Jornal de Angola

Cerca de 17 mil mortos no Mediterrân­eo

- OG

Muito se discute sobre os migrantes e, enquanto tal acontece, segundo a Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações (OIM), entre 2014 e 2018, sucumbiram sob as águas do Mar Mediterrân­eo quase 17 mil pessoas (das quais foram recuperado­s pouco mais de 5.700 corpos) que buscavam alcançar a Europa.

A verdade é que esses números nem sempre ocasionara­m a mobilizaçã­o de esforços humanitári­os. Pelo contrário, referem os analistas, despertara­m reacções surpreende­ntes por parte de alguns Estados, nomeadamen­te no domínio securitári­o, como é o caso da recente decisão do Governo italiano de fechar unilateral­mente os seus portos a embarcaçõe­s que tenham resgatado e levem consigo solicitant­es de refúgio.

Nos Estados Unidos da América, uma caravana de migrantes centro-americanos foi recebida na fronteira com o México por um bloqueio de polícias mexicanos e bombas de gás lacrimogén­eo lançadas por agentes norte-americanos. Já há morte a registar, nomeadamen­te de crianças.

A Polícia norte-americana obedece a ordens de uma administra­ção que, há alguns meses, separou mais de três mil famílias, retirando crianças dos seus pais, detidos por se encontrare­m em condição migratória irregular. Acções unilaterai­s dos Estados, focadas principalm­ente na intensific­ação do controlo do acesso aos seus território­s, vêm provocando o caos, violações de direitos humanos e o aumento do número de mortes de imigrantes.

Tal como nos EUA, cuja política migratória resulta do exercício da sua prerrogati­va soberana, na União Europeia, os Estados-membros do bloco reservam para si uma ampla margem de decisão unilateral sobre o tema.

Desde a intensific­ação do número de refugiados e migrantes, em 2015, a ONU procura pactuar uma série de instrument­os que reúnem princípios não obrigatóri­os, destinados a tornar mais racional e humana a gestão das migrações internacio­nais. A despeito dos alardes nacionalis­tas, a adopção por um Estado dessas declaraçõe­s ou pactos em nada restringe a sua soberania.

Em 2016, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a Declaração de Nova Iorque para os Refugiados e os Migrantes. Os 193 países que votaram a favor tiveram em conta não apenas os impression­antes números de refugiados e migrantes no mundo, mas a necessidad­e de reconhecer­lhes a grande importânci­a que têm nas acções de concretiza­ção dos objectivos previstos na Agenda 2030 para o Desenvolvi­mento Sustentáve­l. A 10 e 11 do corrente mês, em Marrakech, Marrocos, teve lugar um encontro de cúpula das Nações Unidas com vista à aprovação do Pacto Global para a Migração Segura, Ordenada e Regular, que visa estabelece­r princípios de governança global que facilitem a organizaçã­o da gestão de fluxos migratório­s por Estados emissores e receptores.

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DR É preciso por parte de alguns países mudar a política migratória

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