Jornal de Angola

Raiva no Cuando Cubango provoca vítimas mortais

Serviços Veterinári­os dizem existir poucas condições materiais e logísticas para a realização de mais campanhas de vacinação

- Lourenço Bule | Menongue

Pelo menos duas pessoas morreram de raiva, das 134 que foram mordidas por animais de estimação (cães, gatos e macacos), durante o ano de 2018, no município de Menongue, província do Cuando Cubango, informou o chefe do programa municipal de vigilância epidemioló­gica.

Em entrevista ao Jornal de Angola, Manuel Cassanga salientou que na cidade de Menongue e bairros periférico­s existem muitos animais vadios, com realce para cães e gatos, sendo frequentes os casos de mordeduras.

Manuel Cassanga disse que os números de mortes por raiva são ínfimos, pelo facto de as pessoas que são mordidas receberem de imediato tratamento na Direcção Municipal de Saúde Pública.

As vítimas de mordeduras de animais vadios, segundo Manuel Cassanga, são maioritari­amente crianças menores de dez anos. O centro da cidade de Menongue e os bairros Tomás, Pandera e 4 de Fevereiro, acrescento­u, são os locais onde se regista a maior parte dos casos.

Manuel Cassanga explicou que desde Janeiro foram registados na cidade de Menongue 86 casos de pessoas atacadas por cães vadios, sem registo de vítimas mortais.

De acordo com Manuel Cassanga, a vacina contra a raiva é uma medida eficaz, vantajosa e económica para a prevenção da enfermidad­e, pois o tratamento da pessoa mordida por um animal doente é muito caro e complicado. Segundo Manuel Cassanga, em Menongue existem muitos animais vadios a deambular pelas ruas e não existe um canilgatil para albergá-los e mitigar os perigos que representa­m.

Manuel Cassanga disse que a raiva é uma doença infecciosa aguda que ataca o sistema nervoso central do homem, sendo os cães, macacos e gatos os principais transmisso­res, razão pela qual os proprietár­ios dos animais se devem dirigir aos serviços de veterinári­a para os vacinar.

Acrescento­u que a falta de entrosamen­to entre os serviços de saúde e veterinári­a, na cidade de Menongue, tem dificultad­o o controlo de casos de mordeduras de animais vadios e ramificaçã­o da raiva na região. "Muitas pessoas não procuram as unidades sanitárias públicas quando são mordidas por animais vadios e os postos e centros médicos não reportam os casos registados aos órgãos de direito."

Falta de vacinas

O coordenado­r municipal de Menongue do Programa Alargado de Vacinação (PAV), Severino Tutuvala, disse que o sector que dirige tem disponívei­s 25 doses de vacinas anti-rábicas humanas, número bastante ínfimo para suprir a procura.

Severino Tutuvala disse que as 25 doses de vacina anti-rábica humana servem para aplicar em apenas cinco pessoas, visto que cada pessoa mordida por animais raivosos tem de receber cinco doses, para estar completame­nte curada.

“Nós avaliamos caso a caso,a muitos populares mordidos por animais vadios são aplicadas apenas três a duas doses e aconselham­os a procurarem vacinas em algumas farmácias locais e/ou deslocarem-se a outras províncias, para continuare­m o tratamento”, disse.

O chefe do Departamen­to Provincial do Instituto dos Serviços de Veterinári­a, Benedito Isaac, disse que, durante o ano de 2018, foram vacinados 2.315 animais de estimação, nos municípios de Menongue e Cuangar.

Benedito Isaac acrescento­u que, por falta de técnicos e equipament­os para a conservaçã­o das vacinas, não foi possível vacinar animais nos restantes municípios do Cuando Cubango, situação que tem criado inúmeros transtorno­s aos criadores de animais de estimação.

Benedito Isaac frisou que apenas cinco mil doses de vacina contra a raiva foram disponibil­izadas para a campanha de vacinação de animais de estimação em 2018.

O Departamen­to Provincial do Instituto dos Serviços de Veterinári­a, acrescento­u, tem apenas 16 técnicos veterinári­os e uma viatura para atender todas as preocupaçõ­es dos criadores de animais domésticos e de gado dos nove municípios do Cuando Cubango.

“O Ministério da Agricultur­a fornece-nos apenas as vacinas. Para a realização de campanhas de vacinação é necessário o apoio do governo local, no que respeita a viaturas e logística, para a deslocação dos técnicos às zonas mais longínquas da província do Cuando Cubango”, concluiu Benedito Isaac.

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CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO Criadores de animais de estimação são aconselhad­os a levá-los aos postos de vacinação

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