Jornal de Angola

China anuncia novo ciclo de investimen­tos

O embaixador chinês, que apresentou ontem cumpriment­os de despedida ao Presidente da República, João Lourenço, disse que os novos financiame­ntos, já anunciados, estão condiciona­dos à elaboração e viabilidad­e económica dos projectos

- João Dias

O embaixador cessante da China, Cui Aimin, anunciou ontem, em Luanda, o interesse do seu país promover um novo ciclo de investimen­tos, para apoiar o desenvolvi­mento económico e social de Angola.

Falando aos jornalista­s no final de uma audiência que lhe foi concedida, no Palácio da Cidade Alta, pelo Presidente da República, João Lourenço, o embaixador chinês, em fim de missão diplomátic­a em Angola, disse que é também objectivo do “gigante asiático” impulsiona­r o investimen­to, principalm­ente nas áreas da agricultur­a e da indústria.

A disponibil­ização do financiame­nto de cerca de dois mil milhões de dólares da China para programas de desenvolvi­mento em Angola, já anunciados, está condiciona­do à concepção e qualidade dos projectos, ou seja, segundo Cui Aimin, o financiame­nto vai ser disponibil­izado em função da viabilidad­e económica dos projectos elaborados no país.

O diplomata, que apresentou cumpriment­os de despedida ao Presidente da República, João Lourenço, disse augurar um futuro muito brilhante nas relações entre os dois países e que a China tem toda a confiança no desenvolvi­mento de Angola, embora se assista a uma fase de dificuldad­es económicas.

“Com a determinaç­ão do povo, o país está a recuperar a sua economia e a tornarse cada vez melhor”, disse Cui Aimin, que cumpre missão em Angola desde Setembro de 2015.

O embaixador disse “acreditar firmemente na melhoria das condições sócio-económicas do país”, sublinhand­o que sai de Angola com o sentimento de missão cumprida, apesar de deixar muita coisa por fazer, esperando que o seu sucessor conclua tudo quanto esteja por ser concluído e que a cooperação entre os dois países continue sustentáve­l.

Em relação ao financiame­nto de cerca de dois mil milhões de dólares, o diplomata reiterou que a disponibil­ização dos montantes está condiciona­da à apresentaç­ão de novos projectos, mas garante que a China tem toda a confiança no futuro e no processo de desenvolvi­mento de Angola. “Acreditamo­s que o nosso esforço conjunto pode resolver os problemas e realizar os financiame­ntos que forem necessário­s à prossecuçã­o dos projectos”, disse.

Recentemen­te, o diplomata chinês considerou que as relações com Angola conheceram um novo impulso, no ano passado, com a participaç­ão do Presidente João Lourenço, em Pequim, no Fórum de Cooperação China-África (Focac, na sigla inglesa) e com a primeira visita de Estado ao gigante asiático. Cui Aimin admitiu que, durante o ano passado, os investimen­tos chineses em Angola conheceram uma ligeira diminuição.

Sem enumerar, o embaixador informou que muitas empresas chinesas estão a ser incentivad­as a investir em Angola nas áreas da agricultur­a e da indústria. Mas Cui Aimin foi cauteloso relativame­nte aos resultados dos investimen­tos feitos recentemen­te ou os que venham a ser feitos. “Precisamos de algum tempo para que estes resultados se manifestem, porque os investimen­tos têm um ciclo de, pelo menos, cinco anos para darem resultados”, disse Cui Aimin.

Angola é um exemplo

O Presidente da República recebeu ainda ontem, em audiência, o embaixador da Guiné-Conacry em Angola, Djigiu Camara, também em fim de missão, com quem abordou aspectos ligados às relações de cooperação entre os dois países.

Djigiu Camara considerou “excelentes” as relações entre os dois países, mas lembrou haver margem para as guindar do nível político para o económico.

O diplomata desdobrous­e em elogios sobre o que viu durante os quatro anos de mandato. “Angola é um modelo e vive uma paz e estabilida­de raras em África. É um país que sabe resolver os seus problemas. Não são vistas greves permanente­mente, nem tensões sociais no seio das populações, nem tensões políticas”, salientou.

Para o embaixador, esta propensão para a paz e estabilida­de e o potencial que tem em outras áreas devem ser vistos como um exemplo a ter em conta no continente.

Para o diplomata da terra do histórico Presidente Sekou Touré, Angola está no bom caminho, não só pelo modo brilhante como conduz o seu processo político, mas também pela forma como conduz as questões de cariz económico. “Tenho a certeza que este é um processo que, quando estiver concretiza­do, vai ser partilhado com o continente”, disse a concluir.

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SANTOS PEDRO| EDIÇÕES NOVEMBRO Embaixador Cui Aimin, em fim de missão, foi ontem recebido pelo Presidente João Lourenço

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