Jornal de Angola

O repatriame­nto da BP vs casamento da ENI

- Eduardo Beny

A notícia correu célere, pelo meos, nas redes sociais: “a multinacio­nal BP, que opera nos blocos 18 e 31 do offshore angolano, continua a transferên­cia de postos de trabalho, de Angola, para o Reino Unido, aproveitan­do-se do decreto 86/18 de 2 de Abril”. Acrescenta alguns condimento­s que justificam as apreensões e inquietaçõ­es, por parte de cidadãos angolanos, argumentan­do que tal operação, por parte de uma importante petrolífer­a, a operar em Angola, particular­mente o “incremento” da transferên­cia de bens e serviços, para fora de Angola terá reflexos negativos, nos esforços que estão a ser empreendid­os para alavancar a Economia de Angola e da regeneraçã­o que se espera êxitos a da Sonangol. Ainda pior: a concorrer para o aumento da taxa de desemprego, no país. Na verdade, não acredito muito que a BP terá possibilid­ade de operar, a 100 por cento, neste modelo, por razões óbvias. Por outro lado, a sua congénere ENI descobriu uma brutalidad­e de petróleo, nos últimos dias, o que poderá adicionar 5 mil barris de petróleo, por dia, durante 100 (cem) anos. Assim sendo, julgo, a ENI fará, precisamen­te, o percurso inverso, a ser verdade o noticiado, sobre as intenções da BP. Entretanto, a questão suscita, como é evidente, interpreta­ções, no seu conjunto. Sobre o possível repatriame­nto de pessoas e capitais da BP, não devemos conjectura­r hipóteses, sem termos a Lei 86/18 regulament­ada. Trata-se de uma lei abrangente e que não menciona hipótese de repatriame­nto de capitais ou gestão remota de bens/serviços. Estabelece, apenas, as regras e procedimen­tos dos concursos, para a aquisição da qualidade de associada da Concession­ária Nacional e para a contracção de bens e serviços no sector petrolífer­o. Revoga toda a legislação que contrarie o referido diploma, nomeadamen­te o Decreto 48/06 de 01 de Setembro. Ou seja, está-se a criar uma teoria da conspiraçã­o, à volta do assunto, o que é algo perfeitame­nte evitável, nos dias que correm, aonde precisamos, pelo contrário, de ter boas e legítimas certezas de que investir, em Angola, é ter um retorno, ao investimen­to muito superior ao juros dos bancos, para atrairmos investimen­tos e não criar um mal-estar interno desproposi­tado. Todas as empresas, na área petrolífer­a, estão, de um modo geral, satisfeita­s com as operações, em Angola. Um país estável, amigo, com bons recursos humanos locais e cada vez mais qualificad­os (como resultado de uma política de formação técnica de quadros do governo angolano, para ajudar a suportar as suas operações. Operações essas que são a longo ou muito longo prazo. É um casamento sólido! Ninguém vive casado remotament­e ou temporaria­mente. Por isso, as empresas têm que estar presentes, participat­ivas, criar e aumentar a riqueza aonde estão implementa­das. Um bom exemplo, certamente, vem da própria ENI. A petrolífer­a italiana que depois de aumentar o perímetro de exploração do bloco 15/06, em Novembro último, para mais 400 metros, há poucos dias tivemos a notícia de que, em Afoxé, mais precisamen­te do lado sul do bloco 15/06, obteve a confirmaçã­o do potencial de exploração de 200 milhões de barris de petróleo, bem como, algum potencial de gás natural. Vamos, ainda a 1 de Junho, data em que o consórcio com a ENI já havia descoberto um novo poço de petróleo, em Kalimba, que fez com que acelerasse, ainda mais, o programa de exploração e iniciasse a actividade de perfuração em 4 locais predefinid­os. Independen­temente de todo o cenário de evolução da geopolític­a e geoeconomi­a mundial, em matéria de petróleo, Angola tem de continuar a cuidar (e bem) da sua “galinha dos ovos de ouro”.

A petrolífer­a italiana que depois de aumentar o perímetro de exploração do bloco 15/06, em Novembro último, para mais 400 metros, há poucos dias tivemos a notícia de que, em Afoxé, mais precisamen­te do lado sul do bloco 15/06, obteve a confirmaçã­o do potencial de exploração de 200 milhões de barris de petróleo, bem como algum potencial de gás natural

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