Jornal de Angola

Acordo de defesa e segurança vai ter fiscalizaç­ão sucessiva

- Victor Carvalho

Numa iniciativa destinada a responder a preocupaçõ­es da sociedade, a Provedoria de Justiça de Cabo Verde anunciou que vai pedir a fiscalizaç­ão do acordo de defesa e segurança recentemen­te assinado com os Estados Unidos,. Isto numa altura em que a líder da oposição, Janira Hopffer Almada, pede celeridade no julgamento de casos que envolvem “fake news”

Para dar resposta a um abaixo assinado rubricado por um grupo de cidadãos, o provedor de Justiça de Cabo Verde anunciou esta semana a decisão de pedir a fiscalizaç­ão “abstracta e sucessiva” do acordo de defesa e segurança assinado com o Governo dos Estados Unidos.

O acordo, denominado “Estatuto de Forças” (Status of Forces Agreement, SOFA, na sigla em inglês) foi assinado a 25 de Setembro de 2017 e visa estabelece­r uma parceria e cooperação que garanta a segurança aos contratant­es dos Estados Unidos que estejam temporaria­mente em Cabo Verde, seja em missão de trabalho seja em visita.

Este acordo foi ratificado em Setembro de 2018 pelo Presidente da República e, depois disso, a 22 de Outubro, o maior partido da oposição entregou no Tribunal Constituci­onal, na Cidade da Praia, um pedido de fiscalizaç­ão da constituci­onalidade de algumas das suas normas, que dizia chocarem com as disposiçõe­s em vigor no país, nomeadamen­te no que toca ao acesso de polícias e militares americanos a locais de protecção exclusiva das forças nacionais.

O ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeir­os disse que o Governo está tranquilo face à decisão da Provedoria de Justiça, garantindo a constituci­onalidade do acordo assinado com os Estados Unidos. O ministro não comentou os fundamento­s desse pedido, mas sublinhou “a importânci­a do acordo para a própria defesa e segurança de Cabo Verde”, destacando a possibilid­ade de poderem ser feitos “outros programas de cooperação importante­s para o país.”

Pedida celeridade para casos de “fake news”

A líder do maior partido da oposição, Janira Hopffer Almada, alvo de uma fotomontag­em onde o seu rosto aparecia numa imagem pornográfi­ca, defende maior celeridade da Justiça nos casos em que as “fake news” visem denegrir a imagem das vítimas. “Quem está na vida pública e política é sujeito a várias desinforma­ções com motivações bem concretas e objectivos muito bem definidos. Tenho sido vítima de várias ‘fake news’ que pretendem sempre fragilizar-me”, disse Janira Hopffer Almada, numa entrevista à Lusa, a propósito da conferênci­a que esta agência de notícias e a Efe vão realizar no dia 21 de Fevereiro, em Lisboa, sobre “O combate às ‘fake news’ - Uma questão democrátic­a”.

A presidente do Partido Africano para a Independên­cia de Cabo Verde (PAICV) recordou o caso mais conhecido que a envolveu e que ocorreu em Outubro do ano passado, altura em que uma fotomontag­em de uma imagem pornográfi­ca com o seu rosto começou a circular nas redes sociais. “O facto mais conhecido é a fotomontag­em pornográfi­ca que utilizou a minha face com o objectivo de denegrir a minha imagem e afectar o meu nome”, disse. “Não fiquei directa e pessoalmen­te afectada, uma vez que estava de consciênci­a tranquila, porque sabia que não era eu que lá estava, mas não deixa de ser triste saber que, às vezes, há actuações deste nível para unicamente atingir as pessoas.” Sobre o alegado objectivo de denegrir a líder o PAICV, Janira acredita que o mesmo não terá sido atingido, talvez por a sua reacção ter sido “muito célere.” Apesar do impacto da divulgação desta imagem, Janira acredita que saiu mais forte: “fiquei fortalecid­a, fiquei muito mais motivada por saber que esta luta não é só minha. Não estou a lutar por mim, mas também pelas mulheres que têm um grande contributo a dar, mas que muitas vezes não se disponibil­izam a dar esse contributo para não colocarem as suas famílias na situação que eu, infelizmen­te e sem querer, coloquei a minha.” “O sistema judicial deve funcionar com celeridade, sob pena de começarmos a confundir a verdade e a mentira, o lícito e o ilícito e ficarmos com uma sociedade com valores completame­nte baralhados”, concluiu.

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DR “fake news” Líder do PAICV pede responsabi­lização na Justiça de casos relacionad­os com as

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