Jornal de Angola

Decretado perdão a milhares de presos

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O líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, amnistiou um grande número de presos em homenagem ao 40º aniversári­o do triunfo da revolução islâmica, informou ontem a televisão pública do país.

A quantidade de presos perdoados não foi divulgado, mas anteriores informaçõe­s sugeriam que poderiam ser cerca de 50 mil, o maior número abrangido por uma única amnistia.

Alguns presos serão libertados, enquanto outros terão as penas reduzidas.

O Irão está a celebrar a revolução de 1979, que destituiu uma monarquia apoiada pelo Ocidente e deu início a quatro décadas de um regime religioso.

Khamenei, que emitiu o decreto, tem a palavra final em todas as principais políticas.

O país tem cerca de 240 mil presos e tem detidos vários cidadãos com nacionalid­ades ocidentais acusados de ameaçarem a segurança nacional.

Desconhece-se se algum deles está incluído na amnistia decretada. Intimidaçã­o generaliza­da, humilhação pública, discrimina­ção e outro tipo de abusos de poder. Este tipo de tratamento pessoal e profission­al foi encontrado na Amnistia Internacio­nal (AI) e está plasmado num relatório realizado pelo Grupo KonTerra, pedido depois de dois funcionári­os da AI se terem suicidado no ano passado.

A análise, que resultou no relatório, foi elaborada por psicólogos, no sentido de se alterar a cultura de trabalho depois do suicídio de dois funcionári­os. Encontrou-se uma dinâmica perigosa de “nós contra eles” e uma grave falta de confiança nos altos responsáve­is.

O estudo envolveu 475 funcionári­os, 70 por cento dos trabalhado­res do secretaria­do internacio­nal da AI, em Londres. Alguns vivenciara­m “sofrimento significat­ivo” durante as entrevista­s e a palavra “tóxico” surgiu inúmeras vezes para definir a cultura de trabalho desde os anos 90.

“Houve vários relatos de chefes que minimizava­m a sua equipa nas reuniões, excluindo deliberada­mente alguns funcionári­os de reportagen­s ou fazendo comentário­s humilhante­s ou ameaçadore­s como “és uma merda” ou “devias desistir! Se continuare­s nesta posição, a tua vida vai ser uma miséria!”, revela o The Guardian. Os consultore­s, que se concentrar­am na sede do secretaria­do internacio­nal da AI, em Londres, consideram que este tipo de tratamento dos funcionári­os ameaça a credibilid­ade da Amnistia como defensora dos direitos humanos. E explica porquê: “À medida que as falhas organizaci­onais e evidências de nepotismo e hipocrisia se tornam do conhecimen­to público, elas serão usadas pelo Governo e outros oponentes do trabalho da AI para minar ou descartar a defesa da AI em todo o mundo, compromete­ndo fundamenta­lmente a sua missão”.

Relatório pede mais investigaç­ões

Muitos funcionári­os da Amnistia Internacio­nal disseram que vêem o seu trabalho como uma vocação ou uma causa, mas sublinhara­m que havia um risco muito significat­ivo de sofrerem de stress secundário devido à natureza da função, dos locais onde vão e dos episódios a que assistem. No entanto, os psiquiatra­s concluíram que os problemas de bem-estar psicológic­o estão longe de se restringir à exposição ao trauma e ao sofrimento uma cultura de contradiçõ­es, falhas na gestão, pressão e carga de trabalho encontrava­m-se entre os itens que mais contribuía­m para o desconfort­o emocional.

O The Guardian avança ainda que a equipa que realizou o estudo ouviu ainda relatos de discrimina­ção com base na raça e no género. “Dado o status e a missão da AI - proteger e promover os direitos humanos - o número de queixas que os investigad­ores receberam de bullying, racismo e sexismo é desconcert­ante”. Nesse sentido, foi entregue ao secretário-geral da AI um relatório confidenci­al sobre abuso de poder e tratamento injusto que serão alvo de mais investigaç­ões.

Os problemas da cultura de trabalho na Amnistia Internacio­nal foram revelados pela primeira vez em Maio do ano passado, quando se soube que Gaetan Mootoo se tinha suicidado depois de ter reclamado de stress e excesso de trabalho. Seis semanas depois, Rosalind McGregor, de 28 anos, estagiária nos escritório­s de Genebra , matou-se na casa dos pais.

Os problemas da cultura de trabalho na AI foram revelados pela primeira vez em Maio do ano passado, quando se soube que Gaetan Mootoo se tinha suicidado depois de se ter queixado de stress e excesso de trabalho

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