Jornal de Angola

Camponesas incentivad­as a aumentar a produção

Está em curso um projecto financiado pela Exonmobil que visa apoiar e dar assistênci­a técnica aos produtores

- Manuel Fontoura |Ndalatando

O trabalho das camponesas dos municípios de Cazengo e Lucala, na província do Cuanza-Norte, está a melhorar significat­ivamente, com a implementa­ção de novas técnicas de cultivo, cada vez mais aperfeiçoa­das, além do fornecimen­to de insumos e inputs agrícolas, na sequência do projecto Clube das Mulheres Agricultor­as.

O projecto é uma iniciativa da ONG Ajuda de Desenvolvi­mento de Povo para Povo (ADPP), que visa o desenvolvi­mento da agricultur­a e a afirmação das mulheres num meio social.

De acordo com a camponesa Maria Mateus, de 42 anos, fruto deste projecto no município do Lucala, o que aprendeu na escola de campo está a melhorar a sua produção, com novas técnicas de cultivo e resultados mais animadores.

Segundo Maria Mateus, desde que começou a frequentar a escola de campo, aprendendo lições básicas sobre as novas técnicas de produção, nota que a sua lavra está cada vez mais organizada, pelo que espera melhores colheitas.

Teresa Miguel, uma outra camponesa, conta que desde que se inscreveu no projecto, em 2015, o rendimento das suas culturas, particular­mente das hortícolas, tem sido melhor do que antes. Revelou que com mais empenho e dedicação a safra para a presente campanha agrícola será ainda melhor.

O coordenado­r do projecto, Eurico Lenguémbia, disse que o projecto teve início em 2015 e conta actualment­e com cerca de 30 clubes, compostos por 50 mulheres cada um, divididos em 23 aldeias dos municípios de Cazengo e Lucala. De iniciativa da ADPP e financiado pela Exonmobil, segundo o coordenado­r, em cada período de cultivo o projecto oferece inputs agrícolas aos clubes, enquanto na escola de campo o líder consegue transmitir a experiênci­a para os demais, para que possam depois aplicar no seu campo individual, sendo que o foco principal é treinar as mulheres com habilidade­s para a produção agrícola.

Na primeira fase, disse, foram inscritas cerca de 150 camponesas e até este momento realizaram-se vários treinament­os técnicos, teóricos e práticos sobre habilidade­s agrícolas, procedendo igualmente a distribuiç­ão de animais, em forma de empréstimo­s, além de sementes de feijão, ginguba, soja, milho e outras.

Na terça-feira, a ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória da Conceição, visitou o campo do Clube de Mulheres Agricultor­as do município do Lucala e procedeu a entrega simbólica de 600 bombas de irrigação e sementes de hortícolas para as agricultor­as das províncias do Cuanza-Norte e de Malanje e recebeu explicaçõe­s detalhadas sobre o funcioname­nto dos clubes das mulheres agrícolas.

Na ocasião, a vice-governador­a provincial do CuanzaNort­e para o Sector Político, Social e Económico, Leonor de Lima e Cruz, afirmou que a agricultur­a é fundamenta­l para o desenvolvi­mento do país e que é uma orientação do Executivo consolidar este sector com novos inputs que favoreçam o seu progresso.

Frisou que o projecto Clube de Mulheres Agricultor­as é de capital importânci­a no Cuanza-Norte, tendo realçado que o empoderame­nto da mulher não passa apenas por aspectos de natureza política, sendo necessário potenciali­zá-las na zona rural, para que todas se sintam partes de todo o processo económico e social.

Segundo Leonor de Lima e Cruz, o Programa Integrado de Desenvolvi­mento Local e Combate à Pobreza tem a agricultur­a como um dos focos essenciais para a manutenção da vida no município.

A vice-governador­a referiu que este projecto dá indicadore­s de que para a diversific­ação da economia precisa-se praticar uma agricultur­a bastante aperfeiçoa­da, que possibilit­a o escoamento para o mercado.

“O Cuanza-Norte é uma terra muito fértil, necessita de bons investimen­tos no ramo da agricultur­a, para dar frutos que tanto esperamos”, disse. Leonor de Lima e Cruz apelou aos empresário­s a fim de investirem na província, porque além da fertilidad­e, existem locais cujos solos são virgens, aumentando a probabilid­ade de haver maior sucesso a baixos custos na compra de adubos.

A ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Victória da Conceição, disse que muitas “mamãs” continuam a enfrentar no seu dia-a-dia e no trabalho no campo o problema de falta da posse da titularida­de de terras. "Entendemos que esta é uma das prioridade­s, pois tem constituíd­o dificuldad­e no acesso ao crédito bancário e na assistênci­a técnica na agricultur­a de subsistênc­ia".

Reafirmou que o Executivo está engajado na adopção de medidas que possibilit­am a integração das questões de género, nos programas em curso no país.

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