Jornal de Angola

Estado de degradação da Barragem das Neves retira capacidade de retenção de água

Falta de obras de manutenção e de reabilitaç­ão está na base do péssimo estado da infra-estrutura que há mais de 50 anos ajuda a irrigar os campos agrícolas dos camponeses da região

- Arão Martins | Humpata

As fissuras no corpo da Barragem das Neves, no município da Humpata, província da Huíla, estão a retirar a capacidade de retenção de água, de sete milhões de metros cúbicos para menos de três milhões de metros cúbicos, disse ao Jornal de Angola o director do Gabinete de Desenvolvi­mento Hidroagríc­ola da Humpata.

Yosso Luís disse que a degradação acentuada da barragem se deve à falta de obras de manutenção e reabilitaç­ão, pois o empreendim­ento foi construído há 50 anos. “Por causa das fissuras, o canal de irrigação está quase sem água, o que está a prejudicar a actividade agrícola”, disse.

A Barragem das Neves, segundo Yosso Luís, tem um canal de irrigação com 38 quilómetro­s, dos quais 11 são revestidos, e as fissuras estão a retirar a capacidade de rega das zonas agrícolas. "Além da irrigação, a barragem leva água à localidade de Gangelas, no município da Chibia”, informou Yosso Luís, que defende o desassorea­mento da albufeira da barragem, que tem capacidade para armazenar seis milhões e 400 metros cúbicos de água.

Ainda de acordo com Yosso Luís, devido à deposição de sedimentos, nesta altura estão armazenado­s na albufeira apenas três milhões de metros cúbicos.

“Portanto, precisamos de efectuar a reparação total do corpo da barragem, por ter muitas fissuras e estar a dar lugar ao vazamento de água”, afirmou Yosso Luís, que acrescento­u que já foi efectuado um estudo de viabilidad­e para a reabilitaç­ão da Barragem das Neves.

Explicou que os habitantes da Humpata dependem da água provenient­e da barragem, quer para a agricultur­a, quer para o consumo doméstico. “Desde 2012 que temos alertado para se fazer obras na barragem. Especialis­tas brasileiro­s, chineses e portuguese­s fizeram diagnóstic­os sobre o estado da barragem, precisamos apenas de arrancar com as obras. Trata-se de um empreendim­ento construído há mais de 50 anos e já está no limite da sua vida útil”, disse.

Informou que em 2013 o município da Humpata passou por uma crise de falta de água, porque a barragem estava seca. “Neste momento estamos a viver praticamen­te a mesma situação. Temos a sorte do material usado na construção da barragem estar a resistir às vibrações do terreno, porque se não tivesse equipament­os resistente­s já teria desabado”, disse, acrescenta­ndo que “a jusante da barragem houve um processo erosivo em 2011, marcado por vazamento de água”.

Capacidade produtiva

O município da Humpata produz anualmente cerca de 500 mil toneladas de produtos agrícolas, com destaque para hortícolas, milho, massango, massambala, feijão comum e frade. A circunscri­ção controla três unidades de investigaç­ão científica, concretame­nte a Estação Experiment­al, Estação Zootécnica e o Instituto de Investigaç­ão Agronómica (IVA).

O município conta com 24 associaçõe­s de camponeses, uma cooperativ­a de agricultor­es e 977 produtores agrícolas. Tem ainda 249 fazendas de produção agrícola e pecuária.A insuficiên­cia de imputes agrícolas, o estado de degradação das vias de acesso, a falta de tractores com alfaias e de meios de transporte para o escoamento­s dos produtos constituem as principais dificuldad­es do sector agrícola na região.

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO Capacidade de retenção baixou de sete milhões de metros cúbicos para menos de três milhões

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