Desafios da concentração populacional
A concentração populacional nas grandes cidades e arredores é sempre geradora de desafios monumentais na contenção de práticas e comportamentos negativos e na garantia de um policiamento que iniba por completo a criminalidade.
A pressão demográfica sobre algumas cidades angolanas é uma realidade que obriga a engenharias por parte das entidades com poder de decisão para minimizar grande parte dos seus efeitos prejudiciais para os seres humanos. Mas não nos devemos assustar com a aparente onda de criminalidade que, eventualmente, também mais como fruto da mediatização do que de um suposto crescimento, volta e meia tende a ocorrer.
É verdade que devemos todos, enquanto sociedade, fazer mais para resolvermos os nossos problemas, mas fundamentalmente os saber prevenir. Esse desafio, o da prevenção de práticas e comportamentos que atentam contra a ordem, tranquilidade e segurança das famílias e de toda a sociedade, estende-se para além do que as entidades investidas de poder podem fazer.
As famílias, as escolas públicas e privadas, as igrejas e as associações de todo o país devem mobilizar-se para que as práticas e procedimentos negativos não estejam presentes na vida dos angolanos. Se cada um daqueles segmentos fizer o seu papel, em plena coordenação e concertação com os outros, não há dúvida de que a margem de desvio social por parte de crianças e adolescentes diminui. É recomendável que as famílias encarem as escolas não como “depósito” dos seus rebentos, mas como locais em que a relação triangular professor-aluno-encarregado de educação deve funcionar para o sucesso do ensino. As igrejas e as associações cívicas devem ter como propósito principal a melhoria da condição humana, mais do que procurar os objectivos ligados ao sermão e à solidariedade.
Não seremos capazes de eliminar por completo as más práticas, nem esperamos que assim ocorra, a julgar pela herança de Adão tendencialmente pecaminosa, mas vai ser positivo inverter o quadro em que as mesmas se apresentem como paradigmas.
Hoje, é surpreendente a forma como determinadas práticas quase se tornaram paradigmáticas ao ponto dos contravalores assumirem-se como valores para determinada franja da população. É preocupante ver crianças e adolescentes fazerem do consumo do álcool e tabaco um meio de auto-afirmação, como “passaporte” para a vida adulta. Daí para a prática de crimes, como mostra a experiência, constitui apenas um passo, razão pela qual urge redobrar o acompanhamento que as famílias fazem aos seus tutelados. Façamos da concentração populacional um meio por via do qual a sociedade avança.