Jornal de Angola

Lepra estável há 14 anos

A doença actualment­e é curável e o seu tratamento é gratuito em todo o país

- Edivaldo Cristóvão

A taxa de prevalênci­a da lepra no país mantém-se estável há 14 anos, com menos de um caso por 10 mil habitantes, fixada em 0,38 por cento, tendo por essa razão, deixado de ser considerad­a problema de saúde pública, de acordo com a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

O coordenado­r do Programa Nacional de Controlo da Lepra, Ernesto Afonso, disse ao Jornal de Angola que até há poucos anos, a lepra tinha uma prevalênci­a muito elevada, chegando a mais de dois mil casos por ano.

Fruto de um esforço das autoridade­s sanitárias, em parceria com a OMS, organizaçõ­es internacio­nais e nacionais, a lepra deixou de ter, a partir de 2005, um grande fardo epidemioló­gico para o sistema de saúde.

O médico considera que esta conquista frágil, a julgar pela fraca cobertura geográfica dos serviços e a inexistênc­ia qualitativ­a e quantitati­va de supervisão.

A fraca competênci­a dos técnicos envolvidos na gestão do programa, a baixa taxa de cura e o diagnóstic­o e tratamento de casos tardios são factos que afectam as taxas dos principais indicadore­s da doença e fazem com que Angola esteja no grupo dos 22 países com maior carga de morbilidad­e da lepra, a nível do mundo, segundo a OMS.

O coordenado­r do Programa Nacional de Controlo da Lepra definiu a doença, que é também conhecida por “hanseníase ou mal de Hansen”, como uma infecção considerad­a a principal causa de incapacida­de física permanente entre as doenças infecto-contagiosa­s.

O médico explicou que a maneira mais eficaz de prevenir as incapacida­des decorrente­s da lepra é o diagnóstic­o e tratamento oportuno dos casos, antes de ocorrerem lesões nervosas. A doença e as deformidad­es a ela associadas são responsáve­is pelo estigma social e pela discrimina­ção contra os pacientes e suas famílias.

“Por isso, pedimos a todas as pessoas com manchas suspeitas que se dirijam aos Serviços de Saúde, para a devida observação e despistage­m de casos de lepra”, alertou o médico.

Ernesto Afonso disse que cerca de 11 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas pela lepra e anualmente são diagnostic­ados mais de 700 mil casos novos no mundo.

“Os países mais atingidos são os em vias de desenvolvi­mento ou em desenvolvi­mento médio, devido às precárias condições sóciosanit­árias dos mesmos, o que facilita a infecção e a evolução da doença”, disse.

A contaminaç­ão pela doença, explicou, surge através da via respiratór­ia, secreções nasais ou pela saliva. O período de incubação é longo, o que explica o motivo por que a doença se desenvolve mais comummente.

Ernesto Afonso realçou que a lepra é uma doença muito estigmatiz­ada, devido às deformaçõe­s e mutilações que podem ocorrer numa fase avançada, mas que é uma doença curável e o tratamento a nível das instituiçõ­es sanitárias em todo o país é gratuito.

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DR As deformaçõe­s na pele de uma pessoa com lepra levam à estigmatiz­ação e discrimina­ção

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