Incêndio destrói oito mil máquinas de voto na RDC
A dez dias das eleições gerais, na RDC, um incêndio de grandes proporções destruiu, ontem, em Kinshasa, um depósito onde se encontravam oito mil máquinas de voto electrónico. As causas do incidente ainda não estavam confirmadas até à hora do fecho desta edição, mas não há dúvidas de que se trata de um rude golpe à Comissão Nacional Eleitoral. Dias antes, a representante especial do Secretário-Geral da ONU, Leila Zerrougui, manifestou-se preocupada com a violência eleitoral no país. O incêndio terá tido mão criminosa, segundo observadores. Os agentes que estavam de guarda ao armazém incendiado foram detidos.
A violência que grassa na RDC a pouco mais de uma semana da ida às urnas preocupa vários países e organizações que acompanham de perto a situação, marcada ontem por um violento incêndio, em Kinshasa, que destruiu milhares de máquinas electrónicas onde os eleitores deveriam votar no dia 23
Um violento incêndio destruiu, ontem, ao fim da manhã, em Kinshasa, um depósito onde se encontravam milhares de máquinas de voto electrónico destinadas a serem usadas nas eleições do dia 23.
As causas do incêndio não estavam confirmadas à hora de fecho desta edição, mas trata-se de um “rude golpe para a Comissão Nacional Eleitoral Independente”, a pouco mais de uma semana da ida às urnas.
Este é mais um exemplo da violência a marcar os dias que antecedem a ida às urnas, situação que já mereceu reacções da parte de diversos países e organizações.
Na véspera, a representante especial do SecretárioGeral da ONU na RDC, Leila Zerrougui, manifestou-se preocupada com a violência eleitoral no país.
Numa declaração tornada pública, a chefe da Missão da ONU condenou os obstáculos colocados à campanha eleitoral dos candidatos da oposição nas várias regiões, mencionando, particularmente, os incidentes de Kindu (Maniema), Lubumbashi (Tanganyika) e Kalemie. Nesta última cidade, elementos ligados à Maioria Presidencial são acusados de terem morto três apoiantes do candidato Martin Fayulu.
Também a França, atra- vés do Ministério francês dos Negócios Estrangeiros, diz-se preocupada com as informações, segundo as quais, balas reais foram disparadas pelas forças da ordem para dispersar membros da Plataforma Lamuka, que apoia o candidato Martin Fayulu.
O Reino Unido pediu aos seus cidadãos que abandonem o país antes do dia 17. O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, desaconselhou os compatriotas residentes na RDC a viajarem para algumas províncias congolesas.
Observadores no terreno
Os cerca de 200 observadores africanos encarregados de fiscalizar as eleições do dia 23 começaram a chegar à RDC, estando a ser desdobrados pelos pontos mais importantes do país, disse o representante da União Africana em Kinshasa.
Segundo Abdou Abarry, representante da União Africana na RDC, a organização já tem no terreno 20 observadores e espera, ainda este fim-de-semana, a chegada de mais 80 para depois serem enviados para diversos pontos do país, de modo a acompanharem os últimos passos da preparação do processo eleitoral.
O mesmo responsável adiantou que a Comunidade Económica dos Estados de África Central (CEEAC), composta por 11 países, vai desdobrar 20 observadores. A Comunidade do Desenvolvimento de África Austral (SADC) apresentou uma missão de 94 membros, dos quais 73 já se encontram em 16 das 26 províncias da RDC.
Numa recente entrevista publicada pelo diário belga “Le Soir”, o Presidente Joseph Kabila declarou que estão preparados mais de 40 mil observadores nacionais, recentemente formados, e também representantes de diferentes partidos políticos.
Aproximadamente 40 milhões de eleitores foram registados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) para as eleições presidenciais, legislativas e provinciais do dia 23, mas em Maio, a Organização Internacional da Francofonia identificou cerca de 16,6 por cento de eleitores sem impressões digitais registadas para participarem no sistema de voto electrónico, método aprovado para a votação.
O director de campanha de Martin Fayulu Madidi, Perre Lumbi, admitiu a possibilidade de a Plataforma Lamuka (Acorda) vir a aceitar o sistema de voto electrónico.
“Vamos decidir nos próximos dias a possível aceitação desse método de votar”, disse aos jornalistas Pierre Lumbi. Por enquanto, afirmou, “continuamos a rejeitar o sistema, por ser ilegal.”