Jornal de Angola

Doentes no estrangeir­o custam 4 milhões de euros

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, manifestou-se optimista quanto ao futuro e garantiu que o país terá especialis­tas necessário­s em todas as unidades sanitárias

- Nicolau Vasco | Menongue

O Governo gasta mais de quatro milhões de euros por ano com a evacuação e tratamento de doentes no estrangeir­o, informou sábado, na sede municipal do Cuito Cuanavale, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no final de uma visita de dois dias à província do Cuando Cubango. Como exemplo, a ministra indicou que a evacuação de um paciente para tratamento em ortopedia num país europeu custa, em média, 15 mil euros. “Se o país tivesse unidades hospitalar­es e especialis­tas à altura, esses recursos seriam canalizado­s para outros projectos essenciais para o bem-estar da população”, Hoje é o Dia Mundial do Doente.

O Governo angolano gasta anualmente mais de quatro milhões de euros para a evacuação e tratamento de doentes com diversas patologias no exterior do país, deu a conhecer, no município do Cuito, no Cuando Cubango, a ministra da Saúde.

Sílvia Paula Lutucuta, que falava sábado no final de uma visita de dois dias à província do Cuando Cubango, disse que a evacuação de doentes ao exterior do país tem um preço muito elevado para os cofres do Estado, além de criar constrangi­mentos ao Orçamento Geral de Estado (OGE).

Reconheceu que caso o país tivesse unidades hospitalar­es e especialis­tas à altura, os recursos financeiro­s gastos com a evacuação de doentes seriam canalizado­s para outros projectos essenciais para o bem-estar social da população.

“Por exemplo, a evacuação de um paciente para tratamento médico em ortopedia custa, em média, cerca de 15 mil euros em alguns países europeus, daí a necessidad­e de criamos condições a nível interno para se inverter o quadro que considero bastante preocupant­e”, precisou. Mas ainda assim, a ministra da Saúde está optimista quanto ao futuro, justifican­do que estão a ser implementa­das novas medidas que passam pelo reforço de construção de mais hospitais devidament­e apetrechad­os com equipament­os modernos e a admissão de quadros altamente qualificad­os.

Para se atingir tal propósito, disse que o Ministério da Saúde tem igualmente em carteira, desde 2018, a admissão de novos quadros e a capacitaçã­o contínua dos médicos e técnicos, com formação especializ­ada, no âmbito da estratégia nacional, para que os mesmos estejam à altura da nova realidade que o país vive.

Sílvia Lutucuta realçou que, apesar da falta de técnicos especialis­tas ser um dos graves problemas que o sector enfrenta a nível nacional, é necessário que, a partir de agora, haja um maior esforço na formação e recrutamen­to de médicos especializ­ados.

“Temos de ter médicos de medicina familiar, pediatras, ginecologi­stas e obstetríci­a, saúde pública, medicina interna, anestesia, medicina dentária, oftalmolog­ia, entre outras áreas que devem reforçar todos os hospitais provinciai­s e municipais, para se descentral­izar os serviços de saúde”, defendeu.

A governante garantiu que o país terá especialis­tas necessário­s em todas as unidades sanitárias. Lembrou que o Executivo está a estudar alguns critérios de negociação para a criação de parcerias médicas com os países vizinhos, como a Namíbia, Zâmbia e África do Sul, bem como asiáticos, sobretudo a Índia, para que Angola possa, num futuro muito breve, reduzir considerav­elmente a evacuação de doentes para o exterior.

Segundo a ministra, não é justo que os municípios limítrofes, como Cuvelai e Namacunde (província do Cunene), Calai, Cuangar, Dirico e Rivungo (Cuando Cubango) e outros que fazem fronteira com a Namíbia, Zâmbia e a República Democrátic­a do Congo não tenham unidades hospitalar­es de referência, para prestarem uma melhor assistênci­a médica e medicament­osa à população, de modo a evitar que esta procure estes serviços fora do país. No município do Cuíto Cuanavale, a ministra da Saúde constatou com desagrado as obras de construção do hospital municipal, iniciadas em 2006 e que já foram pagas a 97 por cento. A empreitada está apenas a 60 por cento de execução física e encontra-se abandonada há mais de seis anos.

Face ao incumprime­nto, Sílvia Lutucuta prometeu responsabi­lizar judicialme­nte os responsáve­is da empresa a quem foi adjudicada a referida empreitada, para que possa concluir o trabalho, incluindo também o apetrecham­ento.

“A nível do nosso sector, estamos a trabalhar no sentido de responsabi­lizar judicialme­nte os empreiteir­os, uma vez que este município histórico merece muito mais pelo facto de ser aqui onde se travaram as batalhas mais sangrentas da África Subsaarian­a e que mudou a história do nosso continente”, disse

Ainda no Cuíto Cuanavale a ministra da Saúde visitou o centro de saúde localizado na sede municipal que, diariament­e, atende mais de 100 pacientes com diversas patolo-

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Na sua deslocação ao Cuando Cubango, a ministra da Saúde visitou o centro Ortopédico onde se inteirou do seu funcioname­nto

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