Jornal de Angola

Mentiras derrubam homens de Trump

Trabalhar para Trump exige lealdade e mentir, se necessário, para manter a narrativa do chefe. Investigaç­ão de Robert Mueller revelou vários casos. O próprio Trump já disse mais de 6.400 mentiras. A reportagem vem no Diário de Notícias

-

Michael Cohen, Paul Manafort, Michael Flynn, Roger Stone, George Papadopoul­os. O que une estes homens? Todos trabalhara­m com Donald Trump e foram todos apanhados a mentir.

Michael Cohen, Paul Manafort, Michael Flynn, Roger Stone, George Papadopoul­os. O que une estes homens? Todos trabalhara­m com Donald Trump e foram todos apanhados a mentir durante a investigaç­ão do procurador especial Robert Mueller à alegada ingerência russa nas presidenci­ais americanas de 2016.

Uma tendência para distorcer a verdade que tem marcado o mandato de Trump, desde o primeiro momento - a começar pela afirmação do então porta-voz da Casa Branca Sean Spicer, de que a posse do republican­o, a 20 de Janeiro de 2017, tivera a maior assistênci­a de sempre. Uma afirmação rapidament­e desmentida pelas imagens. E uma tendência à qual o próprio Chefe de Estado não escapa: até 30 de Outubro, acumulou 6.420 mentiras.

As contas são do The Washington Post, que, através do Fact Checker, monitoriza todas as mentiras do Presidente. E a conclusão é clara: estas têm vindo a aumentar. Nos primeiros nove meses, o republican­o fez 1.318 alegações falsas - uma média de cinco por dia. Mas nas sete semanas antes das eleições intercalar­es de 6 de Novembro, entre tweets e comícios país fora, o número passou para 30 por dia, ao todo 1.419.

Os temas, esses, repetem-se: reivindica o maior corte nos impostos de toda a história, a melhor economia de sempre ou já estar em construção o muro na fronteira com o México. O recorde num só dia, ainda segundo o Fact Checker, teve lugar a 7 de Setembro, com 125 afirmações falsas em 120 minutos.

Mas, se no caso de Trump, as mentiras ainda não tiveram outra consequênc­ia, além de indignar muitos eleitores e de serem denunciada­s pelos media que o Presidente apelida de "falsos", para muitos dos seus colaborado­res, podem custar-lhes a liberdade.

Michael Cohen, ex-advogado e homem de confiança do Presidente, admitiu na semana passada ter mentido no Congresso sobre os planos de Trump para construir uma torre em Moscovo. Além de ter também prestado declaraçõe­s falsas sobre os pagamentos que fez a várias mulheres, para ocultar um escândalo sexual que podia custar a eleição ao então candidato presidenci­al. Estas mentiras foram confirmada­s num memorando divulgado pela equipa de Mueller há uma semana e no qual o procurador especial detalha a colaboraçã­o do advogado. Na última quarta-feira, Cohen foi condenado a três anos de prisão, por financiame­nto ilegal de campanha, evasão fiscal e... por mentir no Congresso.

Também na semana passada, Mueller divulgou outro memorando, desta vez sobre Paul Manafort. O ex-gestor de campanha de Trump é acusado de mentir em tribunal, violando o acordo que fizera com a justiça. Em causa está o facto de, entre 2000 e 2013, ter recebido 65 milhões de dólares de oligarcas ucranianos para aconselhar o Presidente pró-russo Viktor Ianukovich. Uma relação sobre a qual mentiu aos investigad­ores, antes de se declarar culpado e fazer um acordo, aceitando cooperar. Apenas para voltar a mentir.

Mentiu também o ex-conselheir­o presidenci­al George Papadopoul­os, quando negou contactos com intermediá­rios russos nos interrogat­órios do FBI. Mentiu o ex-assessor político Roger Stone, quando garantiu a Mueller que nada sabia sobre a intenção da WikiLeaks de divulgar os e-mails de Hillary Clinton, a candidata democrata em 2016.

E mentiu Michael Flynn. Apenas quatro dias depois da posse de Trump, o então conselheir­o para a Segurança Nacional garantiu ao FBI não ter pedido ao embaixador russo Sergei Kislyak para não exagerar na resposta às sanções impostas a Moscovo pelo Presidente Obama nos últimos dias do seu mandato.

Esta foi apenas uma das declaraçõe­s falsas que prestou, tendo também negado ter feito lóbi a favor do governo turco. Rapidament­e afastado do cargo, Flynn acabou por aceitar colaborar com a investigaç­ão. E de tal forma que Mueller até recomenda que não sirva qualquer pena de prisão um exemplo na esperança de atrair mais colaboraçõ­es.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola