Doentes no estrangeiro custam 4 milhões de euros
A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, manifestou-se optimista quanto ao futuro e garantiu que o país terá especialistas necessários em todas as unidades sanitárias
O Governo gasta mais de quatro milhões de euros por ano com a evacuação e tratamento de doentes no estrangeiro, informou sábado, na sede municipal do Cuito Cuanavale, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no final de uma visita de dois dias à província do Cuando Cubango. Como exemplo, a ministra indicou que a evacuação de um paciente para tratamento em ortopedia num país europeu custa, em média, 15 mil euros. “Se o país tivesse unidades hospitalares e especialistas à altura, esses recursos seriam canalizados para outros projectos essenciais para o bem-estar da população”, Hoje é o Dia Mundial do Doente.
O Governo angolano gasta anualmente mais de quatro milhões de euros para a evacuação e tratamento de doentes com diversas patologias no exterior do país, deu a conhecer, no município do Cuito, no Cuando Cubango, a ministra da Saúde.
Sílvia Paula Lutucuta, que falava sábado no final de uma visita de dois dias à província do Cuando Cubango, disse que a evacuação de doentes ao exterior do país tem um preço muito elevado para os cofres do Estado, além de criar constrangimentos ao Orçamento Geral de Estado (OGE).
Reconheceu que caso o país tivesse unidades hospitalares e especialistas à altura, os recursos financeiros gastos com a evacuação de doentes seriam canalizados para outros projectos essenciais para o bem-estar social da população.
“Por exemplo, a evacuação de um paciente para tratamento médico em ortopedia custa, em média, cerca de 15 mil euros em alguns países europeus, daí a necessidade de criamos condições a nível interno para se inverter o quadro que considero bastante preocupante”, precisou. Mas ainda assim, a ministra da Saúde está optimista quanto ao futuro, justificando que estão a ser implementadas novas medidas que passam pelo reforço de construção de mais hospitais devidamente apetrechados com equipamentos modernos e a admissão de quadros altamente qualificados.
Para se atingir tal propósito, disse que o Ministério da Saúde tem igualmente em carteira, desde 2018, a admissão de novos quadros e a capacitação contínua dos médicos e técnicos, com formação especializada, no âmbito da estratégia nacional, para que os mesmos estejam à altura da nova realidade que o país vive.
Sílvia Lutucuta realçou que, apesar da falta de técnicos especialistas ser um dos graves problemas que o sector enfrenta a nível nacional, é necessário que, a partir de agora, haja um maior esforço na formação e recrutamento de médicos especializados.
“Temos de ter médicos de medicina familiar, pediatras, ginecologistas e obstetrícia, saúde pública, medicina interna, anestesia, medicina dentária, oftalmologia, entre outras áreas que devem reforçar todos os hospitais provinciais e municipais, para se descentralizar os serviços de saúde”, defendeu.
A governante garantiu que o país terá especialistas necessários em todas as unidades sanitárias. Lembrou que o Executivo está a estudar alguns critérios de negociação para a criação de parcerias médicas com os países vizinhos, como a Namíbia, Zâmbia e África do Sul, bem como asiáticos, sobretudo a Índia, para que Angola possa, num futuro muito breve, reduzir consideravelmente a evacuação de doentes para o exterior.
Segundo a ministra, não é justo que os municípios limítrofes, como Cuvelai e Namacunde (província do Cunene), Calai, Cuangar, Dirico e Rivungo (Cuando Cubango) e outros que fazem fronteira com a Namíbia, Zâmbia e a República Democrática do Congo não tenham unidades hospitalares de referência, para prestarem uma melhor assistência médica e medicamentosa à população, de modo a evitar que esta procure estes serviços fora do país. No município do Cuíto Cuanavale, a ministra da Saúde constatou com desagrado as obras de construção do hospital municipal, iniciadas em 2006 e que já foram pagas a 97 por cento. A empreitada está apenas a 60 por cento de execução física e encontra-se abandonada há mais de seis anos.
Face ao incumprimento, Sílvia Lutucuta prometeu responsabilizar judicialmente os responsáveis da empresa a quem foi adjudicada a referida empreitada, para que possa concluir o trabalho, incluindo também o apetrechamento.
“A nível do nosso sector, estamos a trabalhar no sentido de responsabilizar judicialmente os empreiteiros, uma vez que este município histórico merece muito mais pelo facto de ser aqui onde se travaram as batalhas mais sangrentas da África Subsaariana e que mudou a história do nosso continente”, disse
Ainda no Cuíto Cuanavale a ministra da Saúde visitou o centro de saúde localizado na sede municipal que, diariamente, atende mais de 100 pacientes com diversas patolo-