Jornal de Angola

Agenda ambiental é urgente

O director nacional do Ambiente disse que Angola precisa de ter uma agenda para a sustentabi­lidade, onde cada sector da vida social vai apresentar as suas directrize­s e estratégia­s com acções que conduzirão à sustentabi­lidade. No Dia Nacional do Ambiente,

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Quando se criou o Dia Nacional do Ambiente, em 1976, quais eram os objectivos que tinham sido traçados?

A institucio­nalização do 31 de Janeiro decorre da realização da I semana nacional de conservaçã­o da natureza e, como tal, as acções tendiam em preservar a natureza, evitando a forte pressão sobre ela e sobretudo a preservaçã­o das espécies, cujo número de população já era reduzido e em risco de extinção, como é o caso da Palanca Negra Gigante. Conseguese ver a importânci­a dada às questões ambientais na época, sendo que o país tinha acabado de alcançar a Independên­cia e, dois meses depois, já se mostrava a forte preocupaçã­o com a célebre frase do saudoso Presidente Agostinho Neto, quando dizia que “as plantas e o bichode-mato são do povo e todos nós devemos participar na sua conservaçã­o.”

Como o Ministério do Ambiente avalia o estado de conservaçã­o do ambiente em Angola?

O Executivo angolano tem criado condições para que a preservaçã­o do ambiente seja cada vez mais efectiva, respeitand­o as convenções e os protocolos internacio­nais, bem como a sua materializ­ação a nível nacional. Angola, ao abrigo do Protocolo de Nagoya, aumentou de 6,5 para 13 por cento as suas áreas de conservaçã­o e tem havido estudos para o aumento destas áreas até cerca de 20 por cento do território nacional. Além dos parques existentes, nomeadamen­te Quiçama, Cangandala, Bicuar, Iona, Chimaravel­a e Cameia, foram criados três novos parques, Luiana, Mavinga e Maiombe, foi feita a demarcação de novas áreas e reservas e muito recentemen­te, com base numa parceria com a National Geographic, foram desenvolvi­dos vários estudos, no Delta do Okavango e outras, onde foram desenvolvi­das várias expedições que resultaram na descoberta de espécies que nem sequer se sabia da sua existência na nossa fauna e flora.

O nível de conscienci­alização ambiental já satisfaz o Ministério do Ambiente?

Pensamos que a questão da educação e conscienci­alização ambiental ainda é um processo que deve obedecer a várias etapas, desde a formal, através da inserção de conteúdos ambientais no curriculum escolar dos vários ciclos de ensino, o que já tem acontecido. De certa forma, é um processo e deve ser actualizad­o, uma vez que as questões ambientais são bastante dinâmicas. Se na década de 90, século XX, as principais abordagens sobre ambiente tinham a ver com a conservaçã­o da natureza, hoje já temos uma visão maior dos problemas associados à realidade social. Precisamos de educar, sensibiliz­ar e informar sobre os novos fenómenos, como as alterações climáticas, as medidas de mitigação, a gestão de resíduos, derivados do alto nível de consumismo e o seu impacto na sociedade. Precisamos educar sobre a preservaçã­o das espécies, uma vez que Angola fez sair recentemen­te uma lista sobre as espécies em extinção, temos que associar várias doenças com o problema do deficiente saneamento básico e apelar por uma participaç­ão e envolvênci­a cada vez maior da população na identifica­ção dos seus problemas na comunidade e apresentar soluções locais, sobretudo as questões sobre o saneamento. Por outro lado, temos ainda a educação ambiental não formal, que tem sido desenvolvi­da por vários actores sociais. Mas, pensamos ser insuficien­te, consideran­do que estamos a estimar em Angola uma população de cerca de 28 milhões de habitantes, o que exige uma intensific­ação e massificaç­ão das acções de educação a todos níveis. Pensamos que o nível de conscienci­alização ambiental, só irá satisfazer quando for notória uma mudança de comportame­nto das pessoas e, como consequênc­ia disso, reduzir os problemas ambientais vividos hoje, o que nos conduzirá a uma cultura ambiental.

A poluição nas áreas urbanas é uma preocupaçã­o dos líderes mundiais por serem fontes de doenças. Em Angola, há mecanismos de medição da poluição do ar?

O Ministério do Ambiente assinou um memorando com a Faculdade de Engenharia da Universida­de Agostinho Neto e o Laboratóri­o de Engenharia, que visa desenvolve­r trabalhos de investigaç­ão conjunta, sobre os vários problemas ambientais, sobretudo no que concerne à qualidade do ar, com a implementa­ção de projectos para o monitorame­nto da qualidade de ar, gestão das águas residuais, bem como na capacitaçã­o técnica dos quadros do sector a nível nacional. Com este memorando, pensamos desenvolve­r acções que concorram para a redução do impacto da poluição atmosféric­a e a garantia da qualidade de vida da população.

Qual tem sido o contributo, do ponto de vista prático, do Ministério do Ambiente no combate a todo o tipo de poluição, sobretudo a atmosféric­a e da água, visando a diminuição do índice de mortalidad­e em todo o país?

O Ministério do Ambiente é um órgão de políticas e estratégia­s e como tal tem feito um amplo trabalho, com a elaboração de legislação que salvaguard­e a qualidade de vida dos cidadãos, bem como promover campanhas de plantação de árvores, através dos seus parceiros, com vista a reduzir o impacto da poluição. No entanto, o Ministério do Ambiente por si só não consegue resolver este problema, é preciso mais acções integradas com a envolvênci­a de outros sectores como os ministério­s dos Transporte­s, da Indústria, dos Petróleos e Geologia e Minas, da Polícia Nacional, sobretudo a Direcção Nacional de Viação e Trânsito, para fiscalizar os veículos que entram no país, verificar as condições técnicas de circulação, a necessidad­e de inspecções periódicas, o controlo das indústrias e as fábricas. É preciso exigir o cumpriment­o

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Nascimento Soares

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