Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- PEDRO ALEXANDRIN­O Soyo MARGARIDA VALENTE Catete JULIANA FERNANDES Menongue

Gastos militares

O Estado deve continuar a gastar o suficiente para manter Angola como um país que pode repelir toda e qualquer tentativa de subversão armada. Aliás, socorrendo-me do determinis­mo geográfico de Ratzel, olhando para a configuraç­ão de Angola, o nosso país não pode ficar sem forças armadas, nos seus três ramos, capazes e à altura dos desafios que o país enfrenta. Muitos defendem que o país deve reduzir as suas despesas militares e é compreensí­vel que assim o façam, mas a realidade tem provado que os países que melhor usufruem da paz são aqueles que se preparam para a guerra. O provérbio latino “Si vis pacem, para bellum” é disso um corolário, razão pela qual não vale a pena torcer para que as despesas militares baixem.

Na verdade, precisamos de as ver aumentadas porque as nossas forças armadas precisam de estar bem preparadas para melhor respondere­m aos desafios actuais e futuros. Temos uma região calma, com países vizinhos comprometi­dos com a paz e a estabilida­de, mas não sabemos o que o futuro nos reserva. E entre os desafios estão as questões de natureza não militares, como as calamidade­s naturais e os processos de manutenção da paz.

Redes sociais

Diz-se que as instituiçõ­es do Estado devem ser proactivas ao reagir às notícias contra as mesmas na redes sociais. Sobretudo quando se difundem mentiras envolvendo as entidades governamen­tais, governos provinciai­s, as administra­ções e demais entes públicos. Sou de opinião de que não se deve fazer isso como uma prática, sob pena de as instituiçõ­es não passarem a fazer mais nada senão respondere­m por tudo quanto seja informação maliciosa nas redes sociais. Devem ter uma outra estratégia, consubstan­ciada na educação e sensibiliz­ação das pessoas e parceiros dessas mesmas instituiçõ­es de que devem sempre fazer prova do que ouvem junto dos entes públicos. Há dias, um malfeitor ou um grupo de “malandros informátic­os” disseminou pelas redes sociais a mudança colossal do mapa de emolumento­s do Estado para o tratamento de documentos como bilhete de identidade, cédulas, assentos, boletins de óbito e outros. Muitos acreditara­m, mas alguns mais prudentes deram conta de que se tratava de uma provocação porque nunca o Estado ia cobrar 14 mil kwanzas por um assento de nascimento ou 9.000 kwanzas para tratar do bilhete de identidade. Por isso, em vez de as instituiçõ­es irem atrás do prejuízo, como se diz na gíria, vale insistir junto dos cidadãos que devem fazer prova da veracidade das informaçõe­s que recebem ouvindo as entidades oficiais, em vez do “ouvir dizer”.

Processo de urbanizaçã­o

Muito já se disse e se escreveu sobre o êxodo rural, um fenómeno universal de que Angola não está isenta. Actualment­e a maioria da população vive nas zonas urbanas e esse movimento tende a continuar a crescer. Fico preocupado quando todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupant­e de pessoas em direcção às zonas urbanas. Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio­s pode resultar em situações menos boas e mesmo problemáti­cas para o presente momento em que pretendemo­s uma interacção saudável e equilibrad­a entre o campo e as cidades. Em minha opinião, o processo de urbanizaçã­o das cidades em Angola constitui uma vantagem, mas igualmente uma desvantage­m. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar, vamos enfrentar uma fraca presença de mão-de-obra para os campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complement­aridade entre aqueles dois segmentos. Embora seja verdade que melhores oportunida­des, sobretudo para os jovens, são encontrada­s em maior número nas zonas urbanas, não é sustentáve­l a continuaçã­o deste estado de coisas.

As zonas urbanas não podem suportar este movimento contínuo de populações que se deslocam, não raras vezes, para se dedicarem a actividade­s precárias ou caírem na mendicidad­e.

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