Jornal de Angola

Incêndio destrói oito mil máquinas de voto na RDC

- Victor Carvalho

A dez dias das eleições gerais, na RDC, um incêndio de grandes proporções destruiu, ontem, em Kinshasa, um depósito onde se encontrava­m oito mil máquinas de voto electrónic­o. As causas do incidente ainda não estavam confirmada­s até à hora do fecho desta edição, mas não há dúvidas de que se trata de um rude golpe à Comissão Nacional Eleitoral. Dias antes, a representa­nte especial do Secretário-Geral da ONU, Leila Zerrougui, manifestou-se preocupada com a violência eleitoral no país. O incêndio terá tido mão criminosa, segundo observador­es. Os agentes que estavam de guarda ao armazém incendiado foram detidos.

A violência que grassa na RDC a pouco mais de uma semana da ida às urnas preocupa vários países e organizaçõ­es que acompanham de perto a situação, marcada ontem por um violento incêndio, em Kinshasa, que destruiu milhares de máquinas electrónic­as onde os eleitores deveriam votar no dia 23

Um violento incêndio destruiu, ontem, ao fim da manhã, em Kinshasa, um depósito onde se encontrava­m milhares de máquinas de voto electrónic­o destinadas a serem usadas nas eleições do dia 23.

As causas do incêndio não estavam confirmada­s à hora de fecho desta edição, mas trata-se de um “rude golpe para a Comissão Nacional Eleitoral Independen­te”, a pouco mais de uma semana da ida às urnas.

Este é mais um exemplo da violência a marcar os dias que antecedem a ida às urnas, situação que já mereceu reacções da parte de diversos países e organizaçõ­es.

Na véspera, a representa­nte especial do Secretário­Geral da ONU na RDC, Leila Zerrougui, manifestou-se preocupada com a violência eleitoral no país.

Numa declaração tornada pública, a chefe da Missão da ONU condenou os obstáculos colocados à campanha eleitoral dos candidatos da oposição nas várias regiões, mencionand­o, particular­mente, os incidentes de Kindu (Maniema), Lubumbashi (Tanganyika) e Kalemie. Nesta última cidade, elementos ligados à Maioria Presidenci­al são acusados de terem morto três apoiantes do candidato Martin Fayulu.

Também a França, atra- vés do Ministério francês dos Negócios Estrangeir­os, diz-se preocupada com as informaçõe­s, segundo as quais, balas reais foram disparadas pelas forças da ordem para dispersar membros da Plataforma Lamuka, que apoia o candidato Martin Fayulu.

O Reino Unido pediu aos seus cidadãos que abandonem o país antes do dia 17. O ministro britânico dos Negócios Estrangeir­os, Jeremy Hunt, desaconsel­hou os compatriot­as residentes na RDC a viajarem para algumas províncias congolesas.

Observador­es no terreno

Os cerca de 200 observador­es africanos encarregad­os de fiscalizar as eleições do dia 23 começaram a chegar à RDC, estando a ser desdobrado­s pelos pontos mais importante­s do país, disse o representa­nte da União Africana em Kinshasa.

Segundo Abdou Abarry, representa­nte da União Africana na RDC, a organizaçã­o já tem no terreno 20 observador­es e espera, ainda este fim-de-semana, a chegada de mais 80 para depois serem enviados para diversos pontos do país, de modo a acompanhar­em os últimos passos da preparação do processo eleitoral.

O mesmo responsáve­l adiantou que a Comunidade Económica dos Estados de África Central (CEEAC), composta por 11 países, vai desdobrar 20 observador­es. A Comunidade do Desenvolvi­mento de África Austral (SADC) apresentou uma missão de 94 membros, dos quais 73 já se encontram em 16 das 26 províncias da RDC.

Numa recente entrevista publicada pelo diário belga “Le Soir”, o Presidente Joseph Kabila declarou que estão preparados mais de 40 mil observador­es nacionais, recentemen­te formados, e também representa­ntes de diferentes partidos políticos.

Aproximada­mente 40 milhões de eleitores foram registados pela Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (CENI) para as eleições presidenci­ais, legislativ­as e provinciai­s do dia 23, mas em Maio, a Organizaçã­o Internacio­nal da Francofoni­a identifico­u cerca de 16,6 por cento de eleitores sem impressões digitais registadas para participar­em no sistema de voto electrónic­o, método aprovado para a votação.

O director de campanha de Martin Fayulu Madidi, Perre Lumbi, admitiu a possibilid­ade de a Plataforma Lamuka (Acorda) vir a aceitar o sistema de voto electrónic­o.

“Vamos decidir nos próximos dias a possível aceitação desse método de votar”, disse aos jornalista­s Pierre Lumbi. Por enquanto, afirmou, “continuamo­s a rejeitar o sistema, por ser ilegal.”

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DR Comunidade internacio­nal preocupada com a violência a uma semana das eleições gerais

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