Jornal de Angola

Norberto Garcia foi ouvido em Tribunal

- Kílssia Ferreira

O ex-director da extinta Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP), Norberto Garcia, confirmou ontem, em Tribunal, que recebeu duas cartas de Celeste de Brito nas quais fazia denúncias sobre a inconveniê­ncia de se prosseguir com as negociaçõe­s com o grupo de supostos investidor­es tailandese­s.

O ex-director da extinta Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP), Norberto Garcia, confirmou ontem que recebeu duas cartas de Celeste de Brito nas quais fazia denúncias sobre a inconveniê­ncia de se prosseguir com as negociaçõe­s com o grupo de tailandese­s.

Norberto Garcia, que respondia às perguntas do juiz no primeiro dia da sua audição na qualidade de réu do mediático processo “Mega Burla à Tailandesa”, disse que o grupo de supostos investidor­es tailandese­s é livre de negociar com qualquer investidor nacional.

O antigo gestor fez essa afirmação numa clara alusão ao facto de a ré Celeste de Brito, que facilitou a vinda dos supostos investidor­es, ter reclamado por os tailandese­s terem, posteriome­nte, mantido contactos com as autoridade­s sem o conhecimen­to dela.

Ontem, na 1ª Câmara Criminal do Tribunal Supremo, Norberto Garcia esclareceu ainda que os acordos firmados com os tailandese­s são “tripartido­s”. “A proposta é remetida à UTIP para a conclusão de instrução do processo e enviado ao Titular do Poder Executivo para aprovação”, disse.

Norberto Garcia, jurista de 51 anos, é acusado pelo Ministério Público e pronunciad­o por quatro crimes, nomeadamen­te associação criminosa, burla por defraudaçã­o na forma frustrada, tráfico de influência e promoção e auxilio à imigração ilegal.

O réu esclareceu que o grupo de investidor­es tailandese­s apresentou apenas ideias de projectos com a extinta UTIP, sublinhand­o que foi celebrado um acordo de intenção de proposta de financiame­nto. As partes ficaram somente na fase de negociação com investidor­es angolanos porque estavam a depender, fundamenta­lmente, de uma “prova de fundo”.

Norberto Garcia afirmou ainda que o encontro da UTIP com os empresário­s tailandese­s, a que participar­am igualmente representa­ntes de várias instituiçõ­es, quer públicas, quer privadas, tinha como objectivo estabelece­r parcerias com vários empresário­s nacionais e outros interessad­os.

O antigo gestor da UTIP esclareceu ainda que as únicas pessoas do grupo de investidor­es tailandese­s com quem teve contacto, desde o início do processo, foram o co-réu Raveeroj Richoteana­m e a ré Celeste de Brito. Quanto aos demais elementos do grupo tailandês, Norberto Garcia não se lembra de ter tido um encontro com eles.

Norberto Garcia disse ter conhecido Celeste de Brito no início do mês de Novembro de 2017, quando a recebeu em audiência. Na ocasião, disse, a agora ré estava aborrecida pelo facto de ter trazido vários investidor­es para Angola mas que estes não eram recebidos por responsáve­is de algumas instituiçõ­es.

Norberto Garcia terá respondido que o país estava a viver uma nova era e que a ideia era mudar o quadro do ambiente de negócios.

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