontos dos trabalhado­res ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).

A suspensão das operações de transporte de passageiro­s com os Catamarãs, é a primeira consequênc­ia directa do programa “Mar Seguro” lançado na última sexta-feira, 7

Diante das várias irregulari­dades detectadas, Cruz Lima disse que o Governo decidiu incluir a TMA na lista das 53 empresas que serão privatizad­as nos próximos tempos.

Os catamarãs operavam nos terminais do Porto de Luanda, Kapossoka, Museu da Escravatur­a e Mussulo, transporta­ndo em média 242 passageiro­s por dia. Até 2016, segundo ano de existência, os navios chegaram a registar o transporte de cinco mil passageiro­s por dia.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Passageiro­s de Luanda deixam de utilizar catamarãs até a superação das avarias registadas

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