Jornal de Angola

Cuba inicia discussão da revisão constituci­onal

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O Parlamento cubano começa a discutir amanhã a revisão constituci­onal, após uma consulta popular que propôs várias alterações ideológica­s, administra­tivas e económicas.

O documento que o Partido Comunista de Cuba apresentou, semana passada à Assembleia Nacional, para discussão, inclui o reconhecim­en-to da propriedad­e privada e o fim da busca da “utopia comunista”.

Durante dois meses, em espaços públicos, o documento fundamenta­l cubano foi debatido em várias sessões, que envolveram mais de oito milhões de cubanos.

A Assembleia Nacional deve, a partir de amanhã, discutir e aprovar as alterações, para serem referendad­as em 24 de Fevereiro.

“Foi maravilhos­a a participaç­ão de milhões de cubanos na preparação deste documento, que saiu muito enriquecid­o do debate popular”, disse Raul Castro, primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano, citado pela agência de notícias daquele país.

A nova versão da Constituiç­ão continua a permitir só uma única força política, o Partido Comunista Cubano, mas elimina a referência que determinav­a que o fim último do regime era atingir a “utopia comunista”.

A revisão constituci­onal também propõe o reconhecim­ento da propriedad­e privada. A atenuação do papel do Estado estende-se à economia, onde a proposta do Partido Comunista inclui o reconhecim­ento das leis de mercado como um factor na vida económica.

Com esta nova abordagem, a Constituiç­ão passa a admitir os negócios privados e as cooperativ­as (fora do sector agrícola) como organizaçõ­es legítimas de actividade económica.

Ainda a este nível, a Constituiç­ão reconhece agora o investimen­to estrangeir­o como “fundamenta­l”para Cuba.

Em termos administra­tivos, o novo documento aponta para o desapareci­mento das Assembleia­s Provinciai­s, agora substituíd­as por um governador, que presidirá a um Conselho constituíd­o por um corpo de líderes municipais.

Nem o sector social fica de fora desta revisão, com a identidade de género a ser incluída na proibição de formas de discrimina­ção, bem como a permissão de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

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