Mundo alcança pacto na cimeira sobre clima
A comunidade internacional aprovou sábado, na Polónia, um manual de instruções que vai permitir manter vivo o Acordo de Paris sobre o clima, mas sem novos compromissos na luta contra o aquecimento global e as alterações climáticas.
Na 24ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP24), que terminou ontem na Polónia, os cientistas do Painel Intergovernamental Para as Mudanças Climáticas (Giec) fizeram soar o alarme, ao estimar que, num mundo com mais 2°C, objectivo mínimo do pacto climático, assinado em Paris, em 2015, os impactos serão bastante mais importantes que num mundo com 1,5°C, limite ideal do acordo.
Os participantes, em representação de 197 países, sublinharam que para permanecer abaixo dos 1,5°C, seria necessário reduzir as emissões de CO2 em cerca de 50 por cento até 2030 em relação a 2010, enquanto os compromissos actuais dos Estados fazem prever, segundo os cientistas, um mundo 3°C mais quente.
Perante o alerta, muitas delegações, especialmente das ilhas vulneráveis, esperavam que os países reforçassem os compromissos de redução de gases de efeito estufa até 2020, mas na conferência verificou-se maior empenho em definir as regras que permitirão a implementação do acordo.
O manual de instruções, com uma centena de páginas, fixa nomeadamente as modalidades a seguir pelos planos nacionais e estabelece um acordo de alguma flexibilidade para os países em desenvolvimento. Este manual de utilização “é suficientemente claro para operacionalizar o Acordo de Paris e isso é uma boa notícia”, comentou a ministra do Ambiente de Espanha, Teresa Ribera. “Nas circunstâncias actuais, continuar a construir o nosso edifício já é uma vitória”, acrescentou, ressalvando que gostaria que tivessem saído da conferência “mensagens bastante mais fortes” sobre a ambição do acordo.
Para Manuel Pulgar-Vidal, do World Wildlife Fund, os países "fizeram progressos", mas na Polónia, o activista viu sobretudo uma "falta fundamental de compreensão da crise actual", lembrando que o Giec disse que há apenas 12 anos para poder agir. O tom sobre o reconhecimento das conclusões do Giec tinha já sido dado a meio do encontro, quando EUA, Arábia Saudita e Rússia recusaram inscrever, sobre as conclusões, a referência "acolhimento favorável" na declaração final.
O financiamento das políticas climáticas foi outra das preocupações manifestadas pelos países pobres, nomeadamente a forma como será organizada a recolha de fundos prometidos pelos Estados do Norte a partir de 2025.
Os países do Norte prometeram passar a ajuda ao clima para 100 mil milhões de dólares até 2020 e alguns países, como a Alemanha, anunciaram novas contribuições, nomeadamente para o Fundo Verde. O Banco Mundial prometeu 200 mil milhões para o período 2021-2025.