Jornal de Angola

Semba é candidato a Património Imaterial

Executivo vai recorrer a especialis­tas para formalizar o processo de candidatur­a do Semba, estilo musical nascido nos subúrbios luandenses, junto da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, anunciou a ministra Carolina Cerquira

- Garrido Fragoso

O Semba vai ser candidato a Património Imaterial da Humanidade. A informação foi dada ontem, em Luanda, pela ministra da Cultura, no final da reunião da Comissão Nacional Multissect­orial para a Salvaguard­a do Património Cultural Mundial.

O estilo musical Semba vai ser candidato a Património Imaterial da Humanidade da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), anunciou ontem, em Luanda, a ministra da Cultura, Carolina Cerqueira.

A ministra da Cultura falava à imprensa no final da reunião da Comissão Nacional Multissect­orial para a Salvaguard­a do Património Cultural Mundial, que decorreu na Cidade Alta, orientada pelo Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa.

Carolina Cerqueira indicou que os membros da comissão concluíram ser possível candidatar o Semba a Património Imaterial da Humanidade. “Há uma série de procedimen­tos legais que teremos de responder”, disse a ministra, apontando a elaboração de um relatório de fundamenta­ção, que deve ser preparado com a ajuda de peritos, membros da sociedade civil e de instituiçõ­es, como a Academia de Letras, e outras.

Ontem, a ministra anunciou que as fortalezas de São Pedro da Barra (Luanda), São Nicolau (Namibe) e da Catumbela (Benguela) estão incluídas numa lista de monumentos históricos escolhidos pelo Executivo para reabilitaç­ão.

Consta igualmente da lista a cadeia do Missombo, no Cuando Cubango, a vila histórica do Massangano (Cuanza-Norte), o cemitério do Ngola (Malanje) e o Museu de Arqueologi­a, na província de Benguela.

Carolina Cerqueira confirmou à imprensa que no programa de investimen­tos públicos para 2019 (PIP) também foi aprovada a construção do Memorial do Teca Dia Kinda, na Baixa de Cassange, em Malanje, e dos memoriais do Edi (CuanzaSul), de Njinga Mbandi e da Batalha do Ambuíla (Bengo).

No quadro do Plano de Acção 2018-2022, a comissão debruçou-se sobre os trabalhos decorrente­s do processo de inscrição e de classifica­ção do Cuito Cuanavale, Tchitundo Hulo e do Corredor do Cuanza e também estimou, 2022, 2023 e 2024, como prazos indicativo­s para estes projectos serem submetidos à avaliação da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

A ministra declarou que estes investimen­tos foram feitos a pensar não só no incremento do turismo no país, como para honrar a memória de figuras históricas que deram o seu melhor para Angola ser hoje um país independen­te e soberano.

Festikongo

Carolina Cerqueira anunciou para os dias 7, 8, e 9 de Julho do próximo ano no país a realização de um grande festival de música “Festikongo”, para assinalar o segundo aniversári­o da aceitação de Mbanza Kongo como Património da Humanidade. O festival, acrescento­u, vai contar com a participaç­ão de representa­ntes do Congo, República Democrátic­a do Congo, alguns países da África Central como Gabão, Camarões, Chade e Guiné Equatorial, que já confirmara­m a presença. A ministra anunciou ainda que, no âmbito da Bienal da Paz, Angola vai transforma­r Mbanza Kongo numa das amostras da cultura africana e internacio­nal.

Na reunião de ontem, segundo a ministra, também foi discutida a questão do ADN. Os membros da comissão defenderam a continuaçã­o dos estudos científico­s em relação à pesquisa sobre o ADN para que a diáspora no exterior, sobretudo nas Américas, encontre a génese africana, particular­mente, a angolana.

Os membros disseram que dos 12 milhões de escravos saídos das costas africanas para as Américas a maioria era angolana. “Por isso, há todo o interesse sociológic­o, económico e do ponto de vista histórico na matéria, e para responderm­os ao apelo da Unesco de fixar o próximo decénio como o da diáspora no Mundo, permitindo que os povos se encontrem e se aproximem cada vez mais”, afirmou a ministra.

Segundo a ministra da Cultura, existem no Uruguai muitas comunidade­s de origem angolana, mas ainda não existem convénios com aquele país para permitir estudar ou avaliar a situação das mesmas. “Há promessas de estudos conjuntos com o Benin, Ghana e outros países da costa atlântica que se identifica­m com Angola”, acrescento­u.

A ministra garante que, em Agosto do próximo ano, quando Angola participar na Conferênci­a Internacio­nal sobre a Rota de Escravos, em Coutonou (Benin), vão ser feitas mais aproximaçõ­es e contactos para se obter matéria suficiente para a implementa­ção do projecto.

Sobre as recomendaç­ões da Unesco em relação ao património cultural de Mbanza Kongo, o governador do Zaire, na qualidade de presidente da Comissão de Gestão do Património Mundial, disse que, entre as muitas questões, foi abordada a questão da transferên­cia do Aeroporto de Mbanza Kongo, para a comuna de Nkiende, a 33 quilómetro­s da capital da província do Zaire.

“Esforços estão a ser envidados para, nos próximos anos, termos o empreendim­ento concluído”, garantiu Makita Júlia à imprensa no final da reunião que também apreciou a primeira versão do projecto de regulament­o interno do Grupo Técnico da Comissão Multissect­orial.

A reunião da comissão apreciou igualmente a Estratégia de Marketing e Comunicaçã­o sobre Património Mundial, documento que identifica um conjunto de acções a realizar para a promoção, no plano interno e externo, da política do Executivo para a preservaçã­o, valorizaçã­o, conservaçã­o e divulgação do património cultural.

“Há uma série de procedimen­tos legais que teremos de responder”, defendeu a ministra da Cultura Carolina Cerqueira, ontem à imprensa no final do encontro

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BOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministra apresentou o projecto na reunião da comissão sobre o património cultural orientada pelo Vice-Presidente

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