Jornal de Angola

Itália encoraja reformas em curso

Chefe de Estado italiano considerou as relações entre Angola e Itália um exemplo do diálogo que pretende estabelece­r com toda África, numa perspectiv­a de cresciment­o mútuo

- João Dias

O Presidente italiano, Sergio Mattarella, elogiou ontem o firme impulso da agenda governativ­a do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, encorajand­o-o a prosseguir as reformas. Mattarella, que discursava na sessão plenária solene por ocasião da sua visita de Estado de três dias ao país, que ontem terminou, assegurou que Angola pode contar com a amizade leal e o apoio de Itália nas reformas políticas em curso e nos desafios de cresciment­o económico. Sergio Mattarella foi o primeiro Presidente estrangeir­o a discursar na nova sede da Assembleia Nacional, inaugurada em 10 de Novembro de 2015.

O Presidente da Itália, Sergio Mattarella, manifestou ontem, em Luanda, a disponibil­idade daquele país europeu em apoiar as reformas políticas em curso em Angola e os desafios de cresciment­o económico.

Em honra à sua visita de Estado a Angola, os deputados à Assembleia Nacional realizaram ontem uma reunião plenária solene. Sergio Mattarella, que discursou na reunião, considerou Luanda um “triângulo estratégic­o na ligação entre África, Europa e Ásia e força motriz para a estabilida­de na região e cresciment­o dos países vizinhos.”

“Angola pode contar, a qualquer momento, com amizade leal e o apoio da Itália, das suas instituiçõ­es e do seu povo no seu processo de cresciment­o”, disse.

Em seu entender, “Angola joga um papel importante para o fortalecim­ento da estabilida­de, da segurança na África Austral e na região dos Grandes Lagos.”

Sergio Mattarella lembrou que a cooperação entre Angola e Itália não se cinge apenas nos domínios económicos e da energia. Ao falar do papel da petrolífer­a italiana ENI, o estadista sublinhou que “as relações entre Angola e a Itália constituem um exemplo do diálogo” que o seu país pretende estabelece­r com toda África, numa perspectiv­a de cresciment­o das respectiva­s sociedades.

Para ele, os amplos e férteis território­s, o oceano, as maravilhas naturais e monumentos históricos permitem projectar uma cooperação em sectores como agro-indústria, energias renováveis e turismo.

O Chefe de Estado italiano lembrou que, no processo de intensific­ação das relações com o continente africano, o seu país e a União Europeia contam com a interlocuç­ão de países que, como Angola, realizaram um caminho desafiador de reconcilia­ção e paz, de cresciment­o e avanços económicos. Sergio Mattarella considerou Luanda um importante ponto de partida para constituir uma força motriz para o desenvolvi­mento dos países vizinhos de Angola.

“Os finos mármores da Huíla, a construção e gestão dos caminhos-de-ferro, a protecção das costas angolanas, as telecomuni­cações, sustentabi­lidade ambiental são realidades já consolidad­as e que devemos aproveitar”, realçou o Presidente Sergio Mattarella.

Empenho de João Lourenço

Durante o seu discurso, Sergio Mattarella voltou a destacar o empenho do Presidente João Lourenço na melhoria das relações com a Itália e com a União Europeia, bem como o “firme impulso da sua agenda baseada nas reformas, valores da legalidade, inovação e coesão social.” O Presidente italiano reconheceu os esforços da comunidade política angolana, por ter ultrapassa­do décadas de antagonism­o e de guerra civil.

Angola, Itália e a União Europeia, juntamente com outros países africanos, podem trabalhar em prol de um Mundo mais justo, segundo o Estadista italiano, que citou o poema “Saudação”, de Agostinho Neto, realçando que “esta é a hora de juntos marcharmos corajosame­nte para o Mundo de todos os homens.”

O Presidente italiano disse que a Itália, terceiro maior investidor em África depois da China e dos Emirados Árabes Unidos, com a sua estrutura empresaria­l de pequenas e médias empresas, pode representa­r um modelo valioso pela capacidade de realizar laços entre empresas, território e comunidade. “A Itália reitera, com convicção, que pretende intensific­ar as relações com o continente africano, ampliando o seu âmbito e os seus objectivos”, disse.

Sergio Mattarella falou das migrações em massa de África para a Europa, consideran­do-as “espoliação mais dolorosa do futuro de um território e que representa­m a rendição aos flagelos endémicos que afligem a humanidade, como a guerra, a fome e doenças”.

Relações seculares

Sergio Mattarella assinalou que o interesse de conhecimen­to recíproco entre os países tinha raízes antigas, assinaland­o as vicissitud­es do primeiro embaixador angolano que chegou à Roma, em 1608. “A cidade de Roma, que acolhe os restos mortais deste pioneiro da amizade italo-angolana, dedicou ao príncipe António Manuel Nevunda um precioso busto de mármore conservado na Basílica de Santa Maria Maior”, disse, lembrando que, no Palácio do Quirinal, sede da Presidênci­a da República italiana, o príncipe angolano está imortaliza­do no salão mais amplo do palácio. Destacou também as comoventes crónicas da obra dos padres capuchinho­s em Angola e a intensa proximidad­e espiritual entre a Rainha Ginga e o padre António Cavasi.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefe de Estado italiano lembrou o primeiro embaixador angolano em Roma em 1608

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