Líder da oposição regressa para ajudar a aplicar acordo
Um dos principais líderes da oposição no Sudão do Sul, Lam Akol, regressou ao país para ajudar na aplicação prática do acordo de paz recentemente assinado enquanto as Nações Unidas apelam para a libertação imediata dos prisioneiros civis que ainda se encontram detidos, numa altura em que ainda se registam alguns confrontos esporádicos entre as forças do Governo e alguns rebeldes que teimam em não entregar as armas
um dos principais líderes da oposição no Sudão do Sul, já se encontra na cidade de Juba, capital do país, para ajudar na aplicação do acordo de paz recentemente assinado entre as diversas partes que estiveram envolvidas no conflito.
Akol, que tem contestado a actuação do Presidente Salva Kiir, estava fora do país há mais de dois anos tendo agora justificado o regresso com a necessidade de concluir o acordo de que foi um dos subscritores no final do ano passado.
Antigo ministro da Agricultura e da Segurança Alimentar no Governo de Unidade Nacional criado em Abril de 2016, Lam Akol participou nas eleições presidenciais desse ano tendo sido derrotado por Salva Kiir e obrigado a fugir do país, após confrontos entre forças de segurança sul-sudanesas e elementos rebeldes.
O Sudão do Sul foi palco de uma sangrenta guerra civil que se iniciou em finais de 2013, um conflito que provocou quase 400 mil mortos e obrigou mais de quatro milhões de pessoas a fugirem das suas zonas de residência.
Já depois da assinatura formal deste mais recente acordo de paz, mais de 100 mulheres e meninas, que viajavam a pé, foram violadas e espancadas por homens, segundo revela a missão de observação das Nações Unidas neste país africano (UNMISS). De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), citada no relatório, algumas das vítimas teriam menos de dez anos e outras mais de 65. Mulheres grávidas também teriam sido estupradas, afirmou a ONG humanitária.
ONU exige libertação de civis
A Organização das Nações Unidas emitiu um comunicado onde exige a libertação imediata de jovens civis que ainda estão em poder de forças rebeldes.
Face à nova situação, que resulta da existência de um acordo de paz, Michelle Bachelet pediu que esses civis sejam imediatamente libertados, em especial as jovens raparigas, algumas delas com menos de 12 anos.
Essas detenções foram efectuadas no final do ano passado, numa altura em que já vigorava um cessarfogo que foi ignorado por alguns grupos rebeldes.
As Nações Unidas pedem também ao Governo para responsabilizar os autores dos crimes e das violações detalhadas no relatório que lhe foi enviado.
O representante especial do Secretário-Geral da ONU e director da MINUSS, David Shearer, pede que o recente acordo de paz seja respeitado e que os prisioneiros civis sejam libertados imediatamente, até como prova do seu compromisso com a paz.
O Presidente Salva Kiir, entretanto, decidiu libertar um grupo de cinco prisioneiros políticos, respondendo assim ao apelo que lhe foi feito pelo ex-primeiro VicePresidente Riek Machar para que fossem soltos os principais membros da sua organização, o Movimento de Libertação do Sudão, muitos dos quais haviam sido condenados à morte. Nos termos do recente acordo de paz, Riek Machar deve ser reconduzido durante um período de oito meses, prazo que foi acordado para a realização de eleições gerais.
Riek Machar e o Presidente sul-sudanês, Salva Kiir, enfrentam-se desde 2013, quando este último acusou o então primeiro Vice-Presidente de planear um golpe de Estado visando o seu assassinato para usurpar o poder.
Ainda ontem, em Genebra, o porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) anunciou que pelo menos cinco mil pessoas fugiram recentemente à recrudescência da violência no Sudão do Sul e atravessaram a fronteira em direcção à RDC.
Babar Balock disse que fugindo dos combates e da violência contra os civis, cerca de cinco mil pessoas chegaram às aldeias fronteiriças perto da cidade de Ingbokolo, na província de Ituri, no nordeste da RDC.
Os civis fogem dos confrontos que opõem, há quase um mês, o Exército e um dos grupos rebeldes, denominado Frente Nacional de Salvação, na Equatória-central, uma região no sul do Sudão do Sul, fronteiriça com a RDC e com o Uganda. De referir que este grupo não assinou o recente acordo de paz.