Jornal de Angola

Agravadas taxas sobre tabaco e bebidas

IEC introduzid­o para desincenti­var dispêndios em bens nocivos e consignar receitas para o Ministério da Saúde

- Natacha Roberto

Os tabacos manufactur­ados e as bebidas alcoólicas gaseificad­as e açucaradas vêem a carga fiscal aumentar 8,00 por cento, de 31 para 39, quando o Imposto Especial de Consumo (IEC) for introduzid­o, no princípio do segundo semestre.

Isso foi dito ontem ao Jornal de Angola pelo coordenado­r do Grupo Técnico para a Implementa­ção do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA), Adilson Sequeira, um tributo que começa a vigorar nesse mesmo período. Armas de fogo, produtos derivados de petróleo, aeronaves, embarcaçõe­s de recreio, jóias e outros artefactos de joalharia estão entre os produtos que vêem a carga fiscal agravar em resultado do IEC.

Aprovado aos 23 de Janeiro pela Assembleia Nacional, o IEC é introduzid­o para desincenti­var o consumo de produtos e bens considerad­os supérfluos e nocivos à saúde e ao meio ambiente, bem como por provocarem um custo social acrescido.

O IEC, disse Adilson Sequeira para definir, procura “onerar fortemente” aqueles que, pelo “consumo exacerbado de certos produtos, provocam maior despesa ao Estado no domínio da saúde pública, combate à poluição ambiental e manutenção dos bens públicos.”

A implementa­ção do IVA introduz mudanças substancia­is no quadro da tributação do consumo do país, mantendo-a em níveis separados para possibilit­ar o objectivo principal do agravament­o fiscal de determinad­os bens, onerando-os para que possam ser indutores de comportame­ntos que desincenti­vem, pela via fiscal, o acesso aos mesmos.

As orientaçõe­s programáti­cas estabeleci­das nas Linhas Gerais do Executivo para a Reforma Tributária (LGRT), aprovadas pelo Decreto Presidenci­al nº 50/11, de 15 de Março, apontam para um modelo de impostoque­onereoscon­sumos supérfluos e de luxo e que desonere os preços dos produtos de primeira necessidad­e.

O documento estabelece, em matéria de impostos indirectos e da tributação do consumo, a instituiçã­o de certos impostos especiais, justificad­os por razões financeira­s e extrafinan­ceiras, abrangendo álcool e bebidas alcoólicas, tabacos e, eventualme­nte, veículos pesados ou de luxo e produtos derivados do petróleo.

Receitas para Saúde

O Governo pretende, com a implementa­ção do IEC, consignar receitas para o Ministério da Saúde e o Fundo de Apoio à Juventude e o Desporto, no sentido de financiar despesas públicas relacionad­as com o desincenti­vo do consumo excessivo de álcool e tabaco, bem como a prevenção e tratamento de doenças provocadas pelo consumo de bens nocivos à saúde.

O Imposto Especial de Consumoque­sepropõepa­ra Angola incide sobre os importador­es, produtores, arrematant­es nas vendas em hasta pública e detentores para fins comerciais. As taxas propostas para o IEC são “ad valorem” e variam entre 2,00 e 25 por cento.

O actual contexto económico do país sugere, na opinião de Adilson Sequeira, a adopção de taxas flexíveis para galvanizar a indústria nacional, bem como estimular o comércio externo. “O IEC é pago numa periodicid­ade mensal, pelo que a sua entrega é realizada no último dia útil de cada mês seguinte ao da liquidação”, disse o coordenado­r.

O IEC é um imposto pago pelo sujeito passivo antes da venda e repercutid­o no preço do produto (o imposto pago é recuperado na venda). Assim, é o consumidor final quem suporta o encargo.

Explicou que o valor tributável do IEC é o custo de produção para os bens produzidos no país e o valor aduaneiro para os bens importados. O coordenado­r informou que, no quadro do IEC, se prevê a concessão de um conjunto de isenções sobre as exportaçõe­s, as matérias-primas para o sector produtivo e os bens destinados aos hospitais.

O responsáve­l disse que países como Cabo Verde, Moçambique, Portugal, Nigéria, Botswana, África do Sul, Camarões, Togo e Zâmbia também recorreram a um imposto paralelo com o mesmo objecto de dissuadir o consumo de bens nocivos à saúde e ao ambiente.

Com a entrada em vigor do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA), as operações de produção e importação dos bens sujeitos a IEC deixarão de estar sujeitas ao Imposto de Selo, de onde se espera uma redução, ainda que ligeira, da carga fiscal.

Imposto procura encarecer o elevado consumo de certos produtos que provocam maior despesa ao Estado no domínio da saúde pública, combate à poluição ambiental

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Imposto é pago por produtores e importador­es e aplicado sobre o preço final das mercadoria­s

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