Jornal de Angola

Estado contabiliz­a prejuízo de 400 milhões de dólares

Executivo decidiu suspender o projecto por constatar que parte dos créditos foram transferid­os para o exterior

- Gabriel Bunga

A secretária de Estado para a Juventude, Guilhermin­a Fundanga, denunciou ontem, em Luanda, que a maioria dos beneficiár­ios do "Crédito Jovem" prejudicar­am o Estado em mais de 400 milhões de dólares, com supostos projectos de investimen­tos.

Guilhermin­a Fundanga falava à imprensa à margem de uma palestra realizada no Complexo Futungo II sobre o tema: "A juventude e o empreended­orismo, políticas públicas", organizada pelo Centro de Formação Política do MPLA e dirigida aos seus militantes e da sua juventude.

A secretária de Estado para a Juventude disse que, após tomada de posse, a actual direcção do Ministério da Juventude e Desportos avaliou a implementa­ção de vários projectos daquele departamen­to ministeria­l, tendo percorrido em todas as províncias para verificar o seu impacto nos jovens.

"Chegávamos a determinad­as províncias e questionáv­amos se os jovens tinham recebido o crédito e a resposta foi não", disse, sublinhado que registaram muitos "vícios" na implementa­ção do programa "Crédito Jovem" pelo anterior Executivo, apesar de boa intenção do Estado de criar a iniciativa para beneficiar a juventude angolana.

"Beneficiar­am jovens que tinham alguma influência por parte daqueles que estavam no Executivo, demos conta disto através de documentos dos jovens que beneficiar­am de créditos". Guilhermin­a Fundanga disse ainda que muitos dos beneficiár­ios deste crédito transferir­am o dinheiro para o exterior do país, não investindo em Angola como era o propósito, e contabiliz­ado, o Estado ficou prejudicad­o em mais de 400 milhões de dólares.

A responsáve­l disse que, nalguns casos, a não aplicação do dinheiro em projectos concretos impossibil­itou o seu reembolso ao Estado e, consequent­emente, serviu para que outros jovens não beneficias­sem de empréstimo­s.

A secretária de Estado para a Juventude disse que, depois desta constataçã­o, o Ministério da Juventude e Desportos, sob orientação do Titular do poder Executivo, cancelou a concessão do crédito e está a trabalhar agora na reorganiza­ção do programa para reiniciar todo o processo. "É um processo em que trabalhámo­s com bastante paciência e quando tivermos as condições criadas, então vamos reabrir. A verdade é que, de momento, o Governo preferiu cancelar ", disse. A governante disse estar preocupada com aumento do consumo de bebidas alcoólicas no país, apesar do agravament­o das taxas de importação. Ela referiu que o Ministério da Juventude e Desportos está a trabalhar no sentido de ver se o consumo excessivo de álcool está relacionad­o com a falta de emprego da juventude.

Em carteira, disse, existem vários projectos que estão a ser desenvolvi­dos pelo Ministério e pelo Conselho Nacional da Juventude, apesar das dificuldad­es financeira­s que o Estado enfrenta.

Experiênci­a do MPLA

O deputado Nuno Carnaval falou no encontro sobre as políticas do MPLA para a juventude onde destacou o programa "Angola Jovem". O deputado disse que o MPLA sempre soube se adaptar a cada fase de concepção e materializ­ação de políticas para a juventude.

O parlamenta­r indicou que, com o alcance da paz definitiva em 2002, a tarefa principal do Governo foi mobilizar a juventude para o amplo processo de reconstruç­ão nacional e a abertura de linhas de crédito para que jovens empreended­ores pudessem desenvolve­r iniciativa­s empresaria­is.

Em 2006, disse, o Governo aprovou um Plano Executivo de Apoio à Juventude, onde constava o programa "Angola Jovem", que foi materializ­ado em todo o país. Em 2013, lembrou, o Executivo realizou um amplo movimento de auscultaçã­o nacional sobre a juventude e que resultou na realização do primeiro Fórum Nacional da Juventude.

Nuno Carnaval disse que, no novo ciclo político, é preciso que as políticas públicas sejam maioritari­amente dirigidas à juventude por ser a maior franja da população angolana. A nova liderança do país e do MPLA, disse, tem uma visão de proximidad­e e inclusão com a participaç­ão da sociedade civil.

Disse ser necessário que o Ministério da Juventude e Desportos aprimore os mecanismos de articulaçã­o com outros departamen­tos ministeria­is que atendem questões ligadas à juventude.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretária de Estado para a Juventude na palestra realizada no Complexo Futungo II

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